De "O Rapaz do Pijama às Riscas" a "O Filho de Saúl", passando por "A Lista de Schindler", muitas são as produções que retratam as atrocidades de um dos períodos mais trágicos da história, o Holocausto. Agora, porque muitas são as histórias que ficaram por contar, vai chegar à SkyShowtime mais uma: "O Tatuador de Auschwitz".
Baseada no bestseller internacional homónimo, escrito por Heather Morris, a nova série tem data marcada para chegar ao catálogo da plataforma de streaming em junho de 2024. Composta por seis episódios, o objetivo é contar, agora visualmente, a história real de Lale e Gita Sokolov, que se conheceram enquanto prisioneiros no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.
As primeiras imagens da série foram reveladas esta quinta-feira, 18 de janeiro, e é nelas que já se pode ir ter um vislumbre daquilo que se avizinha. O icónico Harvey Keitel vai dar vida à versão presente de Lale Sokolov, enquanto Jonah Hauer-King, que se destacou pela sua prestação enquanto príncipe Eric no live-action de "A Pequena Sereia", encarnará a sua versão mais jovem. Anna Próchniak vai retratar Gita Furman, Melanie Lynskey será Heather Morris e Jonas Nay interpretará Stefan Baretzki.
A série vai ser produzida por Claire Mundell, através da sua empresa Synchronicity Films em colaboração com a Sky Studios. A realização será levada a cabo por Tali Shalom-Ezer e conta com uma banda sonora composta por Kara Talve e Hans Zimmer, vencedor de vários Academy Awards. Já Jacquelin Perske fica aos comandos da produção executiva, sendo também uma das guionistas, a quem se juntam Evan Placey e Gabbie Asher.
Veja as fotos.
Mas, afinal, quem foram Lale e Gita Sokolov?
Antes de adotar um novo nome, Lale Sokolov era Ludwig Eisenberg. Nascido na então Checoslováquia – que, desde 1993, se dividiu em dois estados diferentes, a República Checa e a Eslováquia –, foi um judeu que enfrentou três anos de terror no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, no qual foram assassinados mais de um milhão de judeus. Foi aqui que lhe atribuíram a designação de prisioneiro 32407.
Durante esses três anos, Ludwig batalhou pela sua sobrevivência. Inicialmente, rendido às evidências, trabalhou para a expansão do campo de concentração. Posteriormente, tornou-se tätowierer (tatuador, em português) dos prisioneiros recém-chegados, que eram obrigados a gravar na pele o número pelo qual, a partir dali, seriam conhecidos. E como é que isso aconteceu? Bem, por um acaso.
Depois de contrair febre tifoide, uma doença infecciosa causada pela bactéria Salmonella typhi, foi tratado pelo mesmo homem que o tatuou à sua chegada, Pepan. Esse académico francês escolheu-o para ser seu assistente e, aquando do desaparecimento repentino do mesmo, Ludwig assumiu o papel principal de tatuador, conquistando privilégios negados aos restantes.
Ao assumir este cargo, Ludwig desfrutou de refeições extra, dormiu em quartos individuais e teve momentos de folga quando não tinha tatuagens para realizar. E foi no meio deste cenário, em 1942, que se apaixonou por Gita Fuhrmannova, uma compatriota checa, a quem tatuou o número 34902. O casal manteve contacto sem ninguém descobrir, graças aos esforços do tatuador para mandar cartas e comida clandestina para Gita e outros prisioneiros.
Apesar de se distanciar dos outros prisioneiros devido aos seus privilégios, Ludwig tinha algo em comum com todos eles: o medo da morte, que era adensado pelas ameaças do médico Josef Mengele, que lhe dizia que, um dia, o levaria para uma câmara de gás, algo que nunca chegou a acontecer. Até porque, em janeiro de 1945, os prisioneiros foram libertados pelo Exército Vermelho.
Aquando da libertação, Ludwig e Gita perderam o contacto, encontrando-se na Bratislava, onde se concentraram vários sobreviventes de Auschwitz, várias semanas depois – e, mais uma vez, por um feliz acaso, já que o homem estava prestes a partir, quando encontrou a amada.
Nesse mesmo ano, em outubro, o casal deu o nó e foi então que adotaram o apelido Sokolov, pelo qual são conhecidos atualmente. Mas os primeiros anos de casamento não foram fáceis, uma vez que ambos financiavam a criação do estado de Israel, algo que culminou na detenção de Ludwig, depois de o governo descobrir. Pouco tempo depois, o par conseguiu escapar e, já em fuga, passando por Viena e Paris, foi em Melbourne, Austrália, cidade que viu nascer o seu filho, Gary, que acabaram por se fixar.
Apesar desta grande luta de sobrevivência, Lale, como é agora conhecido, guardou a sua experiência nos campos de concentração a sete chaves, já que temia que o encarassem como um colaborador dos horrores do Holocausto, carregando, consequentemente, um fardo de culpa pela própria sobrevivência. Até que, em 2003, pouco depois da morte da mulher e antes da do próprio, três anos depois, decidiu quebrar o silêncio e contar a história a Heather Morris, que escreveu o livro que, agora, vai inspirar a série da SkyShowtime.