Um convite para ver algo que ainda não existe não é habitual. À nossa volta edifícios quase em ruínas, muita areia e algumas máquinas, a provar que algo ali vai mudar.
Estamos no Hub Criativo do Beato, um espaço de 35 mil metros quadrados que vai servir de ponto de encontro para várias novas empresas, mas também para o que de novo se quer fazer a nível de restauração na cidade. E por novo, entenda-se na verdade, tradição. É que aqui não há cozinha molecular, mas vai saber, de certeza, de onde vem cada ingrediente que lhe é posto no prato.
A Praça nasce neste polo de criação na zona mais oriental da cidade como um espaço de restauração, mas não só. "Este vai ser o palco dos produtores", avança Cláudia Almeida e Silva, criadora do projeto.
O espaço de restauração vai servir as mais de 3 mil pessoas que, em breve, passarão a ter lá escritório, mas também quem lá vai viver — sim, vai haver gente a viver no Hub Criativo do Beato — mas também a vizinhança e, na verdade, toda a Lisboa.
"Quem vier cá tem a certeza que está a entrar no maior mercado nacional de produtos que respondem a três premissas: sustentável, orgânico e tradicional", garante Cláudia, durante a apresentação da Praça, que decorre no meio de edifícios sem paredes, mas onde tudo vai acontecer.
No projeto final estão previstos dois edifícios, ligados por um jardim com esplanada e horta urbana. No total são 1700 metros quadrados onde antes cabiam uma antiga Fábrica de Carnes — onde havia um matadouro, o talho, a aalsicharia e o refeitório do pessoal civil da Manutenção Militar — e um antigo Edifício Administrativo e Oficina.
Este espaço vai estar subdividido em dez pequenos espaços: um talho de carnes autóctones; uma peixaria com grelha; um mercado de produtos frescos; um espaço vegetariano; uma adega; um espaço dedicado ao azeite; uma padaria; uma pastelaria; uma queijaria e charcutaria e ainda uma mercearia com o granel e o biológico em destaque.
Para escolher os melhores produtos, Cláudia reuniu uma equipa e, durante um ano, percorreram todo o País à procura dos produtos e dos produtores. "O produto vai ser o protagonista", garante, apresentado, sempre que possível, pelo produtor. É por isso que faz parte dos planos existir também um palco, que servirá de púlpito aos produtores, mas também de espaço de debate. É por lá que também vão andar as startup ligadas à comida que surjam em concursos da StartUp Lisboa.
"Quero que o cliente citadino tenha acesso ao que de melhor se produz neste País", refere Cláudia.
A Praça tem ainda um forte compromisso social, que se vê na preocupação em integrar a comunidade do Beato e também no lançamento de uma Bolsa de Refeições Social para possibilitar o acesso a refeições por parte de famílias carenciadas da região.
Sem se comprometer com datas específicas, Cláudia atira para o final do primeiro semestre de 2021 a abertura da Praça. Mas o cartaz que ocupa uma das paredes do edifício, não deixa margem para dúvidas: "The Future is Here".