Revolução. Foi mais ou menos o que aconteceu com a carta do restaurante Eat Pray Love, no Cais do Sodré, em Lisboa. É um espaço para comer de manhã à noite e ainda bem que assim é, já que tanta coisa há para provar.
A carta mudou por completo para celebrar o primeiro ano de vida, com exceção de um ou outro clássico que se fosse tirado seria como um atentado para alguns clientes. É o caso do kokoa, bolo de chocolate com topping de framboesas, conhecido por ser sem pecado, e das sangrias, em particular a de maracujá e vinho verde.
Mas para refrescar há outras novidades logo na seção dos cocktails. Um deles é o Serenity, que achámos interessante pelo facto de levar aquafaba de modo a dar alguma cremosidade em vez se usar clara de ovo — tornando-se assim um cocktail vegan, ao mesmo tempo que é mega instagramável.
Os cocktails, que tanto podem servir de aperitivo como acompanhamento para refeição, são o símbolo de equilíbrio num restaurante de perfil flexitariano — com opções vegetarianas, veganas e também com carne e peixe —, assim como com uma vertente mais saudável, já que no Eat Pray Love não entram açúcares refinados.
Fomos conhecer as novas propostas neste âmbito e deixamos já um teaser do que aí vem: uma sobremesa de rezar por mais.
Eat de manhã à noite
Quase não passou nada da última para a nova carta, feita com consultoria da chef Amábile Kolenda, que está ajustada a todas as horas do dia (pelo menos enquanto o Eat Pray Love está aberto, das 10 horas à meia noite).
Para começar a manhã, é possível optar pelas novas panquecas, como as mais frescas de frutas da época e açaí (7€) ou as mais gulosas de banana, chocolate e calda de caramelo de coco (7€). Nas bowls, surge no topo um pudim de chia tiramisù (4,50€) e a chamar o verão uma bowl tropical, com banana, manga, ananás, curcuma, gengibre e bebida de coco (6,50€).
Quem fala de manhã, fala de brunch ou almoço, no fundo não há horas do dia para comer tudo o que se serve no restaurante, adepto do conceito de “brunch all day”. Às 12h tanto pode ir para comer o novo prato de brunch, composto por burrata, vegetais salteados, omelete, fatia de pão de fermentação lenta, abacate, molho pesto, salada da época (12,80€), como ir pelas 14h e fazer um almoço tardio completo.
Aí podem entrar as tostas, como a de abacate e ovo com molho holandês (7€) e a sua versão vegan com tofu mexido em vez de ovo (7,50€), uma salada de esparguete de courgete, molho pesto e burrata (8€) ou um dos hambúrgueres, entre eles o de pão brioche, hambúrguer de cogumelos Tanah vegan, maionese de alho assado e de pimento fumado (12,50€).
A aproximar-se a noite, ora se petiscam os novíssimos tacos, proposta introduzida pela primeira vez na ementa, entre os quais o de frango picante (8€) e o de bacalhau com pimento vermelho (8€), ora os pratos compostos.
Há dois vegetarianos — caril fresco tailandês (13) e couve flor assada com húmus (11€) —, um de carne, o frango em molho com cogumelos e espargos, acompanhado de purê de couve flor cremoso com azeite de trufas (12€), e outro de peixe: canelloni de salmão e requeijão (12,50€).
Provámos este último e há que dizer que o pedido feito ao engano. Ao engano porque é-nos dada a opção de escolher como acompanhamento arroz ou salada e optámos pela salada porque a ideia de canelloni leva-nos para algo pesado. E logo aí enganámo-nos redondamente.
Eram três rechonchudos canelloni afundados num molho de tomate que de imediato nos fez perceber mais um engano: precisamos de arroz. Juntar ambos foi o culminar de uma refeição bem sucedida e mais saudável, já que este canelloni é feito com fatias de beringela em vez da tradicional massa de ovo.
Quanto a sobremesas, só temos uma coisa a dizer: pray.
Pray de satisfação e aos sábados
Há quem dê as mãos antes de começar a refeição e quem prefira deixar os agradecimentos para o fim. Escolheríamos talvez esta última opção, digna de acontecer depois da nova cookie vegan de frigideira, servida com caramelo de coco e bola de gelado de baunilha (4,50€). Só esta descrição já nos deixou de novo de água na boca dada a explosão de texturas e contraste de temperaturas que este pedaço de gula, no qual não entram açúcares refinados, suscita.
Quem entra no Eat Pray Love, mais do que a primeira proposta, comer, procura rezar no sentido de ter paz de espírito.
Isso é conseguido ao nutrir o corpo de forma mais saudável e também ao juntar a alimentação à prática de ioga, ballet, body dance ou à participação em workshops, palestras e eventos direcionados para o bem-estar do corpo e mente integrados no novo EPL Concept Studio + Brunch.
Todos os sábados haverá uma programação diferente, das 10h ao 12h, que promete levar-nos a Bali, ilha na Indonésia, para onde foi Liz Gilbert (Julia Roberts) com o objetivo de encontrar a sua paz no filme "Comer Orar Amar" (do título original "Eat Pray Love", que dá nome ao restaurante).
Love sempre (e em boa companhia)
De domingo a quinta-feira é dia de pray à mesa. Mas mal chega a sexta-feira e sábado as rezas trocam-se pelo murmurar das letras que vão passar nas sessões de DJ sets e música ao vivo.
Esta é outra das novidades do Eat Pray Love e apropriada para provar os novos cocktails. Entre eles está o Love, nem a propósito, um cocktail delicado e estético, feito com Smirnoff infusionada com baunilha, morango, limão, leite de Côco, licor de flor de sabugueiro, aquafaba (12€), que vimos chegar a outras mesas e a ser erguido em direção à boca vezes e vezes sem conta até este amor num copo alto acabar.
O Love é para os que gostam de bebidas mais doces, mas se o seu gosto, como o nosso, prefere o contrário, o Serenity, com Tanqueray London Dry, Aperol, limão e aquafaba (12€), e o Wellness (10€), são as melhores opções. Apesar de este último parecer um sumo verde, tem mesmo álcool, Tanqueray London Dry, combinado com pepino, manjericão e limão.
Liz Gilbert (Julia Roberts) certamente gostaria que em 2010, ano de lançamento do filme, já existisse este restaurante para que não tivesse de andar pelo mundo para encontrar-se a si própria. No entanto, assim que abriu em 2021, entrou na decoração do Eat Pray Love e de lá não saiu mais. Tal como Liz Gilbert, nós já encontrámos o nosso eu: à mesa ou no tapete de ioga do Eat Pray Love.