Matsuhito. É um nome que pouca gente conhece, mas é talvez o homem mais importante da História do Japão moderno. Se hoje este país é uma das maiores potências económicas e tecnológicas do mundo, também se deve a este imperador que liderou a revolução japonesa que levou a que o País passasse de um estado feudal de guerras entre samurais para uma nação unida e orientada para o crescimento e desenvolvimento. Esta revolução, que ficou conhecida como a Restauração Meiji, ocorreu entre 1866 e 1868, mas a pergunta é: e o que é que isto tem que ver com relógios? Tem tudo. Já explicamos.

Esta história começa uns anos antes, em 1854, com a chegada ao território japonês de uma armada norte-americana liderada por Matthew Calbraith Perry, que pretendia abrir o país ao comércio externo, procurando um forte aliado para as exportações dos Estados Unidos. O sistema social imposto pelos samurais, constantemente em guerra, impedia que o País se organizasse, que rentabilizasse os muitos recursos naturais e, sobretudo, a enorme capacidade criativa dos japoneses.

O que Matthew Perry queria era um acordo de paz com os japoneses que permitia aos navios norte-americanos aportar em território nipónico, com bens trazidos dos Estados Unidos, e que pudessem ser vendidos sem taxas exorbitantes. A 31 de Março desse mesmo ano de 1854 foi assinado o Acordo de Kanagawa, que permitiu aos navios mercantes americanos atracar nos portos de Shimoda e Hakodate.

A ascensão ao poder do imperador Matsuhito, que ficou conhecido por Meiji, em 1868, marcou a normalização das relações entre o Japão e não só os Estados Unidos como a Europa. E uma vez mais: o que é que isto tem que ver com relógios? É aqui que as histórias se cruzam, a do Japão moderno com a da Seiko.

Até à chegada dos norte-americanos, os japoneses não se guiavam por relógios. Estes objetos só chegaram ao território após a abertura do Japão ao estrangeiro, após 1854. O reinado do imperador Meiji normalizou as relações comerciais com os países estrangeiros, e os relógios começaram a chegar, como produtos importados, ao Japão. Foi nessa altura, que o jovem Kintaro Hattori se apaixonou pela precisão e elegância destes novos objetos.

Começou por aprender tudo sobre a forma como funcionavam e acreditou que de futuro iriam passar a ser um objeto essencial na vida de todas as pessoas. Em 1881, Kintaro Hattori abriu uma pequena loja, com oficina, em Tóquio, para vender e reparar os relógios estrangeiros que começavam a aparecer em força no Japão.

O negócio estava a correr mas o jovem, que dominava por completo o processo de fabricação e mecânica dos relógios, resolve ir mais longe e criar a sua própria fábrica de relógios, passando a produzir peças essenciais à criação de relógios no Japão. Em 1882, criou a Seikosha, uma mistura das palavras “Seiko”, que significa precisão, elegância, com “Sha”, que significa fábrica.

Demorou apenas 13 anos até que Kintaro Hattori conseguisse criar em exclusivo, e pela primeira vez, um relógio de bolso 100 por cento feito no japão, com o selo da marca da sua fábrica, e como rótulo Seiko. Este modelo chamou-se Timekeeper e é ainda hoje uma relíquia para qualquer amante ou colecionador de relógios. Começava aqui a era de inovação da Seiko. Foram precisos quase 20 anos, para em 1913 a Seiko criar o primeiro relógio de pulso, o Laurel, que mudou a forma como o mundo passou a olhar para as horas.

Como qualquer história de um bom filme, quando parece que está a correr tudo na perfeição, chega um drama, um conflito, que vem lançar a dúvida sobre se o nosso herói vai conseguir sobreviver. E foi isso que aconteceu 10 anos depois da criação do primeiro relógio de pulso, e a culpa nem sequer foi da concorrência ou da falta de inovação. Foi pior que isso.

Em 1923, a cidade de Tóquio foi totalmente arrasada pelo terramoto Great Tanto, que matou mais de 100 mil pessoas no Japão. A fábrica Seikosha, uma referência nacional na criação de relógios, foi destruída pelos vários fogos que deflagraram pela cidade, e a loja que Kintaro Hattori tinha na cidade, onde armazenava milhares de relógios que estavam a ser reparados, foi também ela dizimada.

Em vez de desistir, Hattori quis mostrar a força e determinação do povo japonês e apelou àqueles que dizia serem os seus valores: integridade e confiança. O criador da Seiko fez então publicar em jornais de Tóquio que todos aqueles que tinham confiado os seus relógios para reparar à Seiko iriam receber de volta relógios novos, todos eles com mais qualidade do que a dos relógios que tinham deixado para reparar. E cumpriu. Um ano depois do grande terramoto, a fábrica Seikosha estava de pé e a laborar para oferecer milhares de relógios aos japoneses.

