Antes de entrarmos no novo restaurante AFURI Ramen + Dumpling, no Parque das Nações, em Lisboa, de portas abertas desde 19 de fevereiro, investigámos melhor o conceito. Ficámos a perceber que se trata de um restaurante em que a escolha é feita num ecrã e o pedido, confecionado segundo as receitas tradicionais japonesas seja quais forem as opções escolhidas, chega à mesa em minutos. E assim foi, o que não nos facilitou a vida.
É que no Japão, o hábito é entrar, pedir, quase engolir o caldo a ferver e sair minutos depois com uma das necessidades fisiológicas primárias, a fome, satisfeitas. Já nós, portugueses, quando vamos a um restaurante gostamos de sentar à mesa por longas horas a desfrutar da comida enquanto convivemos. E eis a vantagem do AFURI em Portugal: permite-nos viver ao nosso ritmo, mas com os ingredientes vindos diretamente do Japão, assim como a louça artesanal em que são servidos.
"A ideia é que o cliente tenha a experiência do Japão", explica Tiago Pimentel, supervisor da marca em Portugal, à MAGG, acrescentando que "tudo é feito de raiz" no novo espaço. É o caso dos noodles que seguem a receita original e são feitos nas máquinas japonesas, únicas em Portugal, nas quais também são produzidas 300 gyosas numa hora. Quanto ao caldo dos ramens, é feito numa "panela com capacidade para 500 litros" que serve o novo AFURI Ramen + Dumpling e o AFURI Izakaya, no Chiado (conceito diferente que abriu em 2018 e junta sushi, ramen e grelhados).
Tudo isto é feito à frente dos clientes, que logo ao entrar ficam deslumbrados (pelo menos nós ficámos) com a forma como tudo é preparado. "Temos um conceito de cozinha aberta porque queremos que haja uma interação entre o que cliente está a viver na sala e o que está a acontecer na cozinha", diz Tiago Pimentel.
Mas antes de deitarmos olho ao caldeirão do qual sai o caldo de assinatura feito com yuzu (cítrico japonês) e galinha, fomos em busca dos pratos em que é servido, assim como da restante oferta do AFURI Ramen + Dumpling.
Falhámos no origami, mas acertámos nos ramens
Ao entrar no AFURI Ramen + Dumpling somos levados até aos dois ecrãs que permitem fazer o pedido tal como se fosse num kiosk japonês. Faz lembrar o estilo de pedido da cadeia de fast food McDonald's, com a diferença que a única rapidez aqui é a do tempo que a comida demora a chegar até nós, porque a confeção leva horas — mas já lá vamos.
Nestes ecrãs podemos escolher desde a entrada aos cocktails de assinatura e provámos um pouco de tudo. Nas entradas, sendo este um conceito de dumplings, fomos direitinhos para as miso cashew gyoza (9€) e ainda selecionámos o crispy egg (6€) e o soft shell crab bun, isto é, caranguejo de casca mole dentro de um bao (6€). No ramen optámos por dois — um dos que tem o caldo mais clássico, o yuzu shoyu (12€), e o ramen vegetariano hazelnut tantanmen (14€) — e para arrefecer das sopas fumegantes (e ligeiramente picantes) optámos pelos cocktails kosho (8€) e kusa (8€).
Finalizado o pedido, pegámos numa espécie de pager ao estilo japonês: um bloco de madeira preto, com o logotipo do restaurante e o número do pedido. Depois disso, foi só escolher a mesa e aguardar (mas poucos minutos e ainda bem). A fome apertava e assim que chegou o ovo crocante atacámos mais depressa do que foi feito. "Coze durante dois minutos e depois tem uma cura de dois dias", explicou-nos o supervisor da marca em Portugal.
Para atacá-lo, abrimos o envelope que guarda os pauzinhos. Estes são retirados de num pote que dá instruções para fazer um origami no qual é suposto pousar os pauzinhos entre "noodladas". Veredito? Falhámos redondamente o desafio, mas nada nos demoveu de prosseguir.
As gyosas cozidas a vapor vinham curiosamente apresentadas num género de teia que desfizemos com os pauzinhos para poder atacar uma a uma. Sobre o bao de caranguejo... Bem, pouco há a dizer: é o clássico deleite de um caranguejo crocante dentro de um pão fofinho.
Finalmente, os ramens. O yuzu shoyu tinha o então caldo de assinatura, com o ovo demorado no ponto e um caldo leve no qual chapinhavam os noodles de cada vez que levávamos os fios exímios à boca. Quanto ao vegetariano, era mais espesso (o que o tornava mais forte) e tinha o toque crocante do caju no topo, assim como um ligeiro picante que nos fez beber os cocktails num ápice. Como se não bastasse de picante, optámos pelo kosho, feito com tequila e um rebordo de picante togarashi, e o kusa, com gin, saquê e lima.
Há ainda outros de assinatura, como o yuzo, com champanhe e yuzu do Japão (9€), bem como limonada de yuzu (3€) e laranjada de baunilha (3€), que é como "uma forma artesanal de fazer Fanta laranja", comparou Tiago.
Apesar de o verão estar a chegar, entre as opções da carta há ainda tsukemen, ramens cujo caldo é servido à parte (14€), e gohan, tigelas de arroz japonês combinadas com diversos ingredientes, como chashu (carne de porco) ou kimchi (9€).
Em breve, o conceito AFURI Ramen + Dumpling vai ter uma nova localização em Portugal, mas para já pode experimentar a experiência japonesa no Parque das Nações e até levar um bocadinho para casa através do merchandising da marca, presente em todos os restaurantes espalhados pelo mundo — desde Richmond (Virgínia, Estados Unidos), Hong Kong (China), a Los Angeles (Califórnia, Estados Unidos) — com um cunho de cada país. No caso de Lisboa, é o fado da T-shirt AFURI Ramen + Dumpling.
Pode comer no novo restaurante (sem reservas), levar em take away ou pedir para entregar em casa através da Uber Eats ou Glovo.