No norte do País, mais concretamente no Hospital de Penafiel, o aumento de doentes internados com COVID-19 está a causar um cenário caótico nesta unidade de saúde. Os profissionais são obrigados a turnos extras e a um ritmo de trabalho intenso.
"Somos 13 enfermeiros de dia e nove ou 10 de noite, com dezenas de internados e 600 episódios de urgência diários. Como é possível atender a tudo? Por muitos turnos extra que façamos, muitas horas a mais que demos, é impossível. Não somos heróis, nem robôs, nem uma fábrica. Somos pessoas e precisamos de ajuda", salientou Patrícia Marques, enfermeira do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel, em entrevista à CMTV.
Esta quarta-feira, 4 de novembro, a unidade de saúde tinha 218 doentes internados com COVID-19, sendo que dez estão nos cuidados intensivos. A agravar à situação, mais de 100 profissionais do centro hospitalar encontram-se infetados ou em isolamento.
"Eu fiz, sozinha, em 12 horas e meia de trabalho, 187 colheitas. Três minutos para cada doente. Digam-me como é possível saber do que cada doente precisa, desta forma. Isto não é ser enfermeiro", afirmou a enfermeira ao canal do grupo Cofina. "Muitas vezes, pensamos no que seria termos os nossos familiares ali no hospital", acrescenta a profissional de saúde, que se encontra isolada depois de ter testado positivo ao novo coronavírus, teste que fez após começar a sentir febre. "Não conseguimos fazer mais do que fazemos e a frustração, a tristeza, é muito grande. Custa ver os colegas com quem já ri, trabalhei e dei a camisola dizerem-me que já não aguentam mais."
Esta segunda-feira, 2 de novembro, o presidente da administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa já avançou com um pedido de médicos à administração Regional de Saúde do Norte, referindo a existência de 30 profissionais internados na urgência e alguns positivos na equipa — no entanto, ainda não existiu uma resposta ao pedido, salienta o "CM".