Deveria ter sido a própria Pamela Anderson a contar o que aconteceu quando, em maio, visitou o amigo Julian Assange na prisão de alta segurança em Londres. A revelação era para ter sido feita num discurso em Canberra, na Austrália, esta semana, no entanto um conflito de agendas obrigou ao cancelamento da presença da atriz e modelo de 52 anos.

O discurso nunca chegou a ser feito, mas o “Daily Mail” teve acesso a uma cópia do texto — e revela o conteúdo do mesmo esta quarta-feira, 27 de novembro. Nas palavras de Pamela Anderson, “O diretor da prisão entrou de repente e disse-me de forma muito clara que se eu me tornasse um problema, ele ia arranjar problemas ao Julian. Foi uma ameaça direta”.

De acordo com o jornal britânico, não é sabido o porquê de o diretor do estabelecimento prisional ter intimidado Pamela Anderson e Julian Assange, nem de que forma é que um ou outro poderiam arranjar “problemas”. Uma fonte dos serviços prisionais britânicos já reagiu à notícia, e garante que o "diretor da HM Prison Belmarsh não fez uma ameaça a Anderson ou Assange".

O atual diretor da prisão chama-se Rob Davis, no entanto também não é certo se Pamela Anderson se referia a ele ou a um outro membro do gabinete da direção.

Fonte dos serviços prisionais britânicos garantiu ainda ao "Daily Mail" que as alegações de que Julian Assange tem sido alvo de tortura na prisão são infundadas e totalmente falsas.

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A visita de Pamela Anderson a Julian Assange

Há vários anos que a ex-estrela da "Playboy" e o fundador da WikiLeaks mantêm uma relação próxima. Em abril de 2017, Pamela disse à revista "People": "O Julian está a tentar libertar mundo educando-o. É uma luta romântica, e eu amo-o por isso. Entendo que o nosso 'caso' gere alguma curiosidade, mas prefiro não entrar em detalhes privados."

Nos últimos anos, Pamela Anderson tem lançado vários apelos para que Julian seja libertado. O mais recente foi feito a 17 de novembro, quando esteve no programa da manhã "Good Morning Britain". Em entrevista, a modelo disse que Assange "precisa de ser libertado, antes de tudo", e recordo que "ele é um australiano no Reino Unido à espera de extradição para os EUA".

Sobre a visita que realizou ao amigo em maio, Pamela disse: "Não é o sítio onde queres deixar um amigo que te é muito querido, e eu importo-me muito com o Julian. Acho que ele foi psicologicamente torturado".

No discurso a que o "Daily Mail" teve acesso, Pamela Anderson revelou ainda que estava "assustada e stressada" antes de visitar Assange na prisão. Mas ficou aliviada quando viu que o fundador da WikiLeaks estava "barbeado" e com os olhos "a brilhar".

"Ele estava pronto para lutar, esperto como sempre. A sua mente estava a trabalhar a alta velocidade", explicou no discurso que nunca chegou a ser proferido.

"Mas estava anormalmente fora de si — olhava para nós como se a sua vida estivesse nas nossas mãos. Olhava para nós como se estivesse à procura de esperança". Pamela acrescentou ainda que o sentimento de "esperança" foi roubado "minutos antes de o nosso tempo acabar", quando o diretor entrou.

A modelo e atriz vai mais longe e diz mesmo que acha que Assange "está em perigo". "Quando ele está fora do nosso alcance, está em perigo. Tenho a certeza de que ele está a ser punido por cada palavra dita sobre aquela prisão. Portanto, estou a assumir um risco aqui. Para que vocês saibam — é um conjunto de regras diferente lá. Não há regras."

Assange permanece na prisão de alta segurança à espera de uma audiência em 2020, que ditará se será extraditado para os EUA. A 1 de novembro, um relatório de Nils Melzer, relator especial das Nações Unidas sobre tortura, disse que Assange corria risco de vida. Numa carta dirigida ao ministro do Interior britânico, 60 médicos atestaram também que Julian pode morrer na prisão caso não receba os cuidados de saúde adequados.

"Se o diagnóstico urgente e tratamento não acontecerem, temos sérias preocupações, de acordo com as provas de que dispomos, que o senhor Assange pode morrer na prisão. A situação médica é portanto urgente. Não há tempo a perder".