Guilherme Peixoto, natural de Guimarães, é padre e DJ e foi ele quem acordou este domingo, 6 de agosto, os milhares de peregrinos que pernoitaram no Parque Tejo, em Lisboa, pelas 7 horas, para o sexto e último dia de Jornada Mundial da Juventude (JMJ), bem como o último dia de visita do papa Francisco a Portugal.
Guilherme Peixoto é sacerdote da arquidiocese de Braga e subiu ao altar-palco, o palco principal da JMJ construído para este evento, para animar os peregrinos com a sua música. À sua volta já se encontravam muitos bispos já prontos para a missa das 9 horas, a missa do envio, presidida pelo papa Francisco.
“Se o Papa ouvir, há de ser fantástico, se a música lhe chegar há de ser algo de único”, disse o sacerdote em entrevista à ECCLESIA, acrescentando que vai lançar um álbum musical chamado “Jornada Mundial da Juventude 2023 LP”, que será “uma homenagem aos jovens, o hoje da Igreja”, e também uma manifestação da “confiança numa juventude original, criativa e poeta”.
Guilherme Peixoto “parou tudo” o que tinha para fazer para “trabalhar especificamente” para a JMJ assim que recebeu o convite, com o objetivo de “transmitir uma mensagem de alegria, de fé” e que “os jovens percebam que podem dançar, podem saltar e podem ser cristãos”.
Guilherme Peixoto nasceu com vários problemas de saúde e, no hospital em Guimarães, chegaram a dizer à família que não tinha esperança de vida e que provavelmente não ia sobreviver, mas os pais decidiram levá-lo para casa. O sacerdote entrou no seminário com 13 anos, frequentou a Faculdade de Teologia, em Braga, e, aos 24, foi ordenado padre.
A carreira como DJ surgiu para saldar as dívidas da paróquia de Laúndos, em que em conjunto com um grupo de voluntários abriu o Ar de Rock Laúndos, na Póvoa do Varzim. Começaram a fazer noites de karaoke e, nos intervalos, era o padre que colocava música, despertando este bichinho. Atualmente, é um dos DJs de referência a nível nacional e conta com 136 mil seguidores no Instagram.
O padre foi alvo de muitas críticas por parte dos fiéis por conciliar dois ofícios que parecem incompatíveis e houve, inclusive, pessoas a escrever cartas para o bispo de Braga, referindo que este estaria a desencaminhar os jovens e que o que ele fazia era uma vergonha.
A missa do envio deste domingo, em que estiveram presentes cerca de um milhão e meio de pessoas e foi celebrada por cerca de 700 bispos e 10 mil padres, encerrou a JMJ. Nesta cerimónia, o papa Francisco despediu-se dos participantes e anunciou que Seul, a capital da Coreia do Sul, será o próximo país a receber o maior evento da Igreja Católica, em 2027.
Por volta das 16h30 deste domingo, o líder da Igreja Católica vai encontrar-se com voluntários da JMJ no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, encerrando a sua visita de cinco dias ao País. No fim do dia, regressará a Roma.