A noite desta segunda-feira, 18 de julho, não foi fácil nos concelhos atingidos pelos incêndios. Um total de 738 operacionais e 256 viaturas estiveram a combater as chamas em Vila Pouca de Aguiar, Murça e Chaves, no distrito de Vila Real. O avançar do fogo em Murça obrigou à retirada de cerca de 300 populares das aldeias, segundo o presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, refere o "Jornal de Notícias", mas outros dois habitantes não sobreviveram.
Um casal com cerca de 70 anos que pegou no carro para fugir dos incêndios no concelho acabou por morrer no meio do fogo na tarde desta segunda-feira, 18, ao despistar-se. "O que sabemos é que foi um acidente rodoviário, portanto, um despiste seguido de capotamento. Neste momento, a GNR está no local a fazer a recolha e a apurar as circunstâncias factuais em que o acidente se deu", afirmou o comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), André Fernandes, citado pelo mesmo jornal.
O homem e a mulher, antigos emigrantes, moravam perto da aldeia de Penabeice, na freguesia de Jou, que foi dominada pelas chamas esta segunda-feira. Chega agora a três o número de mortos no âmbito dos incêndios desde 7 de julho, sendo a outra vítima um piloto que morreu na sexta-feira, 15, em Foz Côa, quando a aeronave que dirigia para combater o incêndio na região caiu.
Esta terça-feira, 19, as operações continuam e só o fogo na zona da Quinta do Zambito, junto da cidade da Guarda, está em fase de conclusão depois de ter sido dado como dominado às 23h45 desta segunda-feira. Em fase de resolução está ainda o incêndio no concelho do Fundão, e por dominar estão outros três. São eles os fogos nos concelhos de Vila Pouca de Aguiar, de Valpaços e em Bustelo, concelho de Chaves, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) à agência Lusa, citada pelo "JN".
O governo vai reavaliar esta terça-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndio rural e decidir se é prolongada (dado que as temperaturas vão subir esta terça-feira) ou se recua para situação de contingência, que esteve em vigor de 11 a 17 de julho.
Temperaturas altas, mas não por muito tempo
O risco de incêndio é elevado esta terça-feira em grande parte do País: cerca de 50 concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real, Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Santarém, Castelo Branco, Portalegre e Faro foram sinalizados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) devido ao perigo máximo de incêndio rural, segundo a RTP.
Apesar deste cenário, esta terça-feira, a partir das 9 horas, apenas o distrito de Faro está sob aviso amarelo devido às temperaturas altas, mas para esta quarta-feira o IPMA prevê que mais se juntem à lista.
Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Faro vão ter o aviso amarelo entre as 9 horas de quarta-feira e as 17 horas de quinta-feira, e entre as 9 horas de quinta-feira e as 6 horas de sexta-feira os distritos de Bragança e Guarda estarão num nível de alerta superior: alerta laranja.
Contudo, as temperaturas e risco elevado de incêndio pode vir a ser aliviado em Portugal, segundo o climatologista Carlos Pires à SIC.
"No caso de Portugal, estamos um bocadinho a salvo, especialmente na zona sul e litoral. Já não se passa o mesmo na zona da beira e Trás-os-Montes, que está a ser fortemente afetada pela vaga de calor da Europa. Portanto, a zona sul e centro vai nas próximas semanas ter uma anomalia fresca de temperatura, mas [o mesmo] já não se passa na zona norte e interior. Diria que estamos numa situação desigual em Portugal", refere.
Segundo o climatologista, a vaga de calor na Europa vai continuar em agosto e muito provavelmente em setembro, contudo, Portugal poderá ficar a salvo. “A vaga de calor deslocou-se mais para o meio da Europa, neste momento. Por isso é que a zona norte e de Trás-os-Montes está a ser bastante afetada por essa vaga de calor”, explica, acrescentando que houve uma relocalização da vaga.