Miguel Raposo é o filho mais velho da atriz Maria João Abreu, que morreu em maio de 2021 aos 57 anos após sofrer um aneurisma cerebral, e do ator José Raposo. O também ator esteve esta terça-feira, 26 de setembro, no programa “Júlia”, na SIC, e falou sobre o seu processo de luto.
Miguel Raposo começou por revelar que se refugiou no trabalho. “Logo a seguir houve um período de luto, que é muito complicado de se fazer, sobretudo quando se está a trabalhar tanto como eu estava, que foi uma coisa que eu não soube gerir, porque acredito que nunca se saiba gerir bem este tipo de situações. Muito provavelmente não disse que não queria trabalhar, porque me refugiei muito no trabalho também, mas é necessário, de facto, um tempo”, disse.
“Estive certamente em perigo. Eu não tive tempo para perceber que estava em perigo quando, de repente, estava a entrar numa fase de grande tristeza, uma tristeza profunda”, contou. “Fiz terapia e foi mesmo o que me salvou”, admitiu, apelando a que se valorize a saúde mental.
“Claro que me salvou também o carinho e amor de tanta gente, da família e amigos, mas às vezes a ajuda de um profissional é indispensável. A saúde mental merece o acompanhamento médico que qualquer outro tipo de maleita física também merece”, reforçou. “Eu só consegui superar isto porque fiz terapia, porque estive com um médico, porque estive com uma pessoa que estudou para isto e que sabe e que conhece e que tem ferramentas para me ajudar a lidar com isto”, acrescentou.
Miguel Raposo não pôde estar presente no funeral de Maria João Abreu por estar com COVID-19. “Estava com COVID e não parei nunca de trabalhar depois, ou seja, não tive um tempo para respirar, para pensar sobre mim, para perceber como é que eu estou e, às tantas, estava a trabalhar e estava mal”, afirmou.
“Só chorava, à noite, e não era bom. Estar vivo não era bom. Não era bom estar vivo. Não havia prazer em estar vivo e há tanta gente que passa por isto e que não faz ideia de como se reagir e que a resposta imediata tem que ser exatamente igual a se torcermos um pé ou fizermos um golpe na cara ou no pescoço ou no peito: médico”, aconselhou.
Para Miguel Raposo, fazer terapia "resultou mesmo". "Se não fosse isso, as coisas não teriam sido as mesmas, eu não estaria aqui da mesma maneira que estou hoje. É essencial”, concluiu o ator que integra o elenco da nova novela da SIC, “Papel Principal”, que estreou esta segunda-feira, 25 de setembro.