Após o aumento exponencial de casos de infeção nas últimas 24 horas, todos os hospitais de Lisboa deverão, "de imediato, escalar os seus planos de contingência para o nível máximo" e "garantir a alocação de meios humanos à área dos cuidados críticos" de forma a maximizar a capacidade de resposta nas unidades de cuidados intensivos. Foi esta a medida comunicada pela ministra da Saúde, Marta Temido, ao presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) por e-mail, a que o jornal "Expresso" teve acesso.
Com objetivo de garantir que os hospitais de Lisboa não esgotem a sua capacidade de resposta aos doentes infetados com a COVID-19, Marta Temido ordena a suspensão de toda "atividade assistencial programada não urgente que possa reverter em esforço de cuidados ao doente crítico". A decisão, escreve o mesmo jornal, surge no decorrer da reunião realizada esta terça-feira, 5, que contou com a presença da ARS e da comissão responsável por coordenar as transferências entre os vários hospitais.
No mesmo e-mail, Marta Temido diz ser essencial "garantir a resposta a uma procura [aos serviços de saúde] que se prevê crescente nos próximos dias".
"Os próximos dias vão ser muito difíceis e vão começar a refletir-se nas unidades de cuidados intensivos [UCI]. Neste momento, a taxa de ocupação em UCI na região de Lisboa é igual ou superior a 94%. E sabemos que taxas superiores a 80% não nos permitem dar resposta a todos os doentes", explica João Gouveia, presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, ao jornal "Expresso".
Nas últimas 24 horas, registou-se mais 91 mortes e 10.027 novos casos de infeção em Portugal naquele que é agora o pior dia de sempre em termos de novos casos desde o início da pandemia.