Scott Warren, do Arizona, foi preso por agentes de controlo das fronteiras, juntamente com dois homens, Kristian Perez-Villanueva, de El Salvador, e Arnaldo Sacaria-Goday, da Honduras, que atravessaram a fronteira do México para os Estados Unidos, ilegalmente.
Warren, de 36 anos, que diz ter dado comida, água e abrigo aos imigrantes, pode enfrentar uma pena que vai até 20 anos de prisão caso seja condenado pelos três crimes de que foi acusado: transportar, abrigar e esconder homens que entraram ilegalmente no país.
De acordo com o "The Independent", Gregory Kuykendall, advogado de defesa de Scott Waren, garante que o cliente estava a trabalhar “direta e totalmente” dentro da lei, como membro de da associação voluntária No More Deaths, que tem como objetivo impedir a morte de imigrantes no estado do Arizona. De acordo com os dados da Pima County, já morreram mais de três mil imigrantes a tentar atravessar os desertos do sul Arizona, onde as temperaturas excedem os 46 graus no verão e descem para valores abaixo de zero no inverno.
O homem foi detido em janeiro de 2018, depois de as autoridades terem encontrado os dois imigrantes escondidos num prédio utilizado pelo grupo humanitário, em Ajo, no Arizona. No dia da sua detenção, a No More Deaths partilhou um vídeo onde se viam agentes de controlo da fronteira a destruírem um suprimento de água que esta associação humanitária havia deixado para os migrantes. Há quem alegue que a detenção foi uma retaliação ao post.
O americano foi preso na sequência do ex-procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, ter dado ordem para se dar prioridade a casos de acolhimento de pessoas que atravessam ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos. Desde que, em 2017, Donald Trump ocupou o lugar de presidente deste país que os casos de detenções por acolher, abrigar e esconder imigrantes têm aumentado, apontam dados da Syracuse University.
Nathaniel Walters, advogado assistente dos Estados Unidos, disse que este caso não se trata “de ajuda humanitária ou para com alguém em dificuldades médicas”, mas antes de uma tentativa de “proteger” dois homens da lei, durante vários dias. Ao tribunal, o advogado de defesa de Warren disse que o cliente estava a tentar “ajudar alguém que precisava de medicamentos ou alguém que precisava de comida, água, orientação, especialmente numa noite fria de inverno”, adiantando ainda que este acreditava agir dentro da lei.
Mas Walkers dá outra versão da história: de acordo com a acusação, os homens primeiro contactaram Irineo Mujica, ativista imigrante sediado em Phoenix, alegadamente conhecido de Scott Warren. De acordo com este advogado, terá sido este homem a transportar os dois homens até ao local onde depois foram acolhidos e encontrados pelas autoridades.
Kuykendall defendeu o cliente, garantindo que este estava em contacto com Mujica para organizar uma expedição em busca de imigrantes perdidos ou desaparecidos e coordenador a ajuda em abrigos no México.