A quantidade de vírus na saliva pode ajudar a determinar o rumo que a doença vai levar em pacientes infetados com a COVID-19, avançam os primeiros resultados de um estudo da americana universidade de Yale.

A investigação liderada pela imunologista Akiko Iwasaki incluiu a análise a 154 pacientes infetados com a COVID-19 e concluiu que os sintomas vão se tornando progressivamente mais graves consoante aumenta a carga viral no paciente — está no mínimo em pacientes com sintomas leves e no máximo em pacientes com sintomas muito graves, alguns dos quais não chegam a resistir à doença, diz o espanhol "El Pais".

A carga viral mais elevada é também relacionada a fatores de risco, como a idade avançada, a insuficiência cardíaca, hipertensão e doenças pulmonares crónicas.

"A carga viral na saliva nos primeiros momentos está correlacionada com a gravidade da doença e com a mortalidade", disse a equipa de Yale. Os investigadores consideram que a saliva é melhor para a previsão do desenvolvimento da doença, uma vez que também é capaz de mostrar a situação dos pulmões. Já as amostras nasofarínficas, colhidas com a zaragotoa, apenas indicam a multiplicação do vírus no trato respiratório superior

COVID-19. Há mais 166 mortes e 10.947 novos casos de infeção em Portugal
COVID-19. Há mais 166 mortes e 10.947 novos casos de infeção em Portugal
Ver artigo

Arnau Casanovas, microbiologista espanhol, que participou no estudo, diz que as amostras da saliva podem ser importante para a previsão do diagnóstico e escolha de tratamentos. "Se tirássemos amostras de saliva e analisássemos a carga viral — principalmente no início da infecção, quando a pessoa chega ao hospital — poderia ajudar muito os médicos a prever o prognóstico do paciente e a escolher os tratamentos".

"É possível que a saliva reflita melhor a infecção do trato respiratório inferior", diz ao jornal espanhol Elisabet Pujadas, patologista espanhola e investigadora da Escola de Medicina Icahn do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque. Porém, apesar de otimista em relação à investigação, salienta que o estudo só incluiu 154 pacientes, pelo que é "prematuro" afirmar que a saliva deveria substituir a amostra nasofaríngea.