O rato-toupeira-nu é um animal imune às dores e ao envelhecimento e pode deter a chave para entender várias condições humanas, como o cancro e o envelhecimento.

Enquanto os seres humanos vão ficando enrugados e suscetíveis a doenças crónicas com o passar dos anos, Ewan St. Smith, que estuda o sistema nervoso sensorial na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, diz que “os sinais comuns de envelhecimento esperados na maioria dos mamíferos realmente não parecem acontecer” nestes animais. A parte cardíaca, composição do corpo, qualidade dos ossos ou metabolismo não sofrem mudanças significativas, informa a "BBC News Brasil".

Smith afirma que se os cientistas conseguirem entender como estes mamíferos extremófilos vivem uma vida saudável, poderão aplicar esse conhecimento em tratamentos preventivos ou medicações que tratem o cancro.

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Ainda não se sabe como o rato-toupeira-nu escapa da doença, mas especialistas da Universidade de Cambridge afirmam que são as interações com o microambiente interno do animal que evitam a patologia e não um mecanismo inerente resistente ao cancro. Smith revela que "o cancro é fundamentalmente o resultado de uma mutação, que causa a proliferação das células de forma descontrolada". "Em comparação com outras espécies, o rato-toupeira-pelado tem velocidade de mutação muito baixa", continua.

A característica mais estranha destes animais é a insensibilidade à dor, provavelmente resultante “de uma adaptação evolutiva ao ambiente com alto nível de dióxido de carbono”, diz Smith.

A professora de fisiologia e metabolismo Gisela Helfer, da Universidade de Bradford, no Reino Unido, afirma que o rato-toupeira-nu é também o "modelo perfeito" para estudar a puberdade humana, podendo ajudar nos tratamentos médicos, como bloqueadores da puberdade, terapia de substituição hormonal, fertilização in vitro e tratamento da menopausa.

Smith conta que as principais causas de morte destes animais são as lutas entre si e os seus predadores, como as cobras, no ambiente selvagem. Já nos seres humanos, “um em cada dois seres humanos provavelmente terá cancro”, diz Smith. Como os ratos-toupeira-nu vivem debaixo da terra, isso pode aumentar a sua probabilidade de sobrevivência, dado que estão protegidos do frio, chuva e extremos climáticos.

Estes ratos, com uma aparência estranha, vivem, em média, 30 anos e têm entre 7,6 a 33 centímetros. Além de serem resistente a doenças crónicas, têm um sistema reprodutor notável.