A "The Prince’s Foundation", instituição de caridade fundada por Príncipe Carlos há 35 anos, está a ser investigada por suspeitas de corrupção. Em causa está um email de novembro de 2019 que dá conta de 14 tópicos para os “clientes selecionados e convidados por Sua Alteza Real” para jantar e pernoitar na Dumfries House, a casa de campo do príncipe de Gales, na Escócia.
Após o pagamento de 100 mil libras (quase 120 mil euros) por duas pessoas, quem chegasse cedo começaria com uma tour na Dumfries House — onde, posteriormente, ficariam alojados —, seguida de uma receção com bebidas e um fotógrafo. O email detalha ainda que o príncipe Carlos cumprimentaria, individualmente, cada convidado antes do jantar de gala e noite de entretenimento. No dia seguinte, “consoante a sinergia entre os clientes e a Sua Alteza Real”, seriam colocados em determinadas listas, de acordo com os seus interesses culturais, onde poderiam contar com a presença do príncipe.
No e-mail divulgado, enviado para um alegado segundo interveniente do esquema do jantar, Michael Wynne-Parker, remetente do email com funções na fundação, explicava que ficava com 5% do valor das doações asseguradas pela "The Prince’s Foundation" e 20% seriam para o destinatário do email — cuja identidade não foi revelada. O montante devia ser transferido para a conta da editora britânica Burke’s Peerage, sendo que o editor William Bortrick também estaria envolvido no esquema fraudulento.
A instituição reagiu à polémica, garantindo que além de não ter conhecimento do assunto, cortou relações com os indivíduos em questão. “Michael Wynne-Parker não representa a'The Prince’s Foundation' e o email que enviou não representa a abordagem da fundação face à angariação de fundos”, esclareceu a fundação.
Wynne-Parker também se manifestou, explicando que as doações variavam, habitualmente, entre as 100 mil libras e 1 milhão de libras, sendo frequente os intermediários receberem uma comissão. Bortrick negou estar envolvido no negócio, considerando-o inapropriado.
O alegado caso de corrupção foi encaminhado para o comité de ética da fundação e Douglas Connell, presidente, ficará responsável pela investigação.