Depois de 2021 ter começado de forma desastrosa, com Portugal a ser atingido por uma terceira vaga com registos de novos casos e óbitos por COVID-19 nunca antes vistos no País, e que obrigou o governo a declarar novo confinamento, os efeitos desta drástica medida estão a começar a ser notados. Os números estão a descer, os internamentos causados pelo coronavírus também, e com a campanha de vacinação a decorrer, há quem já comece a pensar no desconfinamento — mas os especialistas pedem calma.

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Luís Pinheiro, diretor clínico do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, defende que o próximo desconfinamento deve ser feito por fases, com cautela, para que a situação não se volte a descontrolar, salientando que ainda há muito a descobrir sobre o potencial de crescimento das novas variantes do coronavírus, explicou o especialista à Agência Lusa, como escreve o "Observador".

"O vírus continua a existir, inclusive com variantes que ainda não conhecemos bem qual a sua repercussão e o seu potencial de crescimento", afirmou Luís Pinheiro. "Há um conjunto de variáveis que implica que se tenha cautela, muita parcimónia e pouca precipitação", disse o especialista, que salienta que, "tal como agora estamos a assistir a uma descida muito significativa dos casos", se se reverter demasiado depressa as medidas atuais, "também irão voltar a subir com a mesma velocidade (...) isso é algo que nenhum de nós quer".

O médico do hospital lisboeta destacou a tendência dos últimos dias, em que existiu uma "estabilização na pressão de internamento, nomeadamente na enfermaria, também traduzível por uma menor necessidade de afluxo à urgência", mas deixou um alerta. "Não esperamos que essa mesma estabilização ou diminuição da pressão se manifeste já em termos de UCI [Unidades de Cuidados Intensivos]", afirmou Luís Pinheiro, explicando que tal tem que ver com a evolução natural da doença.

"Classicamente, começam a controlar-se o número de casos, a seguir é que começa a haver estabilização nas necessidades de internamento e, no último momento, será de esperar (…) que comece também a haver uma diminuição do número de óbitos", escreve o "Observador", citando a Agência Lusa.