Tom Hanks, o prestigiado ator norte-americano de 66 anos, abordou recentemente o tema das alterações feitas em obras literárias clássicas tendo as "sensibilidades modernas" como mote. Durante uma entrevista à BBC Radio 4, o artista mostrou o seu desagrado em relação a este assunto, que tem sido cada vez mais debatido nos últimos tempos, e revelou que irá boicotar todos os livros que sigam esta prática.

Estas declarações surgem na sequência de um anúncio da editora Puffin, que afirmou que reescreverá os livros infantis de Roald Dahl, como "A Fantástica Fábrica de Chocolate", de forma a remover linguagem considerada ofensiva à luz dos dias de hoje. Esta atitude levantou uma discussão acesa sobre os temas da censura e liberdade criativa.

Hanks afirmou que é importante reconhecer que as obras literárias são produtos de uma era e um contexto específicos e que, inevitavelmente, terão conteúdos que podem ser considerados ofensivos de acordo com os padrões atuais. Ainda assim, não descura a importância da preservação dessas obras na sua forma original.

Palavras racistas são retiradas dos livros da saga James Bond. Há outras obras a serem reeditadas pelos mesmos motivos
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"Bem, sou da opinião de que somos todos adultos aqui. E todos entendemos o tempo e o lugar em que estes livros foram escritos. E não é muito difícil dizer: isto não soa muito bem agora, pois não?", explicou, em entrevista à BBC Radio 4, citado pela "NME".

“Não é difícil dizer: isto hoje não é aceitável. Há que ter fé nas nossas próprias sensibilidades, em vez de ter alguém a decidir aquilo que nos irá, ou não, ofender", continuou o artista, acrescentando que esta é uma iniciativa que poderá pôr em cheque uma oportunidade de aprender mais sobre o nosso passado e a nossa cultura. "Deixem-me decidir aquilo que me ofende e aquilo que não me ofende. Sou contra a leitura de qualquer livro, de qualquer era, que tenha sido truncado [de que se suprimiu uma parte por meio de um corteincompleto], conclui.

Ainda assim, as obras de Roald Dahl não serão as únicas a sofrer alterações. No cerne da polémica estão também os livros da saga James Bond, de Ian Flemming, que vão ser reeditados com o intuito de remover referências raciais, nomeadamente em torno da comunidade negra, no livro "Live and Let Die".