Francisco Faria não é apenas um rosto familiar no mundo da moda ou do digital. À primeira vista, poderia ser facilmente associado a desfiles internacionais e campanhas de marcas de luxo, mas há algo mais a desenrolar-se na sua trajetória. Isto porque está a explorar uma nova área, a representação, desafiando as suas próprias barreiras e dando asas a mais uma das facetas da sua criatividade que, até há pouco tempo, estava reservada ao domínio da curiosidade.
Embora sempre tenha tido o desejo de se aventurar pelo mundo da representação, foi a moda que o acolheu numa primeira instância – há 11 anos, se quisermos ser precisos. "Lentamente", como descreve o próprio à MAGG, conseguiu acabar por atingir este objetivo e 26 de setembro é um dia que vai ficar para sempre na sua história. Foi nesse dia que o mundo o viu como ator pela primeira vez, aquando da estreia de "Chuva de Verão", escrito e realizado por António Mantas Moura. E não podia ter sido um arranque melhor.
Além de o elenco incluir nomes como Inês Aguiar, Filipe Amorim, Duarte Melo, Alice Ruiz, João Pedro Dantas, Índia Branquinho e Paula de Magalhães, já se destacou no circuito internacional. O filme foi selecionado para o Houston International Film Festival, tendo arrecadado os prémios nas categorias de Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Fotografia, além de também ter sido exibido no Kimolos International Film Festival e de ser um de três filmes portugueses no Tribeca Festival Lisboa, que começa esta sexta-feira, 18 de outubro.
Contudo, mesmo que o seu percurso na representação ainda venha a dar muito pano para mangas, nem só desta área Francisco Faria fará a festa. A sua carreira como manequim acabou por torná-lo numa figura influente no meio, mas foi o seu estilo distintivo, o carisma e a capacidade de se reinventar nas redes sociais que atraíram a atenção dos seguidores (atualmente, mais de 126 mil no Instagram), estabelecendo-o como um influenciador na área do segmento de luxo masculino – não só no País, como além-fronteiras.
Achava que o manequim de 31 anos se ficava por aqui? Desengane-se, porque Francisco Faria contraria, em absoluto, a máxima de que um homem não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo. Ele consegue fazer várias e é por isso que também está à frente de duas marcas, a Hurricane Lab, famosa pelos chapéus, e a Blue Avenue, da qual os calções de banho são protagonistas. E nós falámos com o modelo sobre tudo aquilo que o define enquanto profissional.
Leia a entrevista na íntegra
Sendo uma figura incontornável da moda em Portugal, como é que o "Chuva de Verão", que é o seu primeiro projeto na área da representação, surge no seu caminho?
A área da representação foi algo em que eu sempre tive interesse e curiosidade, simplesmente a vida não me estava a dar espaço para isso, porque eu tenho outras ocupações, mas foi algo que eu cheguei a fazer na escola, não de uma forma muito séria. Era algo que as pessoas me desafiavam para eu tentar e eu partilhei este interesse com a minha agência, a L'Agence. A certa altura, surgiu a oportunidade de fazer o casting para este filme e eu acabei por ficar com o papel.
Sentiu logo que era capaz? Ou teve receios? É que não tinha muita formação na área, certo?
Eu tinha feito um workshop ou outro na altura, para perceber se isto realmente funcionava para mim e se eu gostava. Percebi que sim. Fiz a primeira audição, fiz a segunda e confirmaram-me o trabalho. Desde esse dia até ao início das filmagens, ainda tinha alguns meses, então fui logo para Lisboa estudar. Tirei um curso intensivo de acting, também fiz alguns workshops, fiz também coaching para preparar a personagem, porque eu sabia que era o único que não era ator e isso intimidou-me um bocado. Estava a trabalhar com imensos colegas, que hoje são amigos e excelentes profissionais. Então, quis preparar-me da melhor forma.
Também deve ter aprendido muito com os colegas. Como foi trabalhar com eles?
