Tiago Silva foi o segundo classificado do "The Voice Portugal". Para o cantor — já com 20 anos de carreira — pisar grandes palcos não é uma novidade. A pandemia fez com que visse muito dos seus espetáculos serem cancelados, mas como nunca gostou de baixar os braços, achou que esta era a altura ideal para participar no programa. Sem nunca esperar ir tão longe, conseguiu chegar à final e tornou-se o segundo classificado da voz de Portugal.
A última gala do talent show da RTP1 aconteceu este domingo, 3 janeiro, e contou com a presença de cinco finalistas: Luís Trigacheiro, concorrente de Marisa Liz, Tiago Silva, da equipa de António Zambujo, Tiago Barbosa e Miguel e João, concorrentes de Aurea, e Diogo Leite, da equipa Diogo Piçarra.
O duelo final deu-se entre Tiago Silva e Luís Trigacheiro mas, após a votação do público, o alentejano de 23 anos acabou por se tornar o grande vencedor da edição de 2020. Tiago ficou em segundo, o terceiro lugar foi atribuído a Tiago Barbosa e o quarta e quinto à dupla Miguel e João e Diogo leite, respetivamente.
Apesar de ter estado muito perto da vitória, Tiago Silva não se mostra minimamente triste com o desfecho e revela estar muito orgulhoso com a prestação que teve ao longo de todo o programa. "Acredito que consegui quebrar algumas barreiras e dar alguma coragem também a outros concorrentes que queiram participar nas próximas edições. Que sintam a coragem e força de não ir com medo de ter de cantar em inglês. Desde o inicio até à final eu cantei sempre em português."
Nasceu em Dornelas do Zêzere, tem 36 anos, e é professor de concertina e acordeão na Academia de Música de Coimbra e professor de música na Associação de Paralisia Cerebral da mesma cidade, onde exerce funções há 9 anos. Descobriu o gosto mela música quando, aos 12 anos, começou a participar no rancho folclórico da aldeia de Pampilhosa da Serra. "Foi aí que eu dei os meus primeiros passos com o acordeão. Depois, na passagem do ano de 1998 para 1999, foi quando fiz o meio primeiro espetáculo. A partir daí foi sempre a ter espetáculos e em 1999 gravei o meu primeiro álbum", conta Tiago Silva referindo que completou em 2019 20 anos de carreira.
Tiago Silva já levou a música popular portuguesa a todos os cantos do País e até ao estrangeiro — e desta vez decidiu trazê-la também ao palco do "The Voice". Após chegar onde chegou, o concorrente considera que conseguiu provar que neste tipo de programas também se pode cantar só em português e apostar nos estilos com que cada um se sente mais confortável. O fado foi também uma das suas apostas e destaca a atuação da semifinal como uma das mais marcantes.
"O momento mais emocionante para mim foi na da gala da semifinal quando cantei a 'Guitarra toca baixinho'. Foi o mais marcante e emocionante pois consegui também cantar um género que as pessoas ainda não conheciam de mim, mais direcionado para o canto lírico", afirma referindo que também estudou música no conservatório de Coimbra.
Desde o início, Tiago Silva tem sido um dos concorrentes mais acarinhado pelos portugueses e elogiado pelos mentores. Nas provas cegas deixou o estúdio todo em festa e conseguiu virar a cadeira de dois mentores. António Zambujo e Marisa Liz disputaram para ficar com o acordeonista na sua equipa, mas Tiago acabou por escolher Zambujo. "Eu já ia, mais ou menos, com uma ideia de que se o Zambujo virasse a cadeira seria o meu mentor, até porque me identifico muito com ele. É uma pessoa que defende muito as suas raízes. E eu também sou isso, fruto de todas as vivências que tive ao longo destes 20 anos", explica à MAGG.
Além de tudo o que aprendeu a nível musical, Tiago Silva faz questão de destacar as amizades que criou no programa. "Um bom prémio do "The Voice" são também os laços de amizade que nós criamos e todas as ligações que ficam depois do programa. Só por aí, já ganhamos todos pelo conhecimento de diferentes culturas. Tivemos pessoas do Norte, tivemos pessoas do Alentejo, do centro, de vários pontos do País e é importante quando as pessoas se unem e partilham as culturas e as vivências."
Na última gala, todos os finalistas tiveram ainda a oportunidade de cantar com um convidado especial. Luís Trigacheio subiu a palco com Simone de Oliveira, Diogo Leite cantou lado a lado com o Marco Rodrigues e os dois finalistas da equipa da Aurea, Tiago Barbosa e a dupla Miguel e João, cantaram com Jorge Palma.
Tiago Silva subiu ao palco com Marco Paulo. "O feedback que tive e que tem chegado até mim é o de que foi um momento maravilhoso. E, sabendo por tudo o que o Marco Paulo já passou, foi também uma forma de o homenagear num palco como o do 'The Voice'. Todos nós sentimos uma sensação mesmo muito agradável cada vez que pisamos aquele palco e cantamos. Até os nervos que nós temos transformam-se em energias positivas", afirma o concorrente.
"Sentir o Marco Paulo ali ao meu lado e saber que ele estava a cantar comigo deixou-me completamente feliz e fiquei muito contente por poder partilhar o palco com ele. Foi a primeira vez que o Marco Paulo cantou este tema com alguém e esse alguém fui eu e é uma honra enorme", acrescenta.
Agora, Luís pretende continuar a percorrer o caminho que começou há 20 anos. "Neste momento, com uma boa visibilidade perante o País, é a altura de aproveitar essa rampa de lançamento e essa visibilidade toda e continuar, passo a passo, não esquecendo também todos os meus outros trabalhos."
O segundo classificado do "The Voice" faz ainda questão de referir que não teria chegado onde chegou sem o apoio de todos os que o acompanham há anos e ainda dos que votaram. "Esta é uma vitória de equipa e de todos os que acreditaram. Como sabemos, a música popular portuguesa vive em cada um de nós."