Nutrir o corpo é um dos principais focos de Catarina Lopes, nutricionista funcional. Mas, além dos abacates que são quase uma imagem de marca da nutricionista, pensar no seu bem-estar físico e mental é mais um dos seus objetivos. Foi com esta preocupação que encontrou o ballet fitness há nove anos.

"Conheci o ballet fitness em São Paulo, Brasil, quando lá vivi, e fiquei rendida. Estava farta de ginásios e aulas de grupo e vi na internet alguém a praticar Ballet para adultos. Recordei os meus período de infância e quis experimentar", conta à MAGG.

Além de recordar estes tempos de pequena, sentiu as vantagens que o ballet pode ter no corpo de uma adulta: com duas práticas semanais, ao final do primeiro mês, viu a sua postura melhorar, assim como a sua autoestima. "Senti-me bastante feminina e mais delicada."

Mas, afinal, em que consiste isto do ballet fitness? Não, não vai ter de dançar. No fundo, a modalidade junta ao fitness, posturas, posições e exercícios de barra (em casa pode utilizar uma cadeira ou outro apoio) utilizados na exigente dança clássica.

Com a COVID-19, também os moldes do ballet fitness mudaram. Os estúdios foram substituídos pela casa de cada um dos alunos, a barra passou a ser uma cadeira ou qualquer outro apoio possível.  Mas não foi só a readaptação da modalidade que a pandemia provocou: o vírus e o confinamento aumentaram a procura da atividade na forma de diretos  (do Holmes Place ou B Body Lab), de maneira a contrariar o sedetarismo e a combater as más posturas do teletrabalho.

"De repente tinha amigas e familiares a dizer que gostavam de se juntar e experimentar o Ballet Fitness"

A dança entrou na vida de Sofia Bichão quando esta tinha apenas três anos. Depois de completar a Royal Academy of Dance, uma das maiores academias de dança de todo o mundo, entrou no Conservatório Nacional de Dança, onde esteve até aos 15 anos. Apesar de até aqui a dança clássica ter sido uma parte fundamental do seu crescimento, aos 18 anos ficou dividida quanto ao futuro.

Sofia Bichão
créditos: Sofia Bichão

"Tinha várias paixões: dança, desporto e comunicação/marketing. Acabei por concluir duas licenciaturas, na área da Dança e em Comunicação e Marketing. O meu último ano da licenciatura em Dança foi concluído em Roterdão onde tive contacto com projetos muito interessantes e assim que cheguei a Portugal comecei a dar aulas em ballet, dança contemporânea e, mais tarde, ballet fitness. Já lá vão 9 anos desde então", conta Sofia à MAGG.

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Apesar de durante vários anos ter estado a dar aulas de ballet fitness, a quarentena foi o empurrão para lançar o seu próprio projeto, o B Body Lab. "A escola onde dava aulas fechou e experimentei dar aulas online às minhas alunas. De repente tinha amigas e familiares a dizer que gostavam de se juntar e experimentar o ballet fitness."

O passa palavra foi o grande impulsionador para Sofia Bichão agarrar, então, esta oportunidade de realizar um sonho de ter as suas próprias aulas. "Tive a oportunidade de juntar todas aquelas valências que nos meus 18 anos me deixaram confusa: a dança e o desporto com a comunicação e o marketing", conta. "Criei um logo, um Instagram e um site onde se pode comprar as aulas diretamente. A vertente online é o futuro e esse é o meu core business." Ainda assim, não põe de parte os contactos pessoais: já realizou uma aula ao ar livre, a 26 de junho, cujo feedback a deixou motivada a repetir a experiência.

Para já, as aulas, com uma duração de 45 minutos, são dadas via Zoom. Para aqueles que não têm horário para assistir às mesmas em direto, podem aceder às gravações disponibilizadas posteriormente no site a que os alunos têm acesso. Para cada aula, basta ter um sítio onde se possa apoiar para o trabalho de barra e um colchão para o trabalho de chão. Por vezes podem ser necessários pesos — dois pacotes de arroz de um quilograma já cumprem a função.

Para quem é o Ballet Fitness?

Apesar de Sofia Bichão, a criadora do B Body Lab, ainda não ter homens nas suas aulas, a mesma refere que a modalidade é tão válida para o sexo feminino como masculino. E para os chamados "pés de chumbo"? Também.

"O ballet fitness pode ser praticado por qualquer pessoa com capacidade para fazer atividade física. Não é preciso ter praticado nem ter qualquer conhecimento de ballet para fazer esta aula. Para quem inicia pode escolher as opções mais fáceis de alguns exercícios que vou dando ao longo da aula, até que o músculo se habitue ao tipo de trabalho", explica a professora.

Como em quase tudo, é através da prática que se chega à perfeição, ainda que pela experiência da nutricionista Catarina Lopes, esta leve algum tempo a ser atingida: "Ainda hoje tenho alguma dificuldade e tento trabalhar diariamente. Ter uma boa postura e flexibilidade é mais difícil do que parece."

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Numa primeira fase o essencial não é fazer uma posição perfeita, mas sim consciente. "Nas minhas aulas explico as posições na perspetiva da realização dos exercícios sem lesões. As minhas alunas são testemunhas, estou sempre a dizer: 'Joelhos alinhados com a ponta dos pés' ou 'ombros para trás'. Contudo, é importante que as pessoas respeitem o seu próprio corpo e utilizem as opções em alguns exercícios, se sentirem necessidade", explica Sofia.

O que é que o ballet fitness faz ao corpo?

Não há milagres. Ou seja: como com qualquer outra modalidade, se treinar muito, mas comer mal, não vai ver os números da balança a descer. "Permite emagrecer se for feito com regularidade e conjugado com uma boa alimentação", diz Sofia. "Contudo, não há dúvida de que para quem quer tonificar o corpo, esta é A modalidade."

E em que músculos é que a atividade é mais exigente? Não há dúvidas: "Sem dúvida glúteos e pernas", diz Sofia, numa alusão aos músculos que no dia seguinte estão mais doridos.

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Além da tonificação muscular, a postura é um dos pontos de destaque desta modalidade. Quem o reconhece são as alunas: "Desde que comecei com a Sofia, sinto-me mais definida e com melhor postura", conta a nutricionista à MAGG. Mais do que para perder peso, o exercício físico aparece na sua vida para combater o sedentarismo, associado aos trabalhos que se desempenham sentados.

Nesse sentido, uma das vantagens do ballet fitness, principalmente para quem esteve ou está em teletrabalho, é ajudar "na consciência postural e, consequentemente, na autocorreção da postura", explica a fundadora do B Body Lab, acrescentando que os ensinamentos das aulas se levam para a cadeira do escritório. Para lá de tudo isto, a modalidade ajuda ainda a melhorar a coordenação motora, a flexibilidade e o equilíbrio.

As aulas no B Body Lab acontecem duas vezes por semana: à terça e quinta-feira, às 19h30. A subscrição mensal custa 14, 99€.