O nosso espírito entre atores nas rodagens foi lindo e ainda hoje acho que temos todos uma conexão muito especial, porque, afinal de contas, estivemos a morar todos juntos em Vila Nova de Milfontes, pós-Covid, que acabava por não ser muito fácil, porque estávamos isolados e sempre com as mesmas pessoas. Foi um mês e tal ali e isso permite-nos criar laços fortes. Foi muito especial para mim.
Então, o filme já foi rodado há imenso tempo.
Já, já. Há mais de dois anos.
Durante esse tempo, como foi lidar com a ansiedade de ver o tempo a passar e nada de estrear o filme? Na moda, presumo que seja tudo muito mais imediato.
Eu não tinha noção, porque, enfim, isto é uma indústria nova para mim. Eu não tinha bem noção dos timings, porque, lá está, eu estou habituado a fazer campanhas de moda, que é muito mais rápido. Um mês, dois e aquilo sai. No cinema é diferente, bem diferente. Mas aprendi a ganhar paciência. Por acaso, quando me disseram que ainda ia demorar um ano ou dois, eu pensei: 'Tanto? Eu pensava que ia sair dentro de um mês ou dois, como é costume'. Mas não foi o caso (risos). Depois, aceitei e, a certo ponto, também estava distraído com outros projetos e veio na altura certa.
Fale-me um bocadinho da sua personagem, o Johnny. O que é que a caracteriza?
O Johnny é o mau da fita. Para mim, foi mesmo divertido trabalhar esta personagem, porque é muito vista como arrogante, convencida. Basicamente, a história é sobre um grupo de amigos que costuma ir de férias para a Costa Alentejana, para Vila Nova de Milfontes. Há toda uma série de discórdias e confusões que vêm ao de cima sobre o passado, por causa de um acontecimento. Todos se culpam uns aos outros. E o Johnny tem muita frustração projetada nas outras personagens e nota-se que é o elemento perturbador. Ou seja, para mim, foi muito desafiante, porque na minha rotina diária eu tenho boas relações com toda a gente que me rodeia – e, de repente, estava ali sempre em tensão com os outros atores. Foi muito divertido, mas foi um desafio muito grande, sem dúvida, porque inicialmente achei que era uma coisa muito distante da minha realidade, mas acho que foi super expansivo para mim e deu para crescer.
"Quando fazia cenas mais intensas, mais agressivas, fisicamente mexia imenso comigo"
Nesse sentido, e assumindo que não se identifica muito com o Johnny, foi difícil chegar ao seu encontro e entendê-lo?
Quando chegamos a esse ponto [de entender a personagem], até ganhamos alguma empatia, porque não sei até que ponto é que há tanta maldade [no Johnny], tem tudo uma razão de ser. E depois isso vai-se perceber no filme. Se calhar, há uma razão para o Johnny reagir da forma como reage.
Muitos atores falam de uma ressaca emocional depois de terminarem um projeto, especialmente quando se tratam de personagens tão diferentes deles mesmo. Sentiu que teve alguma dificuldade em deixar a personagem para trás, especialmente sabendo que foi a sua primeira?
A longo prazo, foi tranquilo. Foi mais [difícil] durante as rodagens. Quando fazia cenas mais intensas, mais agressivas, fisicamente mexia imenso comigo. Eu lembro-me que houve uma discussão que eu tinha com a minha namorada [do filme], que era a Pipa, neste caso, [interpretada por] Índia Branquinho. Nós gravámos aquilo às 4 horas da manhã, com um frio de morrer, toda a gente a puxar por mim para eu chegar a um nível de raiva que eu nunca tinha experienciado na minha vida. E isso, no final, deixou-me mesmo abalado, até pedi desculpa à Índia, porque tinha discutido com ela – porque tinha de ser, não é? No dia a seguir estava com dores musculares nas costas, de toda a tensão que aquela cena me deixou fisicamente. E isso, para mim, foi mesmo 'uau, como é que possível eu chegar a este ponto?'.
