Em 2023, aquando da nossa primeira visita ao Primadonna, o restaurante italiano do VidaMar Hotels & Resorts Algarve, o cenário era muito diferente do atual. O espaço junto à Praia dos Salgados, que foi pensado para servir hóspedes mas também clientes exteriores ao resort de cinco estrelas — ou não tivesse o local uma entrada independente, sem passar pela unidade hoteleira —, tinha uma decoração simplista, pizzas e massas que cumpriam, e onde era habitual ver famílias tanto a jantar na sala de refeições ou na esplanada, como a optar por levar comida em take-away.

365 dias volvidos, e embora o restaurante permaneça no mesmo local e continue a servir comida italiana, tudo mudou com a entrada do chef  Vittorio Colleoni, que chega agora ao Algarve para colocar em prática toda a sua mestria de anos em inúmeros restaurantes de renome internacional, que até já lhe valeram uma estrela Michelin conquistada no restaurante da sua família em San Martino, em Itália.

L'Osteria Italiana. O novo spot perto do Marquês de Pombal dá tudo nos petiscos tradicionais e o melhor vinho de Itália
L'Osteria Italiana. O novo spot perto do Marquês de Pombal dá tudo nos petiscos tradicionais e o melhor vinho de Itália
Ver artigo

O chef, que também assume o cargo de chef executivo do grupo PBH (Tasca da Memória, Wine and Books Hotels e VidaMar Hotels & Resorts), e que não tem medo de inovar — algo que fica completamente patente com o amuse bouche servido ao início da refeição, uma espécie de capuccino italiano salgado, para abrir o paladar —, é, ao mesmo tempo, um homem que homenageia as suas origens e os verdadeiros sabores italianos, apostando também em receitas caseiras e genuínas, mas piscando sempre o olho aos produtos nacionais, fazendo uma ponte perfeita entre Itália e Portugal.

Desfile de sabores e uns profiteroles que nos levaram ao céu

Com uma nova decoração requintada, um ambiente mais elegante e até um Bruschetta Bar, ideal para petiscar ao final do dia, fica clara a intenção do renovado Primadonna, que incutiu também uma política de frequência para maiores de 6 anos. O objetivo foi claramente elevar a experiência de refeição com as mudanças no espaço e na carta, sendo realmente na oferta gastronómica que se sente a subida da fasquia.

Assim que nos sentamos, é-nos servido um clássico Aperol Spritz (9€), o pontapé de saída ideal para uma refeição 100% italiana, que casa muito bem com a oferta de couvert do restaurante. O que nos chega à mesa é o irreverente amuse bouche do chef, pão de massa mãe (que é só fabuloso), foccacina com tomate seco, grissini com ervas de Provença, servido num vaso, como se de uma planta se tratasse, e ainda azeite virgem DOP (4,50€ por pessoa).

Primadonna
créditos: Adriana Urbano

Para entradas, optámos pelo rigatoni di tonno crudo (22€), rolinhos de atum recheados com tártaro, molho bagna càuda e crumble salgado de pistáchio, uma proposta que nos conquistou pela crocância dos rolinhos e frescura do molho. Voltámos a dar primazia à leveza, e pedimos também o vitello tonnato (22€), rosbife de vitela, espuma de atum, alcaparras, anchova e alface romana, um prato fresco e onde, mais uma vez, a estrela foi o molho, neste caso específico a espuma do peixe, que contrastava com a carne.

Nos pratos principais, colocámos à prova o talento do chef Vittorio Colleoni, e voltámos às bases com um prato de massa simples, mas onde os sabores têm de estar no ponto. Falamos do paccheri al pomodoro (17€), massa com molho de tomate, manjericão e uma generosa dose de queijo Grana Padano. O molho de tomate estava guloso, sem ser demasiado pesado, o manjericão sentia-se na quantidade certa e a massa estava cozinhada al dente, como que se quer.

Primadonna
Chef Vittorio Colleoni créditos: Adriana Urbano

Numa proposta menos básica, optámos pelos tortelloni al pesto e calamari (25€), onde a massa é recheada com molho pesto, e acompanha com lulas, bottarga, feijão-verde e micro ervas. Os tortelloni voltaram a estar cozinhados no ponto, e as lulas suaves.

Nas sobremesas, dividimos o mal pelas aldeias e escolhemos um clássico dos restaurantes italianos, o tiramisù (12€), que nos levou numa viagem automática para qualquer cidade deste país, sem grandes artifícios, mas todo o sabor. Cedemos à tentação do chocolate com os profiteroles al'italiana (13€), com recheio de gelado de nata e chantilly, cobertos com molho de chocolate quente.

Vamos deixar as imagens falarem por si.

Com várias referências de vinhos nacionais e italianos, optámos por um fresco e delicado Natale Verga Pinot Grigio, com notas delicadas de maçã e pêra, que está disponível tanto ao copo (7€) como em garrafa (21€).

O ótimo, o bom e aquilo que podia ser melhorado

Em termos mais simples, o Primadonna subiu de nível e ficou num outro patamar em relação ao que existia anteriormente? Não temos dúvidas que sim. De um italiano que cumpria o pedido de um restaurante familiar, passámos para um local onde a estrela é a comida do chef Vittorio Colleoni, que nos faz querer voltar para provar a carta inteira. Mas, mesmo assim, há pontos a melhorar.

O ótimo

  • a comida, principalmente as duas sobremesas. Não há como ignorar que esta foi uma das mais inovadoras e saborosas refeições verdadeiramente italianas que comemos nos últimos tempos. Desde o arrojo do amuse bouche do chef ao vaso de grissini, passando pelos sabores bem presentes em pratos mais simples de massa e a terminar na loucura de boas das duas sobremesas, o Primadonna deu um salto qualitativo gigante em relação à oferta anterior.

O bom

  • o espaço interior. A sala de refeições ganhou um nova decoração, novas cores, um ambiente mais requintado, mesas e cadeiras elegantes e mantém a cozinha aberta. O espaço está claramente num nível diferente, e ao nível da comida servida.

O que podia ser melhorado

  • a esplanada merecia mais intervenção. Ao contrário da sala, que está completamente diferente, o espaço exterior manteve-se exatamente igual e, neste momento, não é uma esplanada nem ao nível da decoração do Primadonna, nem da comida que aí é servida.

Outro ponto que deveria ser revisto é a limitação de frequência por maiores de 6 anos, uma idade que não nos faz sentido. Ou bem que o objetivo é manter um restaurante tranquilo, e aí diríamos que essa limitação deveria ser subida até aos 12 anos, por exemplo, — e nada contra, até concordamos, dado que combina com a atmosfera mais requintada do local — ou talvez fizesse mais sentido desaparecer.

Isso porque todos sabemos que as crianças de 6, 7 anos e por aí fora podem ser até bastante mais ruidosas do que bebés e miúdos mais novos, e quem tem crianças mais jovens e opta por deixá-las com babysitter (um serviço que o hotel tem disponível e funciona às mil maravilhas), acaba por sentir-se um pouco em desvantagem, dado que apesar de querer desfrutar de uma refeição tranquila, leva com o barulho e a agitação dos miúdos na mesma. Nestes casos, somos fãs de uma postura "tudo ou nada": ou bem que as crianças são permitidas, ou bem que é um restaurante mais focado em adultos.

Veja as fotos do Primadonna.

Primadonna

Morada: VidaMar Hotels & Resorts Algarve, Rua Boca da Alagoa 1, Fase 2, 9200-424 Guia
Horário: quarta-feira a domingo, das 19h às 22h
Contactos: +351 289 038 013

Site, Facebook e Instagram