Estamos a viver numa era em que as redes sociais conectam pessoas ao redor do mundo de maneiras surpreendentes e, se pensa que já viu tudo, desengane-se. Há uma página de Instagram – também disponível no TikTok – que tem chamado a atenção pela sua premissa inusitada e controversa: arranjar pares para reclusos.

Esta página, intitulada Idaho Inmate Penpal, é conhecida por funcionar como uma autêntica aplicação de encontros para reclusos do Idaho State Correctional Centre, uma prisão de alta segurança nos Estados Unidos. São publicados vídeos em que os reclusos se apresentam – e quem estiver interessado pode sempre falar com eles. Como? Nós explicamos.

Essencialmente, há duas formas de se manter em contacto com os reclusos. A primeira é através de carta, segundo informa o Idaho Department of Corrections. Neste caso, há diretrizes bastante restritas, que têm de ser seguidas à regra. Por exemplo, não podem exceder as cinco páginas, têm de ser escritas apenas em papel branco, com caneta azul ou preta, e enviadas num envelope da mesma cor.

A par daquilo que lá for escrito, não há muito mais que o envelope possa conter – autocolantes fofinhos, glitter ou um bocadinho de perfume, para que o recluso consiga ter um cheirinho (literalmente) da pessoa com que está a falar não são permitidos. Cartões com mensagens e fotografias (até às 20 unidades, mas sem ser em formato polaroid e sem conter nudez) são autorizadas. E a correspondência é sempre aberta e revistada.

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Contudo, à luz dos tempos modernos e das aplicações de encontros que hoje conhecemos, há uma forma mais eficaz de os interessados conseguirem comunicar com os reclusos. Chama-se JPay e é um site cujo objetivo é "ajudar os amigos e a família a manterem contacto" com alguém que conheçam e que tenha, consequentemente, ido parar à prisão.

Assim, o JPay permite que os familiares e amigos dos presidiários lhes deixem mensagens, partilhem fotografias e vídeos e até consigam mandar-lhes dinheiro – e, para isso, é necessário saber o número de recluso dos mesmos. Estes registos, segundo o "Idaho News", são enviados à Idaho Inmate Penpal, que posteriormente os publica no Instagram e fazem com que mais pessoas tenham acesso aos mesmos.

Reclusos têm autênticos cartões de visita

Em relação aos vídeos partilhados na página de Instagram e TikTok da Idaho Inmate Penpal, estes são autênticos cartões de visita dos reclusos. Além de mostrar a idade, há quem se apresente e fale das suas expectativas e hobbies, há quem aproveite para dançar ou fazer poses sensuais e até quem procure conquistar pessoas famosas.

Aconteceu com a cantora norte-americana Lana del Rey, que é uma das seguidoras da página nas redes sociais. Ao saber disso, um dos presidiários, Edward Bitton, fez um vídeo a cantar um dos maiores êxitos da artista "Videogames", na esperança de conseguir encantá-la – e gerou inúmeros comentários no X (antigo Twitter).

"Acham que [Edward Bitton] tem chances?", questionou uma conta de fãs brasileiros de Lana del Rey, que republicou o vídeo, no X – e as respostas foram hilariantes. "Claro, ela adora um criminoso", "Sendo presidiário, a Lana já gosta", "Amanhã ele surge com a fiança paga", "Não precisava nem cantar, ele já encantou ela sendo presidiário" são apenas uma amostra do que lá se pode ler.

E se acha que as pessoas vão ao engano, não se preocupe: uma vez que os reclusos estão a cumprir penas numa prisão de alta segurança, os crimes que os fizeram ir lá parar são detalhados na descrição dos mesmos. A Idaho Inmate Penpal fornece um contexto essencial para os interessados, para que estes consigam compreender a gravidade dos crimes cometidos.

Há de tudo: tráfico ou posse de droga, homicídio, furto, roubo, burla, extorsão, violência doméstica, estrangulamento, posse de arma sem permissão e a lista continua. E os comentários das publicações dividem-se em dois grupos: aqueles que conseguem ignorar o elefante na sala e se derretem com algumas das caras bonitas ou aqueles que acham todo este sistema estranhíssimo.

"Ele rouba-vos o coração, o carro e as redes sociais, amigas. Tenham cuidado", "Vamos lá, meninas... alguém pode consertá-lo! Eu não, mas alguém", "Nada mais sexy do que uma acusação de violência doméstica. À procura de um novo saco de pancada?", "Vou precisar de que todas as mulheres que seguem esta conta elevem os seus critérios rapidamente" são algumas das observações dos seguidores mais céticos.

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