O Qura deu lugar ao LouQura, mas a comida deliciosa do chef Manel Perestrelo continua de pé e cal no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa. O acolhedor, mas sofisticado, restaurante mudou de nome, sofreu alterações na carta e implementou um forte conceito de partilha, sem nunca perder o sabor e as opções tão epicamente bem empratadas que justificam uma fotografia para as redes sociais.
Para comprovar que os pratos continuam a fazer salivar quem visita o espaço, fomos fazer a prova dos nove com um jantar na simpática esplanada antes que o outono nos atinja em força — embora o interior do restaurante nos tenha feito duvidar da nossa escolha, dado o ambiente cosmopolita sem ser intimidante.
Abrimos as hostes com um queijo amanteigado Monte da Vinha (4,50€) com tostas — porque queijo é vida, malta — e uns camarões em beurre blanc e pão frito (16€). E vamos admitir que um molho branco pode até parecer estranho em camarões, mas acreditem na nossa palavra: este molho de inspiração francesa, normalmente preparado com uma redução de vinagre, vinho branco, chalotas e manteiga, funciona na perfeição e se traduz num sumptuoso pontapé de saída ao jantar.
Tal como nos foi informado logo ao início, o conceito do restaurante assenta na partilha. Siga para bingo, e partilhemos então. Os eleitos foram as lulas com pesto de coentros e raiz de aipo (11€), o tártaro de novilho com espuma de ovo e tostas finíssimas (16€) e o atum pak choi braseado com azeite de salsa e emulsão de sésamo (12€).
Para começar, um aviso à navegação: os pratos não são muito grandes e diremos que talvez não suficientes para se pedir apenas um por pessoa, para além de os acompanhamentos serem à parte, à exceção dos cortes de carne (que incluem dois à escolha).
No entanto, já depois das entradas, três doses para duas pessoas são mais do que suficientes e levaram a que só a gula nos motivasse a pedir sobremesa, mesmo que para dividir. E acreditem que há aqui coisas que não se podem (mesmo) perder — mas já lá vamos.
Apesar de termos ficado com a sensação de que talvez tivéssemos tido mais olhos que barriga, arriscámos tudo para provar estas três pequenas maravilhas. O tártaro de novilho fica saboroso, mas nada pesado com a espuma de ovo, mas os nosso preferidos foram mesmo o atum e as lulas. O pesto de coentros foi das melhores coisas que já comemos e o que dizer da subtileza do azeite de salsa nas fatias de atum braseado? Faltam-nos palavras, mas o prato vazio disse tudo o que podia ser dito.
Para complementar estes três pratos, picámos umas batatas fritas às rodelas (3€) e uma salada grelhada com nozes e vinagrete de manga (5€), e já não tivemos espaço para experimentar um dos cortes de carne. Mas saiba que existam vários no LouQura, desde a picanha (16€) ao chuletón maturado a 35 dias (50€). Quanto aos acompanhamentos, há batatas chip, salada grelhada, legumes salteados e muito mais.
Lembram-se da sobremesa que têm mesmo de provar? Pois. Falamos da maravilhosa e famosa tarte de maçã do Salmora acompanhada de gelado (10€), que dá tranquilamente para ser dividida a dois. Só não garantimos é que não queira roubar a metade da sua companhia.
O LouQura fica no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, e está aberto todos os dias.