Quem é frequentador do Algarve faz facilmente esta divisão: se nas Vilamouras e Albufeiras da vida há hotéis em cada esquina, bares e discotecas abertos até às tantas e um movimento mais acelerado do que o Marquês Pombal em hora de ponta, o caso muda muito de figura no sentido Faro - Vila Real de Santo António.
No sotavento, o ritmo é mais calmo, discotecas são escassas e a coisa está mais virada para (bons) restaurantes a convidar aos longos convívios à mesa — basta pensar no tempo que demora a dar conta do famoso arroz de corvina da Noélia, em Cabanas de Tavira — do que para despachar shots de tequila a caminho do Bliss.
Mas há uma localidade que foge à regra desta faixa algarvia e que faz pensar que nos enganámos no mapa: falamos de Monte Gordo, que é avistado desde a praia de Manta Rota, não fossem os edifícios os maiores da região, muito graças à quantidade de hotéis que aqui existem.
Monte Gordo divide opiniões: há quem adore ter bares, lojas e gelatarias à distância de dois minutos a pé e a grande faixa de praia mesmo ao lado da marginal; e quem não perceba esta organização numa região do Algarve onde a travessia da Ria Formosa é metade da piada de ir à praia.
A verdade é que nos inserimos no segundo grupo, mas mudámos de opinião (quase, vá) depois de um fim de semana no The Prime Energize Monte Gordo, um hotel de quatro estrelas a cerca de cinco minutos da praia, com comida maravilhosa, serviço ainda melhor e as melhores amenities de sempre.
Amenities da Rituals, cama confortável e um salto até à praia
Na noite em que chegámos ao The Prime Energize Monte Gordo, no meio das ruas, nem nos apercebemos do fácil (e rápido) que é chegar à praia. E para quem está habituado ao trânsito de Lisboa, saber que não é preciso pegar no carro para aproveitar um dia de praia — que está apenas a 400 metros a direito, sem subidas nem descidas — é vida.
Mas esta não é a única boa notícia no Prime: para além de uma decoração moderna, mas acolhedora, assinada por Nini Andrade Silva, com motivos inspirados nas dunas e falésias do Algarve, o quarto que nos calhou conquistou-nos pelas linhas simples e pelo espaço.
Ficámos alojados numa suite, que é quase como se de um T1 sem cozinha se tratasse. Ideal para um casal com duas crianças (embora quatro adultos também possam usufruir desta tipologia), o quarto tem uma sala espaçosa, com um grande roupeiro perfeito para esconder a bagagem toda e conseguir continuar a visualizar um espaço bem arrumado. É detrás das cortinas que fecham o armário que também se encontra o mini-bar, chaleira e máquina de café.
No espaço da sala, um sofá-cama abre-se então para as crianças, estando os adultos mais descansados no quarto, a rezar a todos os santos para que os miúdos os deixem dormir mais um pouco.
Vamos a prós e contras? Não amámos a pequena janela do quarto, dado que a disposição do edifício faz com que esta divisão fique abaixo do nível da passagem dos corredores. A casa de banho também podia ser um pouco mais espaçosa, mas tem com que compensar.
É assim que passamos diretamente para os prós, dos quais destacamos dois: as camas confortáveis — e sim, também se dormia bastante bem no sofá-cama — e as amenities Rituals.
Calma, que não há cá frasquinhos individuais que possa roubar lá para casa, mas sim formatos regulares (em nome da sustentabilidade) fixados na casa de banho. E o descanso que é saber que pode viajar de mãos a abanar, que tem gel de banho e champô de jeito, sem falar no incrível creme hidratante que lhe deixa a pele super sedosa à primeira passagem? Ficámos fãs.
Fomos pela praia, ficámos pela comida
Segunda razão pela qual fazíamos parte do tal segundo grupo, que não ia muito à bola com Monte Gordo? Os restaurantes. É verdade que a alguns quilómetros, na zona de Tavira, estamos muito bem servidos — Noélia, em Cabanas, e Marisqueira Fialho, em Luz de Tavira, lideram as preferências (pelo menos, as nossas) —, mas no centro de Monte Gordo a coisa escasseia e o difícil é escapar às armadilhas turísticas.
Isto até conhecermos o Fuel by Chakall, o restaurante do hotel com assinatura do chef argentino, que não só é um dos pontos chaves da unidade hoteleira como arriscamos dizer que lidera a corrida pelo lugar de melhor sítio para se comer em Monte Gordo.
Para além de um menu buffet disponível todas as noites, dois jantares foram pouco para passar em revista as iguarias da ementa à carta. Nas entradas, experimentámos opções como as bolinhas de alheira com aioli (7€), o ceviche de salmão (12€) e o cao cao gambas (10€). Vamos fazer aqui uma menção honrosa para o aioli (que era dos melhores que já provámos), mas não há como não dar o ouro ao ceviche, fresco e saboroso, e que nos deu vontade de repetir a todas as refeições.
Passando diretamente para os pratos principais, houve tempo para arriscar tudo num prato difícil de confecionar na perfeição. Falamos do polvo, que muitas vezes nos chega à mesa demasiado duro e com os tentáculos a parecer borracha ao nível da consistência. Mas a proposta do Fuel, o Nipotuga (17,50€), tentáculos de polvo com migas de tomate e aioli é um resultado perfeito. Tentáculos no ponto, novamente o incrível aioli e com umas migas deliciosas e leves.
Somos pessoas de carne, por isso num restaurante com toda uma secção da carta dedicada ao carvão, tínhamos de dar um olho aos cortes. Provámos o ribeye maturad0 (20€) e o tomahawk igualmente maturado (55€ para duas pessoas) e damos nota máxima à suculência e sabor da carne. Esqueça lá as churrasqueiras à beira da EN125, carne da boa é aqui.
Fechar com nota doce é possível com uma seleção de sobremesas, mas vá por nós e peça o summer cheesecake (5€) e deixe-se surpreender pela frescura e pela diferença na base da bolacha — vamos manter segredo para ir lá provar.
Para além do restaurante e de uma piscina no rooftop, com direito a bar de apoio, o The Prime Energize Monte Gordo conta ainda com piscina interior e um spa onde pode marcar uma massagem relaxante. Faça como nós e experimente a Bye Bye Stress, disponível em três versões: 30 minutos por 40€, 55 minutos por 65€, ou a mais longa, 85 minutos com um valor de 85€.
Em julho, uma noite na tipologia suite, com pequeno-almoço incluído, começa nos 246,50€ (tipologia até quatro adultos, ou dois adultos e duas crianças).
A MAGG ficou alojada a convite do The Prime Energize Monte Gordo.