O novo restaurante Sauvage já abriu no Centro Cultural de Belém e a MAGG foi experimentar os novos pratos. Situado mesmo dentro do CCB, com vista para o Rio Tejo, o segundo restaurante desta nome pretende mostrar aos seus consumidores que a gastronomia portuguesa é uma das melhores que existe, dedicando-se à autenticidade da cozinha nacional.
Um pouco diferente do irmão mais velho, o Sauvage situado no Campo Pequeno, que está pensado para ser uma “cozinha do mundo”, o Sauvage CCB quer mostrar que a comida de conforto também pode ser trabalhada. António Carrilho, um dos sócios, explicou à MAGG que não quiseram brincar com as gastronomias que já existem no Campo Pequeno, justamente para trabalharem as características da cozinha nacional.
Aliás, apenas um prato principal e uma sobremesa são repetidos nos dois restaurantes, sendo toda a restante carta diferente. “Quisemos focar-nos mais naquilo que achamos que é o que o cliente procura [no Restelo], não só o português mas também o turista. Aquilo que demos primor aqui foi tentar trabalhar com produtos portugueses e brincar com algumas técnicas já nossas, mas tendo sempre como base os ingredientes nacionais”, disse António Carrilho.
Apesar de já estar aberto desde o dia 3 de outubro, o Sauvage CCB esteve em soft opening até agora. O espaço ainda não está finalizado em termos decorativos, faltando algumas peças de arte nas paredes, mas o grande objetivo é trazer uma peça central para o espaço aberto dentro do restaurante, para que a experiência do cliente seja memorável. A varanda é também um dos focos do restaurante, com vista privilegiada para o rio.
A carta foi elaborada pelo chef Ricardo Gonçalves, que decidiu renovar a gastronomia portuguesa, nunca tirando a sua essência, e dando-lhe um twist ousado e inovador. Os croquetes de pato (5€) foram os primeiros a chegar, servidos com compota de marmelo caramelizado e pickles de mostarda, que aconchegaram (e muito, porque até eram grandes) a barriga.
De seguida, o picadinho de bacalhau (12,50€) foi servido com ar de tinta de choco, alface do mar e ovas curadas, e para nós foi a estrela das entradas. A frescura do bacalhau com o sabor intenso da salsa e da cebola foram a combinação perfeita para dar início à refeição. Por fim, foi apresentado o brás de leitão (13€), com leitão, batata palha, tapenade e gema a baixa temperatura, uma excelente opção para aqueles que não apreciam peixe, mas que querem comer o típico “bacalhau à brás”.
Os pratos principais apareceram pouco tempo depois. Os copos continuavam a encher-se com água e vinho, tinto e branco (existe uma carta com mais de 25 opções). Para acompanhar, seguiu-se o arroz de lavagante (46€), com arroz carolino e algas que pode ser dividido entre duas pessoas. Para o nosso palato, o lavagante estava um pouco cozinhado de mais, mas o arroz carolino combinou tão bem com o peixe que isso não se tornou numa preocupação.
Para fechar os pratos principais, foi-nos servida uma bochecha de vaca (18€), composto por bochecha estufada e cebolinha confeitada, acompanhado por um puré de batata aromatizado com queijo da ilha. E se isto não é comida de conforto ao mais alto nível misturada com um toque de elegância, não sabemos o que pode ser. Este prato foi a estrela de todo o almoço, com a carne tão tenra que se desfazia imediatamente na boca. O puré ajudou a dar ainda mais textura ao prato, e ficamos encantados com a explosão de sabores.
Já no final da refeição, foram servidas três sobremesas. O caminho de Salomão (7€), o pudim Abade de Priscos (6€) e a mousse de chocolate (5€). No entanto, é preciso realmente destacar o caminho de Salomão. O chef Ricardo Gonçalves explicou que a sobremesa tem este nome porque “no Séc. XVI existia um elefante em Belém que se chamava Salomão, que foi oferecido aos reis da Áustria”. Salomão fez o caminho até lá a pé, sendo hoje um roteiro turístico em Portugal, e como partiu de Belém, o chef não pensou duas vezes no nome da sobremesa.
O caminho de Salomão é composto por bolacha, natas, doce de ovo, caramelo e suspiro, e é servido à colher, pois o restaurante quis proporcionar essa experiência diferente aos clientes. Se for a sobremesa pedida, alguém irá até à mesa com uma taça de metal e uma colher, para colocar no prato do cliente a sobremesa. No entanto, apesar da história ser interessante (tão interessante que já existem livros sobre ela), o gosto pessoal levou-nos a escolher a mousse de chocolate como a favorita. Feita com chocolate 70%, caramelo salgado e avelã, aquela que é a sobremesa mais básica foi a nossa escolha exatamente por ter sido tão bem elaborada. A cremosidade estava no ponto, não sendo daquelas mousses quase líquidas, e o crocante da avelã elevava a sobremesa até outro nível.
No geral, foi uma experiência a repetir, tanto que nem queríamos sair de lá (mesmo tendo a barriga a pedir misericórdia). António Carrilho garante que este novo Sauvage CCB serve mesmo para as pessoas poderem relaxar e almoçar com a família sem que o tempo seja um entrave, podendo ficar no restaurante o tempo que acharem necessário.
E, para ajudar à festa, todas as sextas-feiras e sábado existe um DJ convidado que promete proporcionar aos clientes uma experiência noturna mais descontraída e vibrante, transformando o restaurante num ambiente mais social. Aberto até às 2 horas da manhã nesses dias (mesmo com o Centro Cultural de Belém já fechado), o Sauvage CCB é o mais novo e versátil restaurante em Belém, onde tanto dá para comer de dia como parar beber um copo de noite.