Esta relação de confiança continua, até aos dias de hoje, e alargou-se a todo o mundo. A marca continua, 140 anos depois do seu nascimento, a ter capacidade para produzir todos os componentes de um relógio de pulso, desde os mais pequenos parafusos. Os valores mantêm-se os mesmos: integridade e confiança. O lema criado por Hattori perdura: “Sempre um passo à frente dos demais”.

Ao longo da sua história, a Seiko nunca parou de inovar, de querer estar à frente do tempo, adivinhando as necessidades presentes e futuras dos utilizadores de relógios. Recordamos aqui algumas das grandes inovações da Seiko que ajudaram a construir a reputação da marca.

Primeira marca a lançar um relógio de quartzo de pulso

Em 1969, a Seiko criou o primeiro relógio de pulso de quartzo do mundo, o Seiko Quartz Astron. Este contributo para a revolução da relojoaria foi reconhecido em 2002, com o Prémio de Reconhecimento de Inovação Corporativa do Instituto de Eletrónica e de Engenharia Eletrónica, entregue à EPSON, empresa do grupo.

O primeiro cronógrafo automático

Ainda no mesmo ano, 1969, a empresa apresentou também Calibre 6139, o primeiro cronógrafo automático, um aparelho capaz de medir a passagem do tempo dentro de uma certa fração de tempo — também conhecido como cronómetro. Este cronómetro tem um acumulador de 30 minutos, calendário duplo, uma frequência de 21.600 VPH (vibrações por hora) e versões de 17 e 21 rubis.

Relógio de pulso com precisão atómica

Em 2012, para celebrar os 50 anos do Quartz Astron, a marca revolucionou uma vez mais a tecnologia relojoeira com o primeiro relógio GPS Solar do mundo, o Seiko Astron GPS Solar. Este modelo tem a capacidade de se ligar à rede de satélites GPS e de se ajustar a cada fuso horário com o toque de um botão. Para além disso, carrega-se automaticamente a partir da luz, nunca precisando de mudar de bateria. Com precisão atómica de 1 segundo a cada 100 000 anos.

Edições limitadas de aniversário

Para celebrar os 140 anos da marca, a Seiko está também a lançar uma série de edições limitadas que marcaram o desenvolvimento da relojoaria e prestam homenagem à fundação da empresa. Conheça as três coleções de aniversário da marca:

Coleção Astron

Esta recriação do Astron de Quartzo de 1969 mantém a mesma silhueta e as aberturas de caixa larga. O Astron GPS Solar tem a mesma silhueta curva e as mesmas aberturas de caixa larga. O design é actualizado com o GPS Solar Dual — Time 5X53 Caliber, que se ajusta à hora exata em qualquer lugar do mundo e com precisão atómica de 1 segundo a cada 100 000 anos.

Através da potência da luz, oferece várias características avançadas, incluindo ajuste de fuso horário de alta velocidade e uma função de Transferência de Tempo. Este Astron é lançado em edição limitada com 1500 peças e está disponível nos Agentes Seiko Astron.

Coleção Presage

Criada em 2020, a série Presage Sharp Edged combina as superfícies planas com ângulos afiados que permitem que o relógio brilhe de todos os ângulos. A caixa em revestimento duro protege o vidro e a bracelete de riscos, preservando o seu brilho. O mostrador preto e os detalhes em dourado remetem para a forma como a luz do sol ilumina a cidade de Tóquio.

A textura do padrão geométrico do mostrador cria uma variedade infinita de tonalidades em diferentes ângulos à medida que a luz se move. O relógio é alimentado pelo calibre automático GMT 6R64. Este modelo é uma edição limitada de 4.000 peças e está disponível numa seleção de agentes autorizados.

Coleção Prospex

Prospex

Estas são duas reinterpretações modernas do primeiro relógio de mergulho da Seiko, de 1968, o Seiko Diver. O primeiro com uma resistência à água até 300 metros de profundidade e calibre 8L35, e o segundo, uma reinterpretação contemporânea do original com um calibre de seis batimentos e resistente à água até 200 metros.

São ambos edições limitadas de 3.000 e 6.000 peças, respetivamente. O terceiro modelo da série é um cronógrafo solar com resistência à água até 200 metros, também de edição limitada, e com 4.000 peças disponíveis para o mundo inteiro. Estas três versões estão disponíveis numa selecção de agentes autorizados.