Queria ser carpinteiro. Mais tarde arquiteto. Estudou Comunicação Empresarial, no Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), onde fazia quiches na cozinha, e hoje é um dos chefs mais reconhecidos em Portugal. E no mundo: em fevereiro recebeu o prémio de melhor cozinheiro do ano, pela Academia Internacional da Gastronomia. Esta segunda-feira, 7 de maio, José Avillez abriu um novo restaurante no Parque das Nações, o Cantinho do Avillez. É o 15.º do chef.
O império começa em setembro de 2011, quando o lisboeta de 38 anos abre o Cantinho do Avillez, no Chiado. A partir daí, ninguém o para. Em sete anos, são já 15 restaurantes e planos para mais. Começou como uma equipa de 12 pessoas, hoje são cerca de 550 a trabalhar para servir cerca de 65 mil pessoas por mês. "De repente passou a ser uma empresa à séria. Muito dedicada para a cozinha e qualidade, mas que teve que passar a olhar muito para a gestão, para a gestão de controlo de custos, gestão de recursos humanos", explica José Avillez à MAGG.
Depois do Cantinho do Avillez, vieram o Belcanto, o Café Lisboa, a Pizzaria Lisboa, o Mini Bar, o Bairro do Avillez (Taberna, Páteo, Beco e Cantina Peruana), a Pitaria, a Cantina Zé Avillez, a Tasca Chic e outros projetos sem assinatura. Pelo meio, abriu o Cantinho do Avillez no Porto e agora no Parque das Nações, onde a MAGG esteve à conversa com o chef.
Com uma vista privilegiada para o rio, o novo espaço mantém o conceito e os pratos mais clássicos. Os peixinhos da horta, as lascas de bacalhau com migas soltas, ovo BT e azeitonas explosivas, e a avelã³ são alguns dos que passam também do Chiado para o Parque das Nações. Boas notícias para os clientes mais assíduos do primeiro Cantinho.
"O conceito é a combinação da cozinha portuguesa com a influência de viagens. Uma mistura de sabores que de alguma forma têm alguma ligação a Portugal, ou histórica ou afetiva, por eu ter passado alguma temporada nesse sítio."
O ceviche de vieiras (9€), a moqueca de corvina e camarão (14€), as lascas de bacalhau (18,25€), e a avelã3 (5,50€) são os pratos de eleição do chef neste novo espaço que sai do bairro que já domina. "Achámos que o Parque das Nações fazia todo o sentido porque será sempre um sítio ligado à abertura a outros mundos e culturas. E é uma zona com um turismo diferente e com cada vez mais habitação e escritórios."
Uma das novidades desta carta é também o Tagliatelle de camarão, manjericão e malagueta (14,50€), que provámos e aprovámos. Uma boa combinação de sabores, mas apenas com um ponto menos positivo. A expetativa ao ler malagueta é de que o prato venha minimamente picante, o que não aconteceu.
O Cantinho do Avillez deixou de ser apenas o nome de uma marca e passou a ser uma espécie de marca reconhecida internacionalmente, "no Brasil e em Espanha este já é um nome muito forte", e daí a decisão de abrir este restaurante no Porto e agora na Expo.
Perguntámos ao chef se tem um restaurante preferido (dos seus), mas não se conseguiu ficar por um, "tenho uma relação especial com o Cantinho por ter sido o primeiro e, claro, com o Belcanto porque é onde me posso exprimir mais criativamente." E pedimos ainda que atribuísse uma palavra a cada um dos seus espaços: "Belcanto é evolução, Cantinho é casa, Pizzaria Lisboa é família, Bairro do Avillez é bairro, Mini Bar é diversão, Beco é sensualidade, Café Lisboa é clássico, Cantina Peruana e Cascabel são étnicos, Cantina Zé Avillez é tradição, Tasca Chic é fast-chic, Pitaria é 'fun', Jacaré é carnívoro-vegetariano."
Mas para gerir este número infinito de restaurantes, são precisos vários ingredientes. "São já muitos cabelos brancos. Para se gerir esta empresa é preciso uma grande e muito boa equipa. Muito rigor, controlo e paixão. Mas mesmo essa paixão tem de ser controlada e gerida pela razão."
Para um futuro próximo, os planos são de abrir mais espaços, mas desta vez também fora de Portugal. Primeiro o Mini Bar no Porto e depois um novo conceito no Dubai.