Marina Mota protagonizou um inesperado momento de protesto esta terça-feira no programa das tardes da TVI "Em Família". A atriz, que será uma das protagonistas da próxima novela da estação, deixou os apresentadores Cláudio Ramos e Maria Cerqueira Gomes sem palavras ao ler a Constituição Portuguesa como forma de protestar contra as medidas que estão a limitar a atividade económica em vários setores.
"O amor à arte levou-me a ler um bocadinho da Constituição Portuguesa e é o que quero partilhar com os portugueses lá em casa", começou por dizer Marina Mota, lendo depois o 58º artigo do mais importante documento jurídico português, que reproduzimos abaixo:
Artigo 58.º - (Direito ao trabalho)
1. Todos têm direito ao trabalho.
2. O dever de trabalhar é inseparável do direito ao trabalho, exceto para aqueles que sofram diminuição de capacidade por razões de idade, doença ou invalidez.
3. Incumbe ao Estado, através da aplicação de planos de política económica e social, garantir o direito ao trabalho, assegurando:
a) A execução de políticas de pleno emprego;
b) A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais;
c) A formação cultural, técnica e profissional dos trabalhadores.
Marina Mota continua, dizendo que considera "inconstitucional" o que está a acontecer no setor da cultura "entre outros". "Estão a inibir os meus colegas e quando digo colegas refiro-me aos colegas técnicos de som, técnicos de luz, auxiliares de camarim, criativos, primeiro os que pensaram neste cenário, depois os carpinteiros que o construíram, as pessoas dos adereços que depois os decoram e não somos nós, os privilegiados que estamos em televisão e normalmente pagos para isso - não é o meu caso que hoje estou aqui de borla - mas vim de borla só para dar este recado", salienta a atriz.
"Há que ter igualdade de oportunidade para toda a gente. Está na Constituição Portuguesa. E há muita gente a passar fome", afirmou ainda. Marina Mota mostrou ainda a sua solidariedade para com o Movimento A Pão e Água, cujos membros cumprem esta quarta-feira, 2 de dezembro, o sexto dia de greve de fome. "Quero solidarizar-me com os trabalhadores que estão a defender os seus postos de trabalho à frente da Assembleia da República e dizer que a cultura faz parte. A cultura é a identidade de um povo e a identidade de um povo não é Shakespeare porque senão não temos identidade", concluiu, deixando os apresentadores do formato em silêncio por alguns instantes.
Ainda na noite de terça-feira, Marina Mota visitou o grupo de nove empresários que estão em greve de fome em São Bento.