Quem passar pelo número 108 da rua D. Estefânia, no Saldanha, Lisboa, pode pensar que é só mais um restaurante de hambúrgueres de inspiração americana. Mas não, o PoBrothers é o primeiro restaurante de po-boys em Portugal. Po-boy é uma sandes típica dos Estados Unidos, em específico de Nova Orleães, e consiste numa baguete recheada de frango, porco, vitela ou camarão. O nome deriva de “poor boys” (jovens pobres, em português) por ter sido em tempos o alimento destes.
A ideia de abrir um restaurante com o conceito americano veio diretamente dos Estados Unidos. Há mais de 15 anos, os irmãos Miguel e Pedro Silva fizeram uma viagem pelo sul do país, onde passaram por estados como Texas, Mississippi, Alabama, Luisiana e, em particular, a cidade de Nova Orleães. Foi nesta última que se apaixonaram pelos sabores e simplicidade da gastronomia norte-americana.
“Ficámos especialmente admirados com a simplicidade da cozinha da zona, porque fazem coisas que são totalmente finger food mas com uma elaboração muito grande. E ficámos muito admirados com isso, coisas extremamente saborosas a preços muito baixos”, contou Miguel Silva à MAGG.
A marinar durante mais de 15 anos, a ideia foi finalmente concretizada com a abertura do PoBrothers, em Lisboa, no final de agosto de 2022. Familiarizados com o mundo da restauração desde sempre, e com experiência em restaurantes de comida tradicional portuguesa, os dois irmãos perceberam que tinham a oportunidade de dar a conhecer um conceito - po-boys - que não era explorado em Portugal. “Não há nada igual nem em Lisboa nem em Portugal. Não há nenhum conceito de po-boys ou french dip. Admiravelmente, não há”, afirma Miguel.
É num ambiente descontraído que somos convidados a entrar no PoBrothers. A decoração é baseada na cultura americana, com vários quadros pelas paredes do restaurante com imagens de figuras do basebol e do futebol americano, e de personalidades como Marilyn Monroe e Elvis Presley. Assim que entramos, vemos ao fundo a bandeira dos Estados Unidos que combina com os bancos — vermelhos e azuis — que contrastam com a madeira escura das mesas.
Mas, afinal, provámos ou não um po-boy? Claro. O po-boy de camarão (9,20€) é uma sandes recheada de camarão panado, e muito suculento, com molho rancho, tomate alface e pickle.
No entanto, ficámos verdadeiramente surpreendidos com outra sugestão: a french dip de vitela (9,25€). As french dips são ”sandes recheadas com carnes estufadas durante oito horas, e desfiadas, com queijo gratinado por cima, e depois tens o molho à parte. Daí o dip, que é para molhar, para ficar mesmo bem molhado. É pegar na sandes e molhar no molho”, explicou Miguel.
E sim, é tão decadente de bom como parece: a carne é suculenta e saborosa, o pão é ligeiramente tostado por fora, o que não o torna totalmente ensopado quando molhado, e o molho torna a experiência completa. Mas atenção, prepare-se para comer à grande e correr o risco de se sujar.
Nas entradas, pode contar com amendoim com mel e chips de macarrão (1,95€), acompanhadas pelo molho rancho, que são uma criação exclusiva dos PoBrothers, e que garantimos serem os macarrões mais viciantes que já experimentou. Entre estas há ainda a baguete com queijo chevre e molho rancho (3,50€) e o camarão crocante (7,50€).
Como não podia faltar num menu de inspiração norte- americana, pode sempre contar com a opção do hambúrguer clássico (7,50€) com as batatas fritas com molho cheddar e bacon (2,50€).
Para adoçar o final da refeição fomos surpreendidos com a crispy pecan pie de nozes com gelado de baunilha (2,50€), que combina de forma equilibrada a textura estaladiça da massa com a cremosidade e o sabor do recheio, e com o brownie com frutos vermelhos e amêndoa com gelado de baunilha (2,50€), ideal para os amantes de chocolate.
Sobre a receptividade dos clientes, Miguel afirma que a aceitação tem sido muito grande, embora lenta por ser “um nicho muito pequeno”. No entanto, o PoBrothers já recebeu vários estrangeiros americanos que, segundo Miguel, “gostaram muito, disseram que é tão bom ou melhor do que alguns sítios de lá".
"Tive gente de Nova Orleães, Mississipi, do Alabama, e gostaram bastante. E ficaram admirados como é que em Portugal, um sítio tão longínquo, numa cultura que não tem nada que ver, haver um restaurante assim.”
