Quando pensamos em viajar, a ideia associada é de relaxar e aproveitar as férias para desligar das preocupações do dia a adia. Só que ir para outro país pode tornar-se numa verdadeira dor de cabeça caso a viagem não seja bem planeada. Ou melhor. Se não forem seguidas as dicas de Vasco Monteiro, o português nascido no Porto que já visitou 22 países (ou mais, porque já se perdeu nas contas).

As dicas são feitas com base nas experiências que o portuense de 27 anos tem tido desde que começou a viajar, com apenas 17 anos, e não fez a coisa por menos: foi para Palma de Maiorca. "O meu grupo de amigos queria sempre ir aos mesmos lugares, por exemplo ao Algarve ou Gerês, e eu sentia que queria conhecer outros países e tentar arranjar maneira de o fazer", explica Vasco Monteiro à MAGG.

Foi então que decidiu aventurar-se sozinho e seguiu do Porto para as ilhas baleares através da Ryanair — o primeiro passo da viagem com dois objetivos: descobrir o mundo e poupar. "Pesquisei formas de poupar ao máximo, porque na altura era apenas um estudante e não podia ficar num hotel ou Airbnb. Então inscrevi-me numa plataforma de Couchsurfing para obter alojamento grátis e fiquei em casa de uma bióloga marinha", lembra e acrescenta que durante vários anos voltou a Palma de Maiorca para rever os amigos que fez.

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Desde então tem viajado maioritariamente sozinho, até porque deste modo não tem de coordenar agendas com outras pessoas, mas também já viajou em casal, amigos e família e reconhece que a vantagem é que "as coisas quando são partilhadas, quer seja uma passagem ou passeio, são sempre mais especiais", refere.

Mas devemos confessar: se há pessoa com quem todos gostariam de viajar, é com Vasco. É que assim estávamos seguros de que escaparíamos a burlas, que ficávamos num hostel bem localizado e com condições, que não nos esqueceríamos de levar um adaptador universal para Malta ou que antes de entrar no avião já tínhamos todos os roteiros transferidos para o Google Maps. Estes são apenas alguns exemplos de dicas que é possível aprender com o viajante, quer no Instagram, quer através da Bíblia do Viajante (de que falaremos adiante). Porém, para reuni-las, Vasco Monteiro teve de cometer os próprios erros.

"Todos os erros que cometi agora ensino as pessoas a não cometerem. Já correu mal viajar na Ryanair e levar uma mala com as dimensões superiores às permitidas, porque pensei que não houvesse problema levar uma mala com rodinhas, e isso fez com que tivesse de pagar um extra", conta e lembra mais um episódio. "Na altura em que viajei para a Turquia, era precisa pagar um visto à entrada do aeroporto como cidadão português e o erro foi não ter consultado as regras de entrada no portal das comunidades. Isso custou-me estar muito tempo à espera enquanto podia ter comprado uma taxa online".

O segredo para evitar erros como estes ou burlas está na preparação prévia, quer seja recolher informações ou instalar aplicações úteis — ambos os métodos podem evitar "o lado menos bom de viajar".

Entre o bom e o mau, escolha o lado eficiente de viajar

Tudo o que Vasco Monteiro aprendeu ao longo dos últimos dez anos, fê-lo não só a andar pelo mundo, como no trabalho anterior. O português ajudava pessoas a emigrar ao estar empregado na maior rede social de emigração, a InterNations, que entretanto foi afetada pela pandemia e acabou por fechar. Atualmente, Vasco trabalha na empresa austríaca Storyblocks, que permite armazenar conteúdos para sites, apps e smartwatches.

A full time é esta a profissão de Vasco Monteiro, mas nas horas livres dedica-se a ajudar outros a realizarem os sonhos de forma segura. Além do que publica no Instagram, o especialista na arte de viajar partilha tudo o que sabe na Bíblia do Viajante, criada durante a pandemia. "Abri a caixa de perguntas todas as semanas e descobri quais eras as dúvidas, medos e inseguranças que as pessoas tinham e comecei a gravar vídeoaulas sobre absolutamente tudo do mundo das viagens: como evitar burlas, como encontrar voos baratos, como conhecer pessoas em qualquer parte do mundo, como saber qual o melhor cartão sim", exemplifica.

O curso conta com 176 aulas e é de acesso vitalício (105€), no entanto, está fechado a novos acessos, tal foi a procura. Mas há boas notícias para quem ficar perito a viajar: Vasco Monteiro já disponibilizou um formulário para os interessados entrarem na lista de espera para novas vagas de acesso à formação, cuja finalidade é ensinar as pessoas a usar todas ferramentas "de forma independente".

