António Costa marcou presença no espaço de Miguel Sousa Tavares, no "Jornal das 8", da TVI, na segunda-feira, 9 de novembro. À semelhança do que aconteceu com outros órgãos de comunicação social, a conversa com o primeiro-ministro serviu para falar sobre a situação atual do país — tema em que se incluem o novo estado de emergência, as novas medidas restritivas de combate à COVID-19, a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os setores económicos mais afetados.
Nesta conversa, António Costa refere o estado crítico da área da restauração, altamente afetada do ponto de vista económico pela pandemia. Para colmatar a situação, e sem muitos detalhes, revelou medidas que incluem 1550 milhões de euros, grande parte a fundo perdido, destinados a micro e pequenas empresas, muitas delas da restauração.
"Vamos agora anunciar esta semana um pacote específico para apoiar as empresas da restauração relativamente ao que vão perder de receita nos próximos dois fins de semana", anunciou o António Costa.
Segundo o líder do executivo, através da plataforma E-Fatura, no Portal das Finanças, é possível perceber a receita de cada restaurante, referente ao último ano ou último fim de semana. "Portanto, podemos saber qual é a receita que cada um tem e que teoricamente vai perder. Vamos fazer a média (pode ser a média do ano, pode ser só o mês de outubro), mas não está fixado o critério."
António Costa falou sobre os dias de maior faturação dos restaurantes, que variam consoante o tipo de zona em que se inserem. "Há restaurantes que faturam sobretudo ao fim de semana e há outros restaurantes que até fecham ao fim de semana, sobretudo nas zonas mais de serviços." Além disso, revelou que o executivo tem já estimado os "custos fixos que essas empresas têm."
"Sabemos, também, entre essas que têm custos fixos, aquelas que estão já a ser apoiadas pelas medidas do 'lay-off'. Quanto às outras podemos estabelecer um apoio específico para mitigar os prejuízos destes dois fins de semana."
O primeiro-ministro distinguiu as particularidades da restauração face à hotelaria ou lojas de roupa, uma vez que "é absoluta" a perda por encerramento. Por isso, garantiu, vai falar com associações de restauração ao longo desta semana.
A evolução da pandemia e os cuidados intensivos
António Costa falou em controlo para evitar a rutura dos serviços de Cuidados Intensivos: "Se conseguirmos controlar a situação, como temos neste momento — onde praticamente ainda temos uma capacidade de metade das camas de cuidados intensivos alocadas a COVID-19 —, se conseguirmos controlar a pandemia agora, vamos conseguir viver sem dramas de rutura".
Negando preconceito ideológico em relação às contratualizações com os setores privado e social, Costa revelou que, em relação à resposta do Serviço Nacional de Saúde, estão disponíveis, sem ser necessária a descontinuidade de outra atividade médica, 704 camas para cuidados intensivos, estando 433 ocupadas. No limite, este número poderá chegar a 944, o que já vai perturbar as outras atividades médicas.
"Temos em execução um conjunto de obras em vários hospitais (casos de Évora, Amadora/Sintra e Gaia) para aumentar a capacidade. Quando começou a pandemia, Portugal era o país da União Europeia com o menor número de camas de cuidados intensivos por cem mil habitantes. Chegaremos a março de 2021, um ano depois da pandemia, tendo passado do último lugar, para a média da União Europeia."
Apesar de tudo, quando questionado sobre a gravidade desta segunda vaga, António Costa, servindo-se de gráficos, mostrou que o país está hoje "numa situação bastante mais grave do ponto de vista da pandemia daquela que estávamos no início do primeiro estado de emergência”.
O número de pessoas internadas dobrou. “Estamos naquele momento em que conseguimos ainda ter capacidade de controlar. Hoje temos exatamente o dobro das pessoas internadas que tivemos no pior momento da primeira onda, mas ainda não entrámos em situação de rotura porque felizmente foi possível aumentar entretanto a capacidade de resposta e de acolhimento no SNS”.
Sobre a segunda vaga, António Costa revelou que ficou surpreendido por ter chegado tão cedo, acreditando que iria ocorrer apenas na passagem do outono para o inverno. Sobre o crescimento de casos na comunidade? Ficou muito surpreendido. “Se me pergunta se estou surpreendido com este crescimento tão significativo na comunidade do número de transmissões, eu estou muito surpreendido."
Fazendo referência à transmissão em contexto familiar, que faz "aumentar gigantescamente o processo de transmissão", porque "as pessoas sentem-se em segurança", Costa fala nas medidas de limitação da circulação aos fins de semana e durante a noite.
"Como não queremos ter a forma de controlar o que se passa em cada uma das casas, a forma que temos de quebrar estes movimentos é impedir a circulação", disse, considerando que o isolamento e protecção individual são a única maneira de controlar a pandemia. "Não é possível conter a pandemia sem perturbar as vidas das pessoas e da economia".