Ou seja, de se tornar uma pessoa que não é.
Sim, sim. Que eu não sou de todo. Numa relação, nós podemos ter uma discussão e ser mais agressivos, mas, não sei, há sempre uma linha de respeito que não ultrapassamos, porque temos os nossos valores. Pelo menos, no meu caso. E eu, ali, tive que passar essa linha e isso mexeu comigo, porque, enfim, havia ali violência doméstica, algo que eu nunca tinha experienciado. E essa foi uma das marcas que a personagem deixou em mim. Mas foi mais no próprio dia, depois felizmente conseguia desligar (risos).
Entretanto, o filme vai ser exibido no Tribeca Festival Lisboa. O que é que isso significa para si, enquanto novo ator, e para o projeto no geral? Afinal, é uma edição portuguesa de um dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo.
Eu acho que é incrível. Primeiro, porque é a primeira edição de sempre do Tribeca na Europa, ainda para mais em Lisboa. Depois, só selecionaram três filmes portugueses para exibir lá – e o 'Chuva de Verão' foi um deles. Ou seja, nós temos de estar muito orgulhosos, até porque este filme foi um projeto low budget. Dadas as condições que tivemos – de tempo, de recursos, de tudo –, foi um excelente trabalho. No meu caso em particular é ainda mais especial, porque foi o meu primeiro projeto enquanto ator. Não sei, é muito especial. Mas acho que ainda não consigo processar muito estas coisas (risos).
Mas acha possível que este filme lhe tenha aberto mais portas no mundo da representação? Se é que é isso que quer continuar a fazer.
Sim, eu gostava muito de continuar a fazer isto. Estou aberto a novas oportunidades e estou a trabalhar para isso: estou em Madrid a tirar um curso de acting em inglês. Quero fazer mais coisas, porque fiquei apaixonado por isto e claramente gostava de trabalhar mais na área. Vamos ver o que é que vem daí!
Agora, saltando para o campo da moda, que é aquilo que o Francisco já faz há mais tempo. Sempre foi algo que esteve presente na sua vida?
A moda sempre esteve presente na minha vida desde pequeno. Eu acho que sempre fui vaidoso, sempre gostei de me apresentar bem. A minha mãe sempre trabalhou nesta área, tem uma loja multimarca, algo com que eu sempre lidei diretamente, porque sempre ajudei a minha mãe a fazer as compras. Ia com ela a Milão e a Paris ajudar nas coleções – ainda hoje fazemos isso os dois. O meu pai é da área do desporto, mas também teve um projeto paralelo na área da moda. De certa forma, acho que isto foi transmitido inconscientemente.
E sempre se imaginou a ser modelo? Ou isso foi algo posterior?
Já me tinha passado pela cabeça. Foi algo que surgiu há 11 anos, em 2013, de uma forma um bocado aleatória. Contactaram-me no Facebook para participar num concurso de modelos de uma agência, que eu acabei por ganhar, e o prémio até era ir a Milão para assinar representação lá e tudo mais. A partir daí, foi sempre a subir (risos). Lentamente, porque comigo as coisas acontecem lentamente, mas chegamos lá.
Mas lentamente ou não, tem tido uma carreira recheada.
Sim, sim. Eu estou muito grato e muito orgulhoso por tudo o que já aconteceu até hoje, mas o que eu sinto é que tenho de trabalhar muito para conseguir as coisas e, às vezes, olhamos para os lados e as coisas acontecem mais rapidamente – o que é um erro, eu sei disso, mas é uma aprendizagem que eu estou a interiorizar.
E por falar no que o enche de orgulho, que momentos é que o marcaram mais destes 11 anos enquanto modelo?
