As primeiras horas fora da casa do "Big Brother" são pautadas pela habituação ao mundo real. Maria da Conceição foi expulsa este domingo, 10 de outubro, mas mostrou-se feliz com a decisão dos portugueses e por poder regressar a Valongo.
“Em primeiro lugar, eu nunca me senti muito integrada na casa. Aquele conjunto de concorrentes era muito mais novo e não me adaptei muito bem logo de início. Fiquei muito em baixo, logo na segunda semana pensei em sair", confessou, em conferência de imprensa. Ainda assim, não quis desistir e aguardou que o público ditasse a sua saída — algo que previu que não tardaria, depois de ter sido apelidada de "planta" pelos colegas. "Não pensava que ia encontrar tanta juventude com tantas maneiras de ser, tão diferentes e com linguagens que eu não entendia. Não estava bem ali. Não estava no meu mundo. Aquilo que é desconhecido para mim ainda me mete medo."
Maria conta que, por ter 50 anos, sentiu necessidade em portar-se com uma mulherzinha. Apesar de ter mau feitio e de se ter deparado com situações e comportamentos que não gostava, não queria ser mal educada, nem passar uma imagem negativa para o exterior. "Nunca ninguém me levou muito a sério. [Os concorrentes] Diziam que andava para lá só a limpar e que se tinha ido para lá para limpar mais valia ter ficado em casa, que nunca encontrei o meu lugar, que não sabia o que é que andava lá a fazer", desabafou, revelando que, nem a própria, por vezes, sabia.
“A causa não defendo. Defendo a Ana Morina enquanto pessoa”
Ao longo da sua passagem pelo programa, Conceição foi deixando bem claro que não acredita numa possível união entre as mulheres. A ex-concorrente contou que se despediu de vários empregos devido ao mau ambiente entre o sexo feminino. "Senti que quando começava a ir mais arranjada para o trabalho, elas [as colegas] pensavam logo que era com segundas intenções."
Hoje trabalha com mulheres, mas considera-se mais consciente e capaz de se afastar do que não lhe faz bem. No entanto, sublinha: "Parece que não gostam de ver as outras evoluir e subir na carreira e ter uma vida boa, bonita. Eu toda a vida senti isso”.
Na casa do "Big Brother", Ana Morina tem dado que falar por defender a sororidade, algo que Maria não só não acredita, como nem sabia o que significava. "Não me identifico com a causa, mas identifico-me com aquilo que ela se propõe a fazer, porque, no fundo, não esta a fazer mal a ninguém. Ela quer a união entre as mulheres e isso era o que eu queria há 20 anos", explicou.
Na perspetiva da ex-concorrente, a aproximação a Ana Morina não a prejudicou e considera-a muito inteligente. No entanto, "lá dentro, está acabada". "Basta dizer uma coisa que eles [os outros concorrentes] vão logo buscar a causa. Muitas vezes ela não a procura, mas eles vão buscar a causa para ser um voto fácil."
Em relação às acusações de ser uma cópia da concorrente, Conceição discorda, não só por não acreditar na causa, mas também porque se considera menos esperta e mais frágil. "Se não fosse a Ana Morina, eu não estava lá. As primeiras duas semanas foram péssimas e a Morina é que puxou por mim, por isso é que eu a procurava muito."
Apesar de se considerar ingénua, acredita que Ana Morina não é uma personagem e está a mostrar a sua personalidade verdadeira."Às vezes eu acredito demais nas pessoas, mas eu quero acreditar que a Ana Morina é aquilo mesmo”, confessou. "Acho que não me vou desiludir."
Conceição contou, ainda, que a ex-colega sofre muito com os comentários dentro da casa e que, além de manifestar saudades do filho e dos pais, nunca se abriu muito sobre o seu passado.
Conceição sobre os concorrentes: "São todos letrados, têm muitos estudos, mas depois, vai-se a ver, e são uns burros"
À exceção de Ana Morina, Aurora Sousa, António Bravo e João Ligeiro, a ex-concorrente não se identificou muito com os colegas e sentiu dificuldade em entender o que colegas diziam, sobretudo por misturarem português com inglês. "Eles são todos letrados, têm muitos estudos, mas depois vai-se a ver, e são uns burros", sublinhou. "Quando vão a falar, às vezes, dizem cada asneira que eu nem entendo."
Yeniffer Campos foi quem Conceição não conseguiu mesmo compreender. "Parecia o boneco diabólico", disse, em conferência de imprensa. "Ela tão depressa estava a rir-se como, de repente, se transformava e eu não sabia de que maneira havia de falar para a miúda. Até tinha medo (...) A única que até acho que pode estar a usar uma máscara é ela, porque ela é toda daqueles risinhos, até enerva. É muito educada, mas aquele risinho dela, aquele falar dela, não me inspiram confiança."
A entrada da nova concorrente, Felicidade Sá, deixou-a bastante desconfortável e considerou muito forte quando a participante a chamou de rancorosa. “Ainda bem que eu saí, porque não fui mesmo com a cara da senhora”, contou. Conceição acha que tinha que entrar alguém para abanar o jogo, mas que não é justo o prémio final ser igual ao dos outros concorrentes, pois Felicidade tem vantagem sobre eles.
Já Letícia, poderá ser a próxima vítima das expulsões, por ser “mais paradinha" e "muito metida no cantinho dela”. A ex-concorrente manifestou um grande carinho por João Ligeiro, por lhe ter dado oportunidade de mostrar que era mais do que uma simples empregada doméstica e a ter incentivado nas provas semanais.
Apesar de já não acreditar que Ana Morina será uma das finalistas, gostaria de a ver numa final com Ana Barbosa, António Bravo e Rui Pinheiro.
“A minha mãe dizer-me que estava orgulhosa de mim, para mim, valeu a pena"
O pai de Conceição, alcoólico, agrediu a mãe durante 15 anos, tendo acabado por se suicidar. Por vários anos da sua vida, a ex-concorrente descarregou a sua frustração na mãe mas, hoje, vê-a como uma guerreira e tenta compreender o motivo das suas ações no passado. "Tivemos sempre uma relação péssima. Eu dei muito trabalho à minha mãe, era muito rebelde. Ainda hoje sou, com 50 anos", partilhou com os jornalistas.
São contou ainda que a mãe não apoiou a entrada no "Big Brother", mas ontem, quando a viu no estúdio, só a quis abraçar. "Estou muito feliz e agora só peço a Deus que me dê força, saúde e paciência, se a minha mãe precisar de mim, para a poder ajudar e estar com ela sempre.”
Na casa do "Big Brother", a ex-concorrente sentiu-se acolhida e, em conferência de imprensa, garantiu que faria tudo igual, mas talvez limpasse menos. Quanto às opiniões dos portugueses, essas não lhe interessam, só não queria desapontar os meninos da catequese, os amigos e a família — e mostrou-se convicta de que tinha alcançado esse objetivo.
Maria da Conceição inscreveu-se no "Big Brother" por brincadeira, mas saiu feliz pela oportunidade, satisfeita com a experiência e ansiosa por retomar a sua vida e regressar a Valongo.