Quase 90% das população tem uma visão preconceituosa sobre a mulher e o seu papel na sociedade. É esta a conclusão de um novo estudo organizado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas que evidencia a gravidade do retrocesso global no que à igualdade de género diz respeito.

A investigação recolheu os dados de 75 países que, juntos, são habitados por mais de 80% da população mundial. E as conclusões não deixam margem para dúvidas: mais de metade das pessoas acredita que os homens têm a capacidade de virem a ser melhores líderes políticos do que as mulheres. Mais de 40% da população acredita que os homens são melhores executivos e pelo menos um terço dos homens e das mulheres confessaram acharem aceitável um homem bater numa mulher.

Os resultados do novo estudo, publicado esta quinta-feira, 5 de março, levou a Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas a pedir novas legislações e medidas para que se possa combater, eficazmente, o preconceito enraizada na sociedade. Pedro Conceição, responsável pelo departamento que supervisionou o estudo, considera os resultados absolutamente "chocantes".

São necessários mais de 250 anos para chegarmos à paridade de género, diz relatório
São necessários mais de 250 anos para chegarmos à paridade de género, diz relatório
Ver artigo

"Já todos sabemos que vivemos num mundo dominado pelo homem, mas com este relatório foi-nos possível traduzir o grau do preconceito em números. E os números são chocantes", considera, citado pelo jornal britânico "The Guardian".

E continua: "Aquilo que a nossa investigação mostra é que estamos perante um padrão que se tem vindo a repetir uma e outra vez. Enquanto em muitos países o preconceito está a reduzir, noutros países assistimos a um retrocesso. Se tomarmos como ponto de análise a quantidade de informação que temos, facilmente chegámos à conclusão de que estamos a recuar — que o preconceito, em vez de reduzir, está a crescer."

Dos 75 países que fizeram parte da recolha de dados, em apenas seis não se registaram quaisquer tipos de preconceito face às mulheres.

Lei de identidade de género nas escolas. Guia para não dizer disparates (como "vai haver casas de banho mistas")
Lei de identidade de género nas escolas. Guia para não dizer disparates (como "vai haver casas de banho mistas")
Ver artigo

Já em países como a Suíça, India e Brasil, os níveis de preconceito face às mulheres cresceram exponencialmente nos últimos nove anos — enquanto que no Reino Unido e nos Estados Unidos registou-se pelo menos um tipo de preconceito em mais de metade da população total.

Os dados sobre Portugal mostram que, embora não seja considerado um dos países as mulheres são discriminadas — pelo menos quando comparado com outros países —, é ainda um país com uma presença masculina muito marcada. Entre o Qatar e o Letónia, Portugal encontra-se no 40.º lugar onde o número de participação ativa e empregada é predominantemente masculina. Em 2018, o ano até onde os dados foram recolhidos, registaram-se 53,9% de mulheres empregadas contra os 64,2% de homens.

A investigação prova também que, no que toca ao número de mulheres com ensino superior, os homens são quem estão novamente na frente — com um valor de 54,8% face aos 53,6% das mulheres.

"Concluímos que, se os números continuarem a crescer, 67 países — onde vivem mais de 2.1 mil milhões de mulheres e raparigas — não vão conseguir atingir nenhuma das medidas essenciais para a igualdade de género estabelecidas para 2030", concluir o relatório.

E ao contrário do que se possa pensar, nem todos estes países são dos mais pobres. Se a tendência for não haver mudanças significativas nos próximos anos, os Estados Unidos poderão vir a fazer parte da lista de 67 países com maior preconceito face às mulheres.

As coisas MAGGníficas da vida!

Siga a MAGG nas redes sociais.

Não é o MAGG, é a MAGG.

Siga a MAGG nas redes sociais.