O segundo dia do julgamento da morte de Sara Carreira chegou ao fim. Depois dos quatro arguidos, incluindo Ivo Lucas, terem sido ouvidos no Tribunal de Santarém na manhã desta terça-feira, 24 de outubro, assim como quatro testemunhas da parte da tarde, mais testemunhas do acidente depuseram esta quarta-feira, 25 de outubro.

Margarida Costa, que tentou socorrer Sara Carreira, foi uma das testemunhas que falou em tribunal. A mulher recordou que, depois do acidente, o namorado viu “um rapaz em tronco nu”. A médica veterinária foi ter com Ivo Lucas e viu que “ele estava frágil” e que “tinha uma fratura”.

Fernanda Antunes abandona sala de audiências durante relato das testemunhas do acidente de Sara Carreira
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“O rapaz [Ivo] estava muito desorientado a chamar pela namorada. Eu disse que ia ajudar, não levei o telemóvel, estava muito escuro, olhei para dentro do carro, não estava nada, e continuei à procura no meio dos destroços. Quando estacionei o Ivo estava mais perto da berma, estava muito desorientado”, disse.

Margarida foi procurar Sara Carreira, a namorada de Ivo à data do acidente. “O meu instinto foi espreitar para dentro do carro e não a vi, quando fui ver mais perto é que vi”, afirmou, explicando com pormenor o estado do corpo da cantora. “Foi nessa altura que chegou um senhor que era bombeiro e o meu namorado, o bombeiro estava ao telefone com o 112 e eu estava a descrever a vítima”, recordou.

“Fui logo ver se tinha pulso e não tinha”, referiu. “O senhor ao telefone estava a receber instruções e nós fazíamos conforme ele nos dizia. Ela estava muito presa ao cinto, não conseguíamos ver muito mais. Estava a tentar ver na carótida se tinha pulso, mas o corpo já estava frio”, contou, acrescentando que o 112 deu autorização para tirarem o cinto do veículo a Sara Carreira e colocarem o corpo em posição lateral de segurança.

“Vimos novamente o pulso e depois cortámos a camisola o suficiente para chegar ao pescoço para ver se tinha pulso, e não tinha. Ficamos lá ao pé dela, até alguém dizer algo em contrário e até chegar auxílio”, descreveu.

Seguiu-se Marco Batista, namorado de Margarida Costa, que realça que “o Ivo estava a pedir” para encontrarem “a namorada dele”. Depois de a encontrarem “sem vida”, esperaram que os bombeiros chegassem, tendo esta testemunha voltado a descrever com pormenor o estado do corpo de Sara Carreira. “Tentámos ver se tinha pulso, não tinha, a minha namorada perguntou se podíamos cortar o cinto e quando nos deixaram, eu cortei o cinto”, contou.

Carolina Amaral, namorada do arguido Tiago Pacheco, recordou que “não havia quase visibilidade nenhuma no momento do acidente”. A mulher contou que falou com Ivo Lucas depois de pararem o carro e irem para a berma, referindo que o cantor estava bastante assustado e que perguntou várias vezes “onde estava a Sara”, revela o "Correio da Manhã".

Durante a pausa da audiência para almoço, Tony Carreira falou com os jornalistas. “Nada vai mudar as saudades que tenho da minha filha. Nada vai mudar a situação que há, que é uma tragédia. Não venho para aqui com o intuito de me vingar de ninguém, absolutamente ninguém”, explicou.

O cantor e pai da vítima referiu que “do outro lado da maioria dos arguidos não há uma percentagem mínima de humanidade” e alertou que “aquilo que aconteceu com eles podia ter acontecido” consigo ou “com qualquer um”.

“No mínimo, é simplesmente assumir aquilo que aconteceu com todos os erros”, afirmou. Tony Carreira criticou também o depoimento de alguns arguidos. “Optaram por uma teoria com uma tática de advogados que é a amnésia”, contou.