Em meados dos anos 80, os homicídios em série aterrorizavam os Estados Unidos. Olhando em retrospetiva, foi nesta década que o número de serial killers bateu recordes, com pelo menos 200 assassinos em massa a atuar só nos EUA. Era a época de Ted Bundy, John Wayne e Jeffrey Dahmer, monstros implacáveis que aterrorizavam a população e faziam manchetes com os seus crimes macabros.
Eles eram temidos, é verdade. Mas tal como nos dias de hoje, havia um certo fascínio que persistia em tentar compreender como é que um ser humano só consegue ser feliz a matar. Naquela altura a análise era feita através dos jornais, hoje temos séries como "Mindhunter" ou “Conversas com um Assassino – As Gravações de Ted Bundy”, que contam as suas histórias e tentam traçar um perfil.
A mais recente obsessão criminal chama-se "The Confession Killer", e chegou à Netflix esta sexta-feira, 6 de dezembro. Só que há um pequeno twist nesta história: ao longo de cinco episódios, a minissérie revela-nos quem é Henry Lee Lucas, o homem que admitiu ter assassinado 600 mulheres.
Considerado durante muito tempo como o mais perigoso serial killer dos Estados Unidos, e aquele que mais crimes cometeu — só para termos um ponto de comparação, o temível Ted Bundy "só" tirou a vida a cerca de 30 pessoas —, as forças policiais entraram em êxtase. Dia após dia, eram encerrados dezenas de casos de homicídios graças às confissões de Henry Lee Lucas.
Onde é que está o twist então? Era (quase) tudo mentira. Apesar da relutância da polícia em reconhecê-lo, os testemunhos eram inconsistentes, Henry tinha acesso a todos os detalhes dos crimes antes de confessá-los e chegou mesmo a admitir a mentira. Procurava um "suicídio jurídico", terá dito uma vez ao seu advogado, algo que sentia merecer depois de matar aquele que dizia ter sido o único amor da sua vida, Becky Powell.
Mais de 40 anos depois, ainda hoje não se sabe ao certo quantos crimes foram cometidos por Henry Lee Lucas — mas restam poucas dúvidas de que a grande maioria dos homicídios confessados não foram certamente cometidos por ele. As família continuam a exigir que seja feita justiça, e esse, garantem os realizadores da série, é o grande objetivo de “The Confession Killer”: fazer entender ao mundo que os verdadeiros culpados continuam à solta.
Nasceu numa família abusiva — a mãe era prostituta e agredia-o frequentemente, física e verbalmente —, perdeu o olho esquerdo numa brincadeira com o meio-irmão, mais tarde sofreu uma lesão cerebral depois de ser agredido pela mãe. Sexo e violência fizeram sempre parte da sua infância, e prolongaram-se pela vida adulto: antes de confessar crimes que não cometeu, foi preso várias vezes por roubo, posse de arma e até por homicídio em segundo grau pela morte da mãe.
Quem foi Henry Lee Lucas? Estas 33 fotografias contam a sua história.