Eu acho que me marcou, logo no início, o concurso que eu ganhei, porque eu não estava, de todo, a contar. Não achava que eu era, de alguma forma, o potencial vencedor. O grupo era incrível e, não sei, não me via com esse potencial todo. Marcou-me imenso a primeira vez que fiz um show na Fashion Week em Milão, para a Dolce&Gabbana – foi o meu primeiro passo grande internacional, digamos assim. Mas tenho tido muitas experiências incríveis, porque, inevitavelmente, a moda fez crescer muito as minhas redes sociais e agora trabalho muito nisto do digital e estou a trabalhar com as marcas com que tanto sonhei: Gucci, Prada, Miu Miu. Para mim, não é muito real ainda.
Então, sente que a sua presença no digital acabou por ser uma extensão natural do seu trabalho enquanto modelo?
Sim, está relacionado. Hoje em dia, estão a categorizar-se cada vez mais as pessoas que têm uma carreira, tipo a minha, como talent e não como modelo, ator ou influenciador. Ou seja, somos um conjunto de skills e de características que nos individualiza enquanto talent. Eu posso ser um modelo que também sabe dançar e isso faz de mim diferente de outro que seja só modelo. E eu acho que o Francisco de hoje é um bocadinho disto tudo e é o que nos diferencia.
O Francisco também publica imensos conteúdos e, de certa forma, dá a conhecer às pessoas um lado da moda que, de outra forma, não lhe seria acessível. Como é que vê a simbiose entre a moda e o digital?
Eu acho que são dois mundos que estão completamente de mãos dadas, hoje em dia. O digital é a montra da moda. E para mim é gratificante ver pessoas que se inspiram e se identificam com a minha forma de estar, de comunicar, com a minha estética, com o meu estilo. Parece que estou a fazer bem as coisas. De certa forma, parece um propósito um bocado superficial, mas estamos a criar sonhos e a vender um estilo de vida.
"O luxo é isso mesmo: é storytelling, arte, mistério, elegância"
Ainda por cima, está no segmento de luxo masculino, que, em Portugal, ainda é muito um nicho. É desafiante posicionar-se num segmento pouco explorado cá?
É, porque o mercado em Portugal é muito mais comercial e, às vezes, tenho algumas dificuldades em convencer marcas ou clientes a comunicar as coisas de uma forma mais elegante ou menos óbvia. Porque o luxo é isso mesmo: é storytelling, arte, mistério, elegância. Para trabalharmos nesse segmento, temos de trabalhar dessa forma.
Nesse sentido, que diferenças é que encontra entre o mercado português e o internacional? É mais fácil trabalhar lá fora?
Sim. Primeiro, porque lá fora há muitas mais marcas de luxo do que em Portugal. Depois, sinto que lá fora entendem melhor a minha estética, tenho mais oportunidades. Mas eu acho que Portugal está a caminha nesse sentido, também estamos a crescer muito mais ao nível do turismo, por exemplo, estão a abrir cada vez mais hotéis, estamos a receber mais pessoas com forte poder de compra. Ou seja, a oferta neste segmento também está cada vez maior, então acaba por ser tudo uma bola de neve.
Entretanto, além de modelo e influenciador, também é empreendedor. Tem duas marcas, a Hurricane Lab e a Blue Avenue. Ter algo a nome próprio sempre foi algo que esteve no seu horizonte?
Eu acho que fazia todo o sentido. Primeiro, se eu tenho uma comunidade a seguir-me e se gostam do que eu visto e do que eu consumo, por que não ter algo meu para este target? A Hurricane nasceu há cerca de três anos. É uma marca de chapéus feitos com lã natural e biodegradável em Portugal. E eu, na altura, gostava imenso de chapéus e sabia que nós éramos ótimos nesta área aqui – e não havia em Portugal, pelo menos do meu conhecimento, que tivesse uma imagem mais atual, que fosse cool e tivesse a qualidade a nível do produto que a nossa produção local tem. Havia uma falha de mercado e era algo que me dava imenso gosto.
