Cinco anos depois daquele que parecia ser o último adeus, foi na terça-feira, 15 de outubro, que o desfile mais cobiçado do mundo da moda voltou para fazer todos os telespectadores saltarem das suas cadeiras. Quer tenha sido no recinto ou no conforto de sua casa (porque, pela primeira vez, o desfile foi transmitido em direto), a verdade é que todos os olhos estavam postos no tão aguardado Victoria's Secrect Fashion Show, que não só prometeu como também entregou: muitas caras conhecidas voltaram à passarelle, e esta viu-se mais diversificada do que nunca.
Foi em Brooklyn, Nova Iorque, EUA, que os anjos se voltaram a encontrar para uma noite de estrelas. O regresso deste desfile já era algo esperado por muitos, e, com o mote de criar uma nova era de diversidade e inclusão, este Victoria's Secrect Fashion Show quis trazer a mudança no que toca a corpos, idades e tons de pele. Com modelos de todos os géneros e feitios, esta mudança de pensamento dá a oportunidade à marca de criar uma nova história, uma vez que sempre foram muito criticados por apenas utilizarem modelos mulheres caucasianas e magras.
Ao longo dos anos, os desfiles da Victoria's Secret ficaram conhecidos como desfiles gordofóbicos, transfóbicos e racistas, utilizando o corpo da mulher como uma espécie de fetiche, e quando todos se fartaram da excessividade destes comportamentos, em 2018, as audiências diminuíram drasticamente. Foi também neste ano, segundo a "Today", que Ed Razek, na altura diretor de marketing da L Brands, empresa que detém a Victoria's Secret, disse que não queria pessoas transgénero a desfilar nestas ocasiões.
Aliado a isto, em fevereiro de 2020, tornou-se público o clima de bullying e de assédio sexual a que muitas modelos da marca eram sujeitas nos bastidores dos desfiles. O documentário “Victoria’s Secret: Angels and Demons” divulgou que modelos da marca de lingerie foram abusadas pelo multimilionário norte-americano Jeffrey Epstein, que foi preso por abuso e tráfico de menores em 2019 e morreu na prisão no mês seguinte. O nova-iorquino serviu-se da ligação com o fundador da marca, Les Wexner, para se aproximar das modelos, tendo-se apresentado como recrutador de novas caras.
Contudo, a marca foi renovada e voltou em setembro de 2023 com um especial que apresentava mulheres mais diversificadas em diferentes cidades ao redor do mundo. A mudança veio contrariar as polémicas dos anos anteriores, e 2024 foi o ano escolhido para fazer regressar o então o famoso Victoria's Secrect Fashion Show. Mais diversificado e mais inclusivo, foram vários os tons de pele e os corpos que desfilaram em Nova Iorque a 15 de outubro, e não faltaram as caras mais conhecidas deste mundo na passarelle.
A começar com Gigi Hadid, a modelo norte-americana abriu o palco em conjunto com Lisa, uma das artistas revelação deste ano, que integra o famoso grupo Blackpink. Pelo meio não faltaram os anjos que tantas vezes desfilaram pela Victoria's Secret, e a mais esperada foi a brasileira Adriana Lima. O seu último desfile tinha sido exatamente em 2018, altura em que se decidiu retirar das passarelas, mas também cinco anos depois viu motivos suficientes para voltar.
Uma das estreias que não deixou ninguém indiferente quanto à diversidade foi Ashley Graham, uma das primeiras modelos plus-size a desfilar para a marca. Segura de si mesma e num conjunto de lingirie preto, a modelo norte-americana conseguiu vários gritos e assobios enquanto desfilava, e foi um dos momentos altos da noite. Também nomes como Barbara Palvin e Irina Shayk regressaram à passerrelle com a Victoria's Secret, e os olhos de todo o público abriram ainda mais quando Kate Moss, de 50 anos, desfilou de surpresa no grande desfile com um total look preto de renda, mostrando que ainda o sabe fazer.
Para fechar em grande, além do enorme espetáculo montado por Cher, deu-se também o retorno icónico 19 anos depois de uma das maiores estrelas da marca: Tyra Banks. A modelo, empresária e apresentadora, que é um dos nomes mais importantes da história da Victoria’s Secret, desfilou nove vezes pela marca, tendo a última sido em 2005. Além de ter estado no primeiro desfile em 1995, foi a primeira modelo negra a ser contratada para um. Em 2024, Tyra inclui-se também na nova era de diversidade ao deixar o seu cabelo afro solto e a desfilar orgulhosamente com ele.