Portugal regista já 35.306 infetados e 1.492 mortos pelo novo coronavírus. São estes os novos dados avançados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) no boletim epidemiológico desta terça-feira, 9 de junho. Estes números representam um aumento de 421 infetados, enquanto as vítimas mortais registadas são mais sete do que as de ontem.
Os novos números surgem no mesmo dia em que a Organização Mundial de Saúde voltou atrás e disse que, afinal, casos de pessoas com a doença, mas sem sintomas, dificilmente transmitem o vírus. "Pelos dados que temos, parece ser raro alguém sem sintomas poder passar o vírus a outra pessoa. É muito raro“, escreveu a OMS, citada pela CNBC. Ainda assim, a observação carece de mais investigação.
Também esta terça-feira, um estudo de Harvard vem sugerir que a COVID-19 tenha atingido a China meses antes de os primeiros casos terem sido reportados: de acordo com a investigação, imagens de satélite mostram que houve um aumento no tráfego automóvel em cinco hospital de Wuhan (cidade em que foi detetado o primeiro caso oficial de vírus, em dezembro de 2019), já no final do verão e início do outono desse ano. “Algo estava a acontecer em Outubro", disse, citado pela "ABC News", John Brownstein, epidemiologista e professor desta universidade, envolvido na investigação.
Estes dados são atualizados um dia depois de os políticos, especialistas e parceiros sociais terem-se reunido no Infarmed, em Lisboa, para fazer a análise da evolução da curva epidémica da COVID-19 em Portugal.
Esta reunião foi uma iniciativa levada a cabo pelo primeiro-ministro António Costa, que junta também o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República e os líderes de todos os partidos com assento parlamentar na assembleia. O encontro serviu para aprofundadar "a análise dos dados relativos às primeiras duas fases do desconfinamento", segundo escreveu o jornal "Público", citando a agência Lusa. No balanço deste encontro, ficou claro que todos concordaram com a especial atenção que merece a zona de Lisboa e Vale do Tejo.
No mesmo dia, Marta Temido, ministra da Saúde, garantiu que a situação está controlada. "É muito provável que o número de casos em Lisboa e Vale do Tejo venha a crescer nos próximos dias", disse na conferência de imprensa de sábado, 6 de junho. No entanto, mesmo com o aumento de casos expectável na região nos próximos dias, a ministra afasta a adoção de "medidas mais restritivas" em Lisboa e Vale do Tejo.
De acordo com estas declarações, está, para já, de lado a ideia de implementar uma cerca sanitária ou impedir a circulação para fora do concelho nos próximos dias. Estas notícias surgem nas vésperas de uma semana com dois feriados, com muitos portugueses a marcar férias para esta altura. Marta Temido explicou que as autoridades não têm "ainda a perceção exata" da dimensão dos casos em Lisboa e Vale do Tejo, e assumiu que a situação provoca "algum estado de alerta".
Na sexta-feira passada, 5 de junho, e também devido ao aumento de casos na região, foi divulgado que os hospitais dos concelhos de Lisboa, Amadora, Sintra, Loures e Odivelas vão voltar a suspender cirurgias e consultas não urgentes, uma medida que já tinha sido imposta pelo governo em março deste ano.