O mundo divide-se em dois para quem gosta de comer bem: de um lado, aqueles que adoram O Velho Eurico e conseguem enfiar em qualquer conversa com amigos as descrições das delícias que lá experimentaram; do outro, os que desesperam por conseguir mesa no famoso restaurante lisboeta liderado por Zé Paulo Rocha.
Mas para o chef de 25 anos, a explicação para este incrível sucesso tem mais que ver com o ambiente do restaurante do que com qualquer outra coisa.
"Há muita gente a fazer comida boa, tal como nós, por isso acho que não é bem pela comida, mas sim pela forma como recebemos as pessoas. Acho que isso é 70% da nossa casa", diz Zé Paulo Rocha à MAGG, que este ano foi um dos três chefs Rising Stars (categoria dedicada a novos talentos no meio gastronómico) escolhidos para participar do Chefs on Fire, que decorre até este domingo, 10 de setembro, na Fiartil, no Estoril.
"Não estava à espera ainda", diz sobre o convite para participar do festival gastronómico. "É uma oportunidade incrível e estamos a gostar muito", acrescenta, revelando o que o levou à escolha do prato para esta estreia no Chefs on Fire: cabeça de porco à Bairrada.
"Gostamos muito de pegar em peças menos nobres e dar-lhes uma nova vida, e acho que o Chefs on Fire é o evento ideal para o fazer. A aceitação está a ser incrível, estava com um bocadinho de medo que assim não fosse, mas também é essa adrenalina que nós gostamos e está a correr muito bem."
Um passa a palavra que fez d'O Velho Eurico um fenómeno de sucesso
Aberto desde agosto de 2019, o restaurante liderado por Zé Paulo Rocha enfrentou vários confinamentos e foi obrigado a deixar a porta entreaberta. Isto porque fizeram uma aposta no take away, que veio a revelar-se certeira. "O take away resultou muito bem, conseguimos manter o serviço intimista com os clientes que já tínhamos. E depois da pandemia, foi abrir normal", diz o chef.
Porém, o "normal" é um sucesso gigante, tanto que as filas de espera por uma reserva podem chegar aos dois meses. Mas Zé Paulo Rocha recusa a ideia de que seja esta dificuldade o chamariz da casa. "Estamos a fazer exatamente a mesma coisa que fazíamos há dois anos, só que com uma aceitação muito maior. O passa a palavra foi muito importante."
N' O Velho Eurico, as novidades não param. "Estamos a pôr pratos novos mensalmente, até porque temos clientes fidelizados e gostamos de apresentar coisas todos os meses", recorda o chef, que aponta os pratos com mais saída no restaurante. "O bacalhau à Brás, o pastel de leitão de massa tenra. E em breve voltará o chambão, que fazemos estufado, mas depois colocamos numa sandes, quase como se fosse um preguinho."
E para o futuro? "Tenho ganas de abrir outro espaço, mas num prazo de cinco a dez anos", diz Zé Paulo Rocha que, antes disso, quer regressar ao Chefs on Fire. "Gostava muito de voltar", refere o chef Rising Star de 2023.
O Chefs on Fire termina domingo, na Fiartil, entre as 12h e a 00h. Ainda há bilhetes disponíveis para este domingo, com o bilhete diário a custar 75€ (inclui 5 doses de comida e 2 bebidas).