São 11h56 e o novo videoclipe de Maria Leal tem 72.364 visualizações. São 11h58 e o novo videoclipe de Maria Leal tem 73.198 visualizações. São 12h15 e o novo videoclipe de Maria Leal tem 85.669 visualizações. São 13h06 e o novo videoclipe de Maria Leal tem 93.909 visualizações. São 14h57 e o novo videoclipe de Maria Leal tem 120.394 visualizações.

Esta quinta-feira, 4 de abril, a cantora lançou “Tá Demais”, a sua primeira música para crianças. A não ser que tenha vivido escondido numa gruta desde 30 de outubro de 2016, é impossível que não saiba de quem é que estamos a falar. Mas porque o contexto é sempre importante, recordemos então: tudo começou no programa “Você na TV”, quando uma mulher com um vestido preto e um ar muito assustado começou a "dançar" e a "cantar" ao som de um playback manhoso. “Dialetos de Ternura” era o nome da canção.

Foi um sucesso imediato. Naquele dia, e noutros tantos que se seguiram, não se falou noutra coisa. O nome Maria Leal ficou imediatamente conhecido no País, embora pouco ou nada se soubesse sobre ela — exceto que tinha andado com um participante da “Casa dos Segredos”. Seguiram-se novos “hits”, muitas notícias na imprensa e, claro, o programa “Vidas Suspensas”, da SIC, onde o ex-marido Francisco d'Eça Leal acusou a cantora de destruir uma herança avaliada em mais de um milhão de euros.

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O sucesso de Maria Leal foi construído com base no ridículo. Desde o primeiro momento que todos nós (ou quase todos nós, vá) ficámos de olhos esbugalhados a olhar para as suas performances. Rodeados pelos amigos ou pelos colegas de trabalho, vimos (e revimos) as suas atuações, que nada mais eram do que momentos de pura humilhação. E rimos às gargalhadas, tecemos comentários e insultámos a mulher, ao mesmo tempo que lhe dávamos cliques e tornávamos aquilo que dizíamos ser "lixo" viral.

A verdade é triste: o ridículo vende. E nós apreciamos o ridículo, diverte-nos, entretem-nos. Gostava de dizer que tenho umas asas de anjo nas costas e que não faço parte deste grupo, mas é mentira. Assim que cheguei ao trabalho e vi a notícia de mais um vídeo de Maria Leal, abri o link. E fiquei em choque, quase tanto como me ri.

Comecei esta crónica decidida a criticar os comentários negativos deixados no vídeo, e até mesmo na própria página de Facebook de Maria Leal. Quando não são ofensas à sua aparência ou falta de dotes musicais, acusam-na de ser burlona ou simplesmente de ser uma puta. Cheguei decidida a dizer que isto era horrível, que ninguém tem o direito de exercer esse tipo de bullying sobre outra pessoa, seja ela quem for.

É verdade. Mas também é verdade que seria hipócrita dizê-lo quando nunca me passou pela cabeça criticar comentários negativos que foram ditos por pessoas à minha volta. Seremos melhores só porque a criticamos e ofendemos nas costas, quando ela não está a ouvir? Sinceramente acho que não.

Maria Leal não é uma vítima. Não tenho qualquer dúvida de que aquela personagem foi construída, e que ela tem perfeita consciência do ridículo. Mas foi o ridículo que lhe deu fama, e foi com ele que construiu a sua carreira. Ela nunca se poderia afirmar pela voz ou pelas performances, portanto teve de se afirmar de outra forma.

E conseguiu. Sem um pingo de musicalidade a correr-lhe nas veias, ela entretém as pessoas. Ora se andar de uma forma estranha, vestir-se de forma provocadora e cantar de longas tranças lhe dá dinheiro e reconhecimento, é claro que ela vai continuar. Tem a fama que sempre desejou.

É triste? É. Mas é uma opção sua, portanto não há necessidade de entrarmos em vitimizações. No entanto, se calhar nós não somos melhores. Pelo menos enquanto continuarmos a fingir que somos muito eruditos, quando o que nos dá gozo mesmo é ver um vídeo da Maria Leal a cantar que está aqui para nós.

Quem sabe, talvez esteja na altura de começar a hashtag #DeixemAMariaLealemPaz. Verdade seja dita, ela não se vai embora tão cedo, nós vamos estar aqui à espera do próximo vídeo e se calhar não há problema nenhum em usufruir um bocadinho daquilo que é ridículo.

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Mas porque a vida não pode ser só isso, esta semana a jornalista Inês Ribeiro conta-nos a história incrível de Micael Monteiro. Depois de ter sido operado a um tumor, o fotógrafo de 38 anos ficou sem memória a curto prazo. “Conhece a Dory, do filme da Disney? Eu sou basicamente como ela", disse. Hoje está melhor, mas ainda se esquece de quem cumprimentou ou do que comeu há duas horas.

Já Marta Cerqueira revela-nos que há mais de 700 casais à espera de quem os ajude a serem pais. A propósito de uma campanha de alerta para a urgência da doação de óvulos e espermatozoides, a jornalista falou com quem já doou e com quem ainda vive na esperança de ser pai.

Catarina Ballestero traz-nos dois casos de mulheres com menos de 40 anos que tiveram um cancro na mama. Infelizmente, começa a verificar-se um ligeiro aumento da prevalência deste cancro, em particular nas faixas etárias mais novas. Já Fábio Martins conversou com Catarina Furtado sobre a história comovente dos seus dois cães, que morreram com horas de diferença, enquanto Ana Luísa Bernardino analisa se o regime vegan poderá estar a deixar-nos doentes.

Mas há mais. Rita Pereira foi fortemente criticada por viajar sem o filho de 3 meses, por isso falámos com um pediatra para perceber se isto pode ou não ser prejudicial para o bebé. Mostramos-lhe ainda a swimwear que vai marcar o próximo verão, explicamos com que frequência deve lavar as calças jeans (ficámos em choque) e damos-lhe mais pormenores sobre a história da série que nos está a deixar colados ao sofá, "The Act".

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