Na primeira entrevista de Nuno Santos após a saída de Cristina Ferreira da SIC, o diretor-geral da TVI deu duas certezas. Além de garantir que a apresentadora vai passar a ter uma presença regular e marcante no canal já a partir de setembro, explica que não é verdade que a estação vá ter dois diretores. "Vai ter uma pessoa com responsabilidades na área dos conteúdos e da ficção e um diretor-geral. É claro. Não há dúvidas sobre isso", defende em entrevista ao jornal "Público".

A explicação não vem ao acaso. É que a 17 de julho, quando foi noticiado o regresso de Cristina Ferreira ao canal que tinha deixado há dois anos, soube-se que o faria não só como diretora de Entretenimento e Ficção, mas também com uma posição de administração na Media Capital. Embora esta hierarquia possa confundir, para Nuno Santos o esquema do jogo parece ser muito claro.

"Algumas pessoas querem que essa confusão exista e isso é intencional. Outras não são muito inteligentes na forma como olham para uma coisa simples", começa por dizer.

Negociações entre Cristina Ferreira e TVI começaram há um mês por insatisfação com a SIC
Negociações entre Cristina Ferreira e TVI começaram há um mês por insatisfação com a SIC
Ver artigo

"A nossa relação aqui é muito clara: a Cristina é diretora das áreas de Entretenimento e Ficção, tem poder e autonomia de decisão; eu sou o diretor-geral da empresa. Nós trabalhamos juntos e temos trabalhado juntos desde o primeiro dia em que aqui chegou — ou presencialmente ou por telefone. É evidente que a decisão não é um processo solitário, obedece a um orçamento de grelha e a uma estratégia global. Uma coisa que fique clara: a TVI não vai ter dois diretores", continua.

Embora não tenha revelado muito sobre a que formatos é que Cristina Ferreira vai dar a cara no regresso à TVI, Nuno Santos aproveitou para responder a Ricardo Costa, diretor de informação do grupo Impresa, que no final de julho acusou a Media Capital de adotar uma estratégia de "destruição da concorrência".

As críticas ao grupo Impresa e à incoerência da SIC

"Fiquei surpreendido com essa nota porque quando a Cristina Ferreira vai para a SIC, isso é bom. Mas quando vem para a TVI já é mau... Não devemos achar que a concorrência é boa numas circunstâncias e má noutras", defende. E lança críticas à forma como o grupo Impresa, que detém a SIC, olha para o mercado.

"É preciso que mude alguma coisa para que tudo fique na mesma e isso é a maneira como o grupo Impresa — que na verdade hoje é um jornal, um canal de televisão e as marcas digitais — encara. Se tudo estiver como sempre esteve, magnífico; se houver alguma alteração ou sobressalto, isso é imediatamente uma coisa olhada de lado e de forma crítica. Não temos essa visão do mercado e pensamos pela nossa cabeça."

Mas outro dos argumentos de Ricardo Costa no comentário que fez à saída de Cristina Ferreira foi que o caminho que a apresentadora tem traçado é incompatível com aquela que "é a estrutura empresarial de uma televisão", referindo-se ao facto de ser uma marca própria, estatuto que "provavelmente mais ninguém consegue neste País".

Uma falsa Cristina Ferreira e toda a SIC enfiada num só programa — assim foi o primeiro dia da "Casa Feliz"
Uma falsa Cristina Ferreira e toda a SIC enfiada num só programa — assim foi o primeiro dia da "Casa Feliz"
Ver artigo

Mas Nuno Santos é assertivo na resposta. "Nós não temos medo da Cristina, pelo contrário. A Cristina é uma marca muito forte, a TVI é uma marca fortíssima e a futurologia é uma arte muito arriscada. Ninguém sabe o que vão ser os media num horizonte de cinco ou dez anos ou como vai evoluir a fragmentação dos públicos. Esta união é natural e faz sentido hoje — não posso falar para todo o sempre."

E continua ao mesmo jornal: "Podemos potenciar a marca que é a Cristina e ela é a alavanca que temos para tornar a TVI ainda mais relevante. Porque ela é transversal e fala para todos os públicos. Esta ida à SIC também a valorizou, permitindo que passasse a tocar outros targets e essa é uma das chaves do negócio."

"Do meu lado não há nenhuma guerra"

Sobre se a TVI estará disponível para ajudar a cobrir a indemnização de cerca de quatro milhões de euros que a SIC se prepara para pedir pela rescição unilateral do contrato por Cristina Ferreira, Nuno Santos preferiu não entrar em detalhes mas aponta incoerências às declarações da SIC.

"Não sei se a SIC se prepara para pedir indemnização. Porque um dia vi isso e no dia seguinte li que era uma óptima notícia a Cristina ter saído. Até senti alguma incoerência nesse ponto. As questões estão salvaguardadas e eu não quero entrar em detalhes."

E conclui: "Do meu lado não há nenhuma guerra [de audiências]. Há a tentativa de procurar as pessoas mais adequadas à nossa estratégia, olhando num primeiro momento para as que temos dentro e pensando quais as que estão no mercado. Não há qualquer decisão que tivesse sido tomada ao longo destes mês que não tenha sido pensada como o investimento é X e o retorno é Y."

As coisas MAGGníficas da vida!

Siga a MAGG nas redes sociais.

Não é o MAGG, é a MAGG.

Siga a MAGG nas redes sociais.