Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, prometeu 15 mil profissionais para reforçar a assistência em lares durante a pandemia da COVID-19. Desses 15 mil, apenas oito mil foram contratados e a maioria dos profissionais que se encontra em falta são médicos e enfermeiros, avança o "Correio da Manhã".
Ao mesmo jornal, Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, afirma que "ainda não chegaram mais profissionais aos lares" e que a dificuldade em contratar enfermeiros deve-se principalmente às condições oferecidas. "É difícil atrair pessoas com um salário na ordem dos 900 euros ilíquidos, quando o SNS paga 1200”, esclarece Ana Rita Cavaco.
Tendo em conta a situação atual, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros sugeriu a equiparação da remuneração e a revisão da quantidade de profissionais de saúde que fica encarregue de cada doente. "A lei sugere que deve haver um enfermeiro por 40 utentes não doentes e um enfermeiro por cada 20 doentes. Isso é um absurdo, sobretudo se tivermos em conta que a maioria dos doentes e acamados precisam de cuidados de enfermagem 24 horas por dia", salienta a bastonária.
Também Roque da Cunha, presidente do Sindicato Independente dos Médicos, vê a situação dos lares com "pessimismo". "A grande maioria dos lares continua sem um médico a acompanhar. Os testes rápidos aceleram os diagnósticos e as decisões, mas não bastam para resolver os problemas de acompanhamento médico, tratamento da sintomatologia e a organização das instituições”, afirma.
O presidente do Sindicato Independente dos Médicos acrescenta ainda que o SNS está sobrecarregado, não podendo fazer o acompanhamento destes doentes e que a maioria das instituições não têm dinheiro para contratar médicos.
"Mil médicos foram deslocados para as áreas COVID-19 e outros 700 estão no Trace-Covid. Os médicos de família não conseguem acompanhar os seus doentes, os doentes dos colegas deslocados e ainda fazer o acompanhamento aos lares", salienta Roque da Cunha ao "Correio da Manhã". "Entre os 400 profissionais que em setembro integraram as brigadas de intervenção rápida, apenas 20 eram médicos contratados", remata o presidente do Sindicato Independente dos Médicos.