Sentamo-nos direitos à secretária assim que chegamos ao escritório e, meia hora depois, o corpo está completamente afundado na cadeira. Paramos para almoçar enquanto, de cabeça baixa, vamos olhando para as redes sociais a ver se há novidades. Nos transportes, a caminho de casa, a cabeça continua baixa enquanto o olhar fica fixo no telemóvel e, ao fim do dia, chegam as dores no pescoço.
Sem nos apercebermos, passámos o dia a forçar o pescoço causando aquilo a que os especialistas chamam de “Text Neck”. A expressão, criada pelo quiroprático americano Dean L. Fishman descreve as lesões causadas pelo esforço contínuo que é colocado sobre o pescoço e que surgem, precisamente, pelo facto de estarmos tanto tempo de cabeça baixa a olhar para os smartphones e tablets.
O pescoço, que constituí a cervical, tal como explica a fisioterapeuta Jullyanne Silva, é a zona do corpo que faz a ligação entre a cabeça e a coluna e a responsável por suportar um peso que ronda, em média, os cinco quilos. Os ossos no topo da coluna, assim como os músculos e os ligamentos que fazem parte da estrutura do pescoço são os responsáveis por suportar a cabeça mas também lhe conferem mobilidade. Tudo isto torna o pescoço suscetível a lesões.
“A coluna cervical é formada por sete vértebras, C1 a C7, que estão separadas por discos intervertebrais cuja função primordial é distribuir o peso e permitir o movimento”, diz a fisioterapeuta. “É uma zona vulnerável a diversos tipos de lesões que causam dor, conhecida como cervicalgia, e que podem limitar os movimentos.”
As más posturas, seja a olhar para o ecrã dos telemóveis, para o computador que não está ao nível dos olhos ou até mesmo quando estamos sentados no sofá são, sem dúvida, uma das razões pelas quais sentimos dores na zona da cervical. Ao estarmos a olhar para estes dispositivos durante muito tempo a cabeça e o queixo estão à frente do peito e o pescoço não está direito, o que causa bastante tensão na musculatura. Contudo, e tal como escreve Andreia Mercier Nunes, médica ortopedista especializada em coluna, existem várias outras causas que podem explicar estas dores.
Os traumatismos são outro dos motivos evidentes. Quedas, lesões por utilizar excesso de carga durante o treino ou contusões podem gerar dores bastante fortes e até mesmo limitar os movimentos. Além disso, existem ainda outros fatores que podem ter influencia direta nestas dores, mesmo que, numa primeira instância, possam nem aparentar ter qualquer relação com o sistema músculo-esquelético, tal como explica a fisioterapeuta Jullyanne Silva.
“Ser do sexo feminino, ser fumador, ter problemas emocionais ou excesso de stress podem ser fatores de risco, entre outros”, diz a especialista, baseando-se num estudo de 2017 publicado pelo “Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy”. Quando estamos stressados o corpo liberta hormonas como a adrenalina, e que por sua vez é sentida tensão sobre os músculos, uma reação natural do corpo que está a tentar proteger-se contra lesões e dores. No entanto, essa tensão pode ter o efeito contrário e causar ainda mais dores, mesmo sem nos apercebermos.
Mas existe um outro motivo que os especialistas apontam como responsável pela cervicalgia: a falta de exercício físico.
Os especialistas chamam-lhe de Disuse Syndrome, ou seja, Síndrome do Desuso. O termo foi utilizado em 1984 por Walter Michael Bortz II, um professor de Medicina da Universidade de Stanford, e descrevia o que acontecia ao corpo e à mente de um indivíduo que parava de fazer exercício e se tornava sedentário. Entre os vários efeitos, Bortz apontava a atrofia e degeneração dos músculos do sistema músculo-esquelético.
Grant Cooper, fisiatra da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos da América, e membro do Conselho Americano de Medicina Física e Reabilitação, explica que fazer desporto, incluindo treinos de alongamentos, é fundamental para evitar esta atrofia, que pode estar na base das dores e das lesões.
“Alongar é muito importante para qualquer pessoa”, diz o especialista num vídeo publicado pela “Veritas Health”. “Mesmo para quem tem um pescoço saudável, fazer alongamentos também é importante. A cabeça pesa um pouco mais do que uma bola de bowling. Imaginem o que é segurar numa bola de bowling durante todo o dia, todos os dias. É isso que o pescoço está a fazer.”
O especialista diz que fazer os exercícios certos pode ajudar a fortalecer e estabilizar os músculos da cervical, e não só melhora a postura, como ajuda a coluna a suportar da melhor forma o peso da cabeça. A longo prazo, esse suporte e essa melhoria na postura previne dores no pescoço, já que deixa de existir tanta pressão sobre os músculos.
A fisioterapeuta Jullyanne Silva concorda com a opinião do especialista, acrescentando ainda que “Há evidências de que, exercícios específicos para a coluna cervical geram bons resultados na redução dos sintomas de dor e incapacidade cervical”.
E tratar estas dores é fundamental, tal como concluído por um estudo, publicado em 2017 pelo Imperial Journal of Interdisciplinary Research. Nele, os especialistas referem que, quando não são tratadas, as lesões no pescoço podem causar danos a longo prazo. Entre eles, destacam-se a artrose precoce, desalinhamento da coluna vertebral, danos nos nervos, compressão ou hérnias nos discos ou, em casos mais extremos, perda de capacidade pulmonar.
Para melhorar a capacidade dos músculos da cervical e aliviar a dor, Jullyanne aconselha alguns exercícios que podem ser feitos em casa, tal como representados na infografia abaixo. Além disso, deixa ainda algumas recomendações.
“Mantenha o pescoço aquecido, encolha o queixo quando olhar para baixo, quando se deitar de costas ou de lado, utilize almofadas ou rolos de suporte, mantenha a cabeça em alinhamento com o corpo e vá mexendo o pescoço ao longo do dia para não estar muito tempo parado”, aconselha. “Evite as atividades que provocam dor, não deixe a cabeça tombada para trás ou para os lados, não carregue objetos pesados e não durma de barriga para baixo para não causar ainda mais pressão.”
Voltaren Emulgel e Voltaren Emulgelex. Medicamentos contêm diclofenac indicados a partir dos 14 anos, em dores musculares ligeiras a moderadas, inflamação pós-traumática e a partir dos 18 anos em reumatismo degenerativo localizado. Utilizar em pele saudável. Não utilizar na gravidez. Suspender se desenvolver erupção cutânea. Leia atentamente o folheto informativo, em caso de dúvida ou persistência dos sintomas consulte o seu médico ou farmacêutico. Se não melhorar após 7 dias, consulte o médico.
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