No que diz respeito à COVID-19 raramente há certezas. É por isso que a possibilidade de uma segunda vaga também não tem uma resposta certa, mas com base noutras pandemias é possível levantar hipóteses. "O perigo existe" e, ainda que "não seja possível dizer com certeza que haverá, é muito provável que aconteça", revela Sergio Brusin, especialista principal do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) numa entrevista à agência Lusa, citada pelo jornal "Noticias ao minuto".

Podíamos pensar que o facto de os países já saberem em parte com o que estão a lidar e quais as medidas a adotar, ajudaria a minimizar o impacto de uma nova vaga. Contudo, na opinião e experiência de Brusin, o risco continua a ser elevado.

"Não penso que a mortalidade ou a mobilidade da doença mostre qualquer tipo de mudança, pelo que se houver uma segunda vaga, os números de mortes e de pessoas em cuidados intensivos será mais ou menos na mesma proporção do que temos agora, segundo o que conseguimos perceber", revela. Pessoas acima dos 75 anos e com doenças associadas continuam a ser as mais vulneráveis à COVID-19, mas o especialista destaca que "ninguém é completamente imune".

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Ainda assim, Sergio Brusin faz algumas revelações mais otimistas: "O que irá mudar é que os serviços de saúde estarão muito melhor preparados para receber pessoas, que não haverá tanta falta de equipamentos de proteção, que haverá capacidade para testar mais rapidamente", diz, o que significa que "seremos capazes de conter muito melhor".

Apesar de o especialista destacar na entrevista que até agora as pessoas têm reagido de forma bastante positiva, refere que "a grande dificuldade será a economia e a paciência das pessoas", que depois de meses em quarentena e com quebras nos rendimentos, podem ter dificuldades em suportar outro período de confinamento.

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A esperança de muitos de nós está depositada na eventual vacina, contudo o especialista do ECDC alerta para o facto de que não haverá vacinas ou tratamentos para a COVID-19 nos próximos meses, apesar dos esforços dos especialistas e dinheiro que está a ser investido, de acordo com o jornal "Público"

Para Brusin é “muito provável” que vacinas ou tratamentos só cheguem em 2021, uma vez que são precisos vários meses conseguir uma produção suficiente e segura capaz de ser distribuída por toda a Europa. Por isso, o especialista aconselha “cautela” no levantamento das medidas e apela a que "o distanciamento físico e social, o rastreamento de contactos”, sejam continuados.