"Nas veias dos libaneses corre sangue de comerciante", garante Safaa Dib que, depois de uma vida dedicada aos livros e à política, se rendeu àquilo que lhe vem da origem.
Veio do Líbano com dois anos e viu a família crescer em Portugal. Os pais abriram o Fenícios, o primeiro restaurante libanês de Lisboa, isto em 2010 e, três anos mais tarde, o irmão expandiu o negócio para o segundo restaurante com o mesmo nome, desta vez na rua Castilho.
Safaa assistia a tudo enquanto espectadora, não deixando morrer nunca a vontade de um dia abraçar esta linhagem empreendedora.
Até dar esse salto, dedicou a vida aos livros, enquanto editora da Saída de Emergência, e à política, no partido Livre, tendo sido até cabeça-de-lista nas eleições autárquicas à Câmara Municipal de Oeiras.
Hoje, continua ativa no partido e nos livros — foi a organização da vertente literária da Comic Con —, mas decidiu juntar a essas duas paixões uma outra: a restauração.
Aproveitou os conhecimentos da mãe e a experiência da rede de funcionários dos restaurantes da família para abrir a Casa dos Cedros, um espaço que, na verdade são três: restaurante, pastelaria e mercearia.
Fica na Avenida Duque de Loulé e, por isso, fez questão de ter um menu de almoço para quem trabalha na zona. Há sanduíches a 7€ de falafel, kafta (pita de carne de vaca) e shawarma (feito com vários tipos de carne), mas também há pratos mais completos, todos a 8,90€ com direito a bebida.
É o caso do kafta (de vaca ou de frango) com batata e molho tahine (pasta de sementes de sésamo) ou o húmus shawarma, um prato feito com carne servido com puré de grão e batata harra, uma especialidade picante de batatas salteadas temperadas com alho e coentros. Há também uma moussaka de legumes e um kibbe vegetariano, uma especialidade libanesa feita com trigo moído, cebola, abóbora, espinafres, grão e frutos secos.
As saladas podem ser de queijo halloumi (8€) ou de falafel (8€) e há sempre a opção de partilha com dois mezze, um tradicional e outro vegetariano que conta com petiscos tão típicos como o húmus, o kibbé e fattoush, uma salada feita com pão.
Se alguns destes nomes lhe parecerem estranhos, não se preocupe. O menu tem uma espécie de dicionário e Safaa está a preparar uma brochura para que os clientes saibam mais sobre os produtos que compõem os pratos e que, ao mesmo tempo, estão à venda, na mercearia montada a aproveitar as estantes antigas de um espaço que, antes de ser Casa dos Cedros, foi uma farmácia.
Aqui vende-se o tahini, por exemplo, mas também o chá, o café, as folhas de videira, as conservas e o álcool típico do país.
Já os doces (todos a 3€), dos quais Safaa tanto sentia falta de ver à venda em Lisboa, dividem-se entre a baklava, um pastel de massa folhada recheado de amêndoa e pistácio, o mouhallabié, um pudim libanês servido com flor de laranjeira e o aish el-saraiya, creme de leite com pão tostado e pistácio.
É ainda possível levar para casa algumas das especialidades libanesas, em versão individual para take away. O kibbe, o humus, o falafel e o lahm bil ajin custam 4,50€, o fatoush e o labneh custam 4€.
Mais uma vez, não se preocupe com os nomes estranhos. A Safaa está lá das 9h30 às 19h30 pronta para mais uma tour pelos sabores da sua infância.