Em breve sairá um outro curso apenas com o "essencial" e menos extenso do que a Bíblia do Viajante, indicado para quem nunca viajou ou pretende fazê-lo mais vezes.

Até lá, e de forma gratuita, as dicas de Vasco vão sendo partilhadas de forma divertida no Instagram — com um Super Mario ou um Sonic the Hedgehog prontos a ajudar — e à MAGG deu mais algumas que pode aplicar já este ano numa viagem especial de lua de mel ou num dos destinos tendência de 2022.

Viajar em pandemia, para fora da Europa ou com pouco dinheiro? Mais de 10 dicas úteis

Quem acompanha Vasco Monteiro há muito tempo segue desde as dicas mais complexas às mais básicas, como "levar uma muda de roupa na bagagem de mão, para o caso de a bagagem de porão se extraviar". Esta já salvou algumas vezes a viajante Anabela, que comentou a publicação do portuense sobre "coisas que parecem óbvias mas que muitas pessoas esquecem antes de viajar".

Numa altura de pandemia, o mais óbvio é levar máscara e certificado de vacinação — quanto basta atualmente para os vacinados circularem na Europa —, mas há mais alguns pontos a não esquecer.

Anote estas 4 dicas para viajar em tempo de pandemia. 

  1. Viajar com seguro. "Se acontecer alguma coisa, como a pessoa testar positivo, pelo menos tem essa tranquilidade. Se antes já era importante, agora é essencial";
  2. Conhecer as restrições. "Usar o site KAYAK para ver as restrições de cada país e, mais importante: uma vez no site e ao escolher o destino, no fundo da página tem os links dos governos oficiais para confirmar as fontes oficiais de informação";
  3. Pedir testemunhos. "Se uma pessoa for viajar para o Reino Unido, pode juntar-se a grupos de Facebook de portugueses em Londres, por exemplo, e perguntar se alguém viajou de Portugal para Londres para ver quais as regras, como foi o processo, para ter o testemunho de alguém que passou por essa situação";
  4. Consultar o Portal das Comunidades Portuguesas. "Embora seja a fonte oficial do governo português, nem sempre está atualizada e é importante saber a experiência prática das pessoas, porque as regras mudam de um dia para o outro".

Já se quiser aventurar-se para fora da Europa e fazer uma viagem de sonho a Marraquexe ou Buenos Aires, eis 5 dicas. 

  1. Ver o Portal das Comunidades Portuguesas. "Para saber se é preciso visto ou não, quantos dias posso ficar como turista, etc";
  2. Investigar as tomadas eléctricas do país de destino. "Já vi muitos amigos e seguidores a irem para Malta, e esquecem-se de levar o adaptador";
  3. Saber tudo sobre o destino. "Aconselho os site Nomad List. Tem informações de várias cidades do mundo para ver qual a melhor app de taxi, se é Uber ou outra qualquer, ou para ver se a água da torneira é potável ou não";
  4. Prever o tempo. "Se for viajar daqui a dois meses, como é impossível prever a temperatura o que faço é: ir ao AccuWeather, escrever, por exemplo, 'Buenos Aires março de 2021'. Assim vou saber como foi o tempo e as temperaturas nesse local no ano passado. É, pelo menos, um padrão a seguir";
  5. Saber o custo de vida no destino. "Usar o site Numbeo para saber o custo de vida em cada lugar. Quanto custa um almoço ou o passe de metro".

Finalmente, as dicas mais esperadas: poupar em viagem. 

  1. Comparar sites. "Pesquisar a melhor forma de sair do nosso País para o destino final. Se estou em Lisboa e quero ir para Cancún [México], como vou? Vou até Madrid e depois para lá, vou direto de Lisboa ou faço escala noutro sítio qualquer. É saber escolher a melhor rota possível";
  2. Melhor preço de alojamento. "Se quiser ficar num hotel, posso reservar pelo Booking ou pelo site do hotel e convém comparar porque por vezes cada um tem um preço";
  3. Ver se pacotes de transporte e atrações compensam. "A minha teoria é a seguinte: posso ter tudo planeado sobre o que quero fazer numa viagem, mas se chegar ao lugar e mudar de ideias ou alguém local der mais dicas, se estiver preso a um pack, o dinheiro pode não ser bem aproveitado".