A convenção do Partido Republicano começa esta segunda-feira, 15 de julho, na cidade de Milwaukee, no estado do Wisconsin. O evento que reúne representantes e militantes do partido servirá para confirmar Donald Trump como candidato às presidenciais de 5 de novembro e também para anunciar quem será o nome indicado para a vice-presidência.

E tudo seria normal e expectável no calendário político dos Estados Unidos não fosse a convenção acontecer 48 horas depois de Trump ter sido alvo de uma tentativa de assassinato. O ex-presidente norte-americano, que sofreu apenas ferimentos numa orelha, foi alvejado por Thomas Matthew Crooks, jovem de 20 anos sobre o qual já é possível traçar um perfil.

Recorde o momento dos disparos

Crooks, natural do estado da Pensilvânia, tinha 20 anos. Foi abatido por um sniper dos serviços secretos segundos depois de ter disparado sobre a multidão num comício no passado sábado, 13 de julho. Os disparos feriram duas pessoas, que se encontram hospitalizadas em estado crítico. Corey Comperatore, de 50 anos, foi a única vítima mortal deste atentado. O bombeiro, pai de duas raparigas, foi atingido quando protegia a família das balas. Os outros dois homens, David Dutch, de 57 anos, e James Copenhaver, de 74, continuam internados

De acordo com a ABC News, a arma usada, um fuzil AR-15, foi comprada em 2013 de forma legal pelo pai do jovem. No carro de Thomas foram ainda encontrados dispositivos suspeitos, que se creem ser explosivos. A identidade do atirador foi revelada no domingo pelo FBI, que está agora a iniciar uma investigação sobre os motivos que levaram a que o jovem natural de Bethel Park tivesse cometido este acto. O FBI excluiu, de momento, ligações do suspeito a grupos terroristas estrangeiros e adianta também que Thomas não estava debaixo do radar das autoridades.

Não se sabe se Crooks planeou o ataque sozinho, se estava inserido em algum grupo. Sabe-se que estava registado para votar como republicano mas que, aos 18 anos, fez uma pequena doação monetária para um grupo progressista, associado ao partido democrata.

De acordo ainda com o FBI, citado pela ABC News, Crooks não tinha qualquer historial de doença mental e a família está a colaborar com as autoridades. O seu passado, atividades diárias, mensagens escritas e posts em redes sociais estão agora a ser analisados. A plataforma Discord também está a cooperar com o FBI e já adiantou que Crooks tinha uma conta "raramente usada" e que não foi encontrada qualquer prova de que esta tenha servido para planear o ataque. Esta plataforma, recorde-se, era frequentada por João, o jovem que, em 2022, planeou um ataque à Faculdade de Ciências em Lisboa.

Thomas Crooks terminou o liceu em 2022, e formou-se na área de engenharia e ciência na Community College de Allegheny County em maio de 2024. Trabalhava como assistente de nutricionista num lar de terceira idade. De acordo com a diretora do centro, Marcie Grimm, "fazia o seu trabalho sem qualquer acto digno de nota" e não tinha qualquer cadastro criminal quando foi contratado. De acordo com Jason Koehler, antigo colega de liceu, Thomas "estava sempre sozinho e era alvo de bullying".

"Ele estava sempre à margem. Almoçava sempre sozinho e os miúdos hoje em dia fazem desse tipo de pessoa um alvo porque acham que tem piada. Não sei se foi isso que provocou isto mas… nunca se sabe". Este jovem diz que Thomas era "alvo constante de bullying", devido às suas roupas - usava frequentemente roupa de caça na escola. Thomas terá feito provas para a equipa de tiro do liceu de Bethel Park. De acordo com o "New York Post", foi rejeitado.

Outra ex-colega de Crooks, em declarações à CBS News, apresenta outra versão. "Ele era bom miúdo, nunca tive uma má experiência que indicasse que ele fosse má pessoa". Ao mesmo canal, Jameson Myers diz que Crooks "nunca falava mal de ninguém". "Nunca pensei que ele fosse capaz de fazer uma coisa destas", disse o ex-colega do autor da tentativa de assassinato.

Outro colega, Mark Sigafoos, disse à CBS News que Crooks era inteligente, simpático e muito participativo nas aulas. "Ele era nerd, mas nunca causava a impressão de ser assustador ou de ter o perfil de assassino. Ele tinha o ar de quem não fazia mal a uma mosca."

Uma jovem que frequentou o liceu com Thomas disse ainda que este tinha um grupo de amigos "mais conservadores", alguns dos quais usavam bonés de apoiam a Donald Trump. "Havia alguma conversa sobre o facto de ele parecer um bocadinho diferente. Ele tinha uma onda um bocado retro nerd", disse a ex-colega à CNN. Os últimos dois anos de liceu de Crooks coincidiram com a pandemia, o que fez com que terminasse os estudos à distância. Os colegas não se recordam de o ver durante esse período. "Quando soube que tinha sido ele, fiquei chocada. Não conseguia acreditar que ele tinha feito algo tão arrojado, tendo em conta que era uma pessoa tão calada", disse a mesma ex-colega.