A aceleração é uma das principais características do mundo contemporâneo. Dificilmente conseguimos ver um episódio da nossa série favorita sem navegar meia dúzia de vezes pelo feed do Instagram, e quase colapsamos quando a internet demora demasiado tempo a carregar o site que queremos visitar ou o vídeo do YouTube que queremos ver. Num cenário destes, é difícil acreditar que a nova tendência da internet seja exatamente aquilo que não queremos dela – a lentidão.
Mas parece que é isso que está a acontecer. O movimento slow web, que literalmente se pode traduzir para “internet lenta”, nasceu em 2012 pelas mãos do escritor Jack Chang. Inspirado no movimento da slow food, teria como principal objetivo desacelerar o ritmo com que os utilizadores consomem conteúdos online. No fundo, pretendia-se criar consumidores que conseguissem ler um artigo com mais de cinco parágrafos até ao fim ou que utilizassem o menor número possível de separadores abertos, gastando menos tempo na internet e rentabilizando-o.
Ao fim de sete anos, não podemos dizer que a ideia de Chang resultou. No entanto, com o passar do tempo, começam a surgir cada vez mais comunidades em várias redes sociais cujo conteúdo segue as bases da slow web — e o feedback também tem vindo a crescer.
Dentro desta tendência, a observação de plantas tem vindo a ganhar especial destaque. Em várias plataformas surgem contas que divulgam o crescimento ou o movimento de vários tipos de plantas ao longo do tempo, um conteúdo que obriga os consumidores a parar durante alguns minutos e apenas observar o trabalho da natureza.
Na rede social Reddit, a conta @watchplantsgrow foi lançada à sete meses e já conta com mais de 46 mil seguidores. A comunidade dedica-se a partilhar vídeos que mostram o crescimento de plantas. Alguns demoram apenas um minuto, outros chegam aos dez.
No Instagram, também começam a surgir contas que partilham conteúdo que obriga o utilizador a desacelerar o seu ritmo digital natural. Morgan Doane, que inclusivamente já escreveu um livro sobre como devemos criar as nossas próprias plantas, é administradora de uma conta na rede social com mais de 110 mil seguidores. Entre fotografias das dezenas de plantas que possui, Morgan vai articulando vídeos onde mostra o crescimento dos seres vivos.
A maior plataforma de partilha de vídeos da internet – o YouTube – também já conta com vários canais de partilha deste tipo de conteúdo. No GPhase, os vídeos analisam não apenas o crescimento de vários tipos de plantas mas também células.