O que é que vai bem a seguir a um almoço de pica no chão (ou cabidela, conforme a expressão que preferirem usar)? Uma sesta. Era bom, só que não, e aqui estamos nós, a reportar a nossa mais recente visita ao FOGO.
O restaurante do chef Alexandre Silva (que viu, esta terça-feira, 22 de novembro, renovada pelo sétimo ano consecutivo a estrela Michelin do seu outro projeto, o LOCO), célebre por usar apenas combustão a lenha para cozinhar, tem desde o início deste mês um menu de almoço com pratos tradicionais portugueses, cujos sabores reconfortantes nos transportam de imediato para aqueles invernos frios, com a panela de ferro fundido à lareira, onde cozinhavam lentamente delícias das nossas avós.
À segunda-feira, o FOGO está encerrado mas, a partir de terça-feira, há, por dia, um prato para satisfazer os apetites mais tradicionais. Os preços começam nos 19€ por prato e variam consoante o dia.
- Terça-feira - Polvo Assado à Lagareiro
- Quarta-feira – Cabidela de Frango do Campo
- Quinta-feira – Arroz de Peixe e Marisco no Pote de Ferro
- Sexta-feira – Pernil Assado no Forno a Lenha com Piso de Coentros
- Sábado – Cabrito Estonado no Forno a Lenha
- Domingo – Leitão Assado no Forno a Lenha
“São pratos que vêm na linha dos sabores tradicionais, com matérias-primas de excelência, temperos apurados e o sabor fumado tão característico das nossas aldeias e que procuramos recriar no FOGO, com a elevação das técnicas e um toque de sofisticação”, comenta Alexandre Silva, em comunicado.
A MAGG visitou o Fogo esta quarta-feira, 23 de novembro, dia de cabidela. Servida num prato de barro, aromática e avinagrada, impressionou logo pelo pormenor (que pode chocar os mais sensíveis e menos habituados a estas iguarias galináceas): as patinhas, semimergulhadas no arroz caldoso, e com aquele aspecto gelatinoso, prova de que estiveram o tempo suficiente a cozinhar para os ossos se desintegrarem na boca.
Comprovámos, de facto, o ponto da carne, delicada e a desfazer-se, num rácio perfeito entre pedaços de proteína, caldo do cozinhado e arroz. O grão estava ligeiramente passado do ponto mas, nestas coisas do arroz, às vezes bastam uns segundos para a textura mudar. Ainda assim, uma surpresa inesperada, reconfortante, de sabores simples, limpos e tradicionais, mesmo o que se quer quando se come cabidela.
Acompanhámos com vegetais da época (6€), beterraba, abóbora e brócolos, assados e no ponto, com aquela tonalidade (e sabor) ligeiramente carbonizado que só o fogo concebido pela madeira consegue criar.
Apesar de ser dia da semana, e os repastos não se quererem alongados, acompanhámos a cabidela com um copo de espumante Quinta do Poço do Lobo, frutado e leve. Fechámos com uma das melhores (e menos doces) sobremesas que já provámos, bolo Podre, figo pingo de mel e iogurte (8€), o posfácio perfeito para uma tarde cinzenta e fria.