A Blue Avenue também foi algo parecido, na medida em que, na altura, não encontrávamos no mercado uns calções perfeitos, com o comprimento certo. Ou eram muito curtos ou muito compridos, depois ou eram muito caros ou muito baratos. Não havia ali um intermédio. É uma imagem completamente diferente: a Blue Avenue é muito mais clássica, mais old money. A Hurricane é mais moda, mais ligada às Fashion Weeks e ao streetwear. São duas coisas com duas vibes completamente distintas, mas com as quais eu me relaciono de formas diferentes.
Todos os criadores se queixam de que ter uma marca em Portugal não é fácil. Sentiu muito isso no início, antes de os projetos descolarem?
Sim, mesmo atualmente, por exemplo, com a Hurricane, o mercado português não é ainda muito relevante para nós. Ou seja, temos uma loja ou outra a vender os nossos chapéus, mas 90% vendemos lá para fora, porque são chapéus feitos à mão, em Portugal, têm um preçoo considerável – justo, no entanto. Não é algo que se consuma em muita quantidade cá. Ao nível do swimwear, vendemos maioritariamente para Portugal e Espanha, porque também é um produto muito mais comercial e de massas, é mais fácil introduzi-lo no nosso mercado.
Mas o que é facto é que se têm aguentado. Já vimos os chapéus da Hurricane Lab em todo o lado, por exemplo, o que significa que deve estar a fazer alguma coisa bem (risos).
Sim (risos). Tenho tido muito apoio sempre, estou muito bem conectado ao nível do digital, então as pessoas deram imenso apoio. Depois tenho imensa imprensa, o que ajuda imenso: emprestar chapéus para revistas tipo "Vogue", "GQ". Tenho imensos pedidos todas as semanas, o que dá imensa projeção. A isto, juntam-se celebridades, influenciadores, tudo mais e ajuda sempre a marca a crescer.
A sua carreira como modelo deu-lhe, certamente, uma visão muito apurada das tendências. Como é que esse olho clínico se traduz naquilo que cria?
Eu consumo muita moda e isso dá-me sempre alguma consciência, ou seja, se eu percebo que se começa a usar muito animal print, se calhar vou pensar num chapéu que tenha um padrão leopardo ou assim. A moda dá muitas referências e muitas ideias para os meus projetos.
E até onde é que gostava que as suas marcas chegassem futuramente?
A Hurricane eu gostava muito de ter uma loja própria eventualmente e fazia sentido começar em Portugal, porque somos uma marca portuguesa e imagino uma coisa em Lisboa, muito central, mas é algo que não me parece que vá avançar já. Continuar a trabalhar o wholesale, porque já temos 20 e tal lojas a vender os nossos chapéus espalhadas pelo mundo, e é algo que eu devia potenciar. Acrescentar novos produtos à nossa gama de produtos – ou seja, passar do headwear para outros acessórios e, quem sabe, começar a diversificar cada vez mais. Claro que também tenho aqueles sonhos de meter ainda mais celebridades que eu gosto a usar os meus produtos, tipo Jacob Elordi, Harry Styles. A Blue Avenue, como é uma marca sazonal e de monoproduto, gostava de começar a pensar em expandir também a gama para outro tipo de produtos, como de inverno.
"Adorava que os dias fossem maiores para fazer tudo o que tenho"
Gerir uma carreira como modelo, influenciador, empreendedor e, agora, ator, não deve ser fácil. Sobra-lhe algum tempo para cuidar de si mesmo? Como é que gere a vida profissional e a pessoal?
Ui, não sei. Eu durmo pouco, felizmente ou infelizmente, e eu adorava que os dias fossem maiores para fazer tudo o que tenho, porque vivo sempre com aquela frustração de que não consegui fazer todas as tarefas que tinha preparado, mas também estou a aceitar isso. Somos todos humanos, só temos duas mãos e uma cabeça. É difícil, mas não consigo prescindir, por exemplo, de cuidar de mim ao nível do desporto. Tenho de ir ao ginásio todos os dias, tenho uma alimentação saudável e, se eu não tiver esses cuidados pessoais, sinto que também não fico funcional.