Bizarrap protagonizou uma das atuações do dia 10 de agosto (o segundo da 25.ª edição do MEO Sudoeste). A performance deste DJ e produtor musical começaria perto da meia noite e meia, depois de Farruko (autor de "Pepas") e antes de Dennis (do tema "Tá Ok"). Saiba como correu.

Antes de mais, importa esclarecer que só descobrimos a existência de Gonzalo Julián Conde (o nome verdadeiro de Bizarrap) este ano — e tudo graças a Shakira. A 12 de janeiro, o DJ argentino lançava "Shakira: BZRP Music Sessions, Vol. 53", música que viralizou de tal maneira que viria a quebrar recordes do Guinness.

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A música, que já ultrapassou as 600 milhões de visualizações no Youtube, consiste, essencialmente, em fortes (in)diretas lançadas por Shakira para o ex-marido, Gerard Piqué, e a atual namorada, Clara Chia. E foi o suficiente para meter o nome Bizarrap nas bocas do Mundo.

Mas a carreira do artista teve início uns anos antes, em 2017, como viríamos a saber durante a pesquisa para este artigo. É caraterizada maioritariamente por estas "BZRP Music Sessions", durante as quais produz temas com artistas como Rauw Alejandro, Morad e Nicky Jam.

Atualmente com 21 milhões de subscritores no Youtube e prestes a completar 25 anos, Biza, como é chamado pelos fãs, subiu ao palco principal do MEO Sudoeste com uma T-shirt da Louis Vuitton e a sua imagem de marca: um boné e uns óculos de sol. Primeiro, estranhámos, dadas as horas e a ausência de sol, mas depois entendemos (e invejámos).

Isto porque percebemos a utilidade deste acessório perante o espetáculo de luzes irrequietas que acompanham Bizarrap. Servindo-se das suas mesas de mistura e dos auscultadores, o DJ começou o seu set. Mas ainda corria a primeira música e já estávamos cansados.

À semelhança do que aconteceu com David Guetta (que atuou na noite anterior), pode estar apenas em causa uma questão de gosto. Neste caso, da falta dele. Não encontrámos muitos elogios para a performance do DJ francês, mas, depois de assistirmos a Bizarrap, afinal, adorámos Guetta.

Se criticámos David Guetta por alternar entre músicas conhecidas e batidas, agora louvamo-lo porque, pelo menos de vez em quando, ainda conseguíamos identificar a melodia. No concerto de Bizarrap isso só aconteceu duas vezes. Comparámos o de Guetta a uma montanha-russa, mas o de Biza esteve longe disso.

Porquê? Porque não teve altos e baixos — já que nem chegou a levantar. "Boa noite, Portugal. Estão prontos?", perguntou, quando chegou, numa das poucas interações que teve com o público ao longo do concerto. No entanto, o facto de não falar com a multidão não significou estarmos perante um introvertido.

Bizarrap foi, possivelmente, quem mais abanou o capacete com o seu concerto. Depois de testemunharmos a falta de emoções de David Guetta, aprendemos a valorizar a energia do DJ argentino, cujo corpo acompanhava o ritmo que ecoava pelo festival (maioritariamente latino).

Meia hora depois de começar (e connosco já noutra dimensão), puxou-nos de volta. Como? Com um "uh uh uh uh uh" inconfundível. "Pa' tipos como tú", começava Shakira (como quem diz: "a única razão pela qual Bizarrap foi chamado para atuar neste festival de verão").

Era essa a ideia que tínhamos antes do concerto e foi essa a ideia com que ficámos depois dele. Queríamos acreditar que Biza tinha mais para dar, além-Shakira, mas, de facto, não tem. Calma! Errámos. Tem: "Quevedo: BZRP Music Sessions, Vol. 52" (aquela do "Quéééédate").

"Muito obrigado", disse, em bom portunhol, depois de ver a reação da plateia à canção de Shakira, que tocou acompanhada de imagens poderosas de lobas. "Continuamos mais um bocado?", perguntou, depois. Não vale a pena. Não queremos ser um transtorno. Não te incomodes.

A certa altura, Gonzalo Julián Conde abraçou-se à bandeira de Portugal e já não a tirou mais dos ombros. Mandou um beijinho e disse "Espero que nos voltemos a ver um dia. Xau". Da nossa parte, não vai deixar saudades, uma vez que, tirando aqueles dois momentos, o concerto não foi mais do que barulho de fundo. Não vamos querer "Bizar".