Acordar com as gaivotas, preparar a marmita, rumar para a praia e andar num vaivém entre a toalha e o mar é o ritual mais comum de quem ruma ao Algarve no verão. Está até tão enraizado, que nos anos que passam esquecemo-nos de explorar a região e o que melhor ela tem para nos dar. Já alguma vez visitou a ilha de Armona? E a ilha da Culatra? Este é o ano.
Ambas estão situadas na ria Formosa, no concelho de Olhão, e são absolutamente deslumbrantes, assim como as outras três que fazem parte do sistema de ilhas-barreira da ria Formosa. Mais. Estas ilhas são a prova de quem não precisa de ir lá para fora — por exemplo, para Formentera gastar rios de dinheiro no instagramável A Mi Manera ou para Gozo, no arquipélago de Malta — para conseguir iguais fotos de cenários quase desertos, águas calmas e azuis.
Na ilha da Culatra há até uma oferta de alojamento que permite tirar ainda maior proveito, 24 horas por dia, desta ilha acessível por barco a partir de Olhão, assim como acontece com as restantes ilhas. As viagens demoram cerca de 15 minutos de um lado para o outro e são feitas num ferry boat, cujo preço da passagem só de ida custa 1,85€ para ir até à ilha de Armona, 2€ para ir até à ilha da Culatra, por exemplo, nos horários estabelecidos no site tours in Algarve.
Caso perca o barco, pode sempre ir num aqua-táxi, que custa desde 35€. Já na vinda, se perder ambos, há quase sempre onde ficar. Ora veja.
1. Ilha de Armona
A ilha de Armona é conhecida no seu todo, mas ainda mais pela praia que situada no extremo poente da ilha, na proximidade da Barra do Lavajo. É esta que leva muitas pessoas a fazer a travessia das águas da ria Formosa no verão, para estender a toalha no areal de perder de vista.
A ilha, que faz parte de um a cordão de ilhotas que separam a Ria Formosa do mar, tem piscinas naturais formadas por bancos de areia junto da barra e tanto se pode mergulhar na água, como na biodiversidade dos campos dunares desta natureza algarvia quase intocada.
Quase. Porque além de ser possível visitar e sentir o areal próximo ao cais de embarque e as águas límpidas de praias como a praia da Barra Nova e a praia da Fuseta, há quem fique a pernoitar.
Um dos exemplos é o Orbitur Ilha de Armona, um parque de campismo com bungalows, que oferece uma outra forma de campismo. Os alojamentos simpáticos têm capacidade para de duas a cinco pessoas (a partir de 518€ durante uma semana em setembro), que podem ainda usufruir da zona de churrasco e da praia apenas a 200 metros.
2. Ilha da Culatra
Eis mais uma ilha barreira na ria Formosa, desta vez a ilha da Culatra, que recebeu em julho o primeiro barco do setor pesqueiro movido a energia solar, momento que assinalou o 35.º aniversário da Associação de Moradores da Ilha da Culatra. A ideia do barco, inserido no projeto “Culatra 2030 – Comunidade Energética Sustentável”, é descarbonizar a ria Formosa, sinal dos tempos que evoluem, nem sempre para melhor, mas pequenos passos como este mostram que ainda vamos a tempo de agir.
Tudo em prol da ilha, que é também a casa de várias espécies, em particular das plantas de sapal que se encontram nos alagadiços na preia-mar e também dos aromáticos perpétua-das–areias e tomilho carnudo (um tomilho exclusivo da costa sul) e os insetos (borboletas e escaravelhos) e répteis (lagartixas e o sardão) que se encontram nas dunas.
Além de mergulhos, não há melhor forma de sentir as águas que banham a ilha da Culatra do que ficar a dormir num barco. Ou melhor, numa casa flutuante. A Casas Da Ria tem uma para alugar na plataforma Airbnb, que está ancorada na baía de Culatra/Armona, na ria Formosa. Para agosto as reservas estão quase todas preenchidas, mas ainda vai a tempo de conseguir algumas noites, que custam desde 999€ para duas pessoas.
3. Ilha da Barreta
Continuamos ao longo da ria Formosa e desta vez falamos da formosa ilha da Barreta, também conhecida como ilha Deserta (talvez porque aqui quase não há construções além daquelas que a natureza deixou). A ilha está situada no ponto mais a sul de Portugal, onde vale a pena ir para ver e usufruir do mar de águas límpidas e praticar atividades como a vela, windsurf e passeios de barco.
A biodiversidade é um dos pontos fortes da ilha, onde até se encontram camaleões, já para não falar nos incríveis crustáceos. Outro destaque é a praia que se estende ao longo de sete quilómetros de areal branco, que completa um cenário paradisíaco — não dissemos que não precisa de ir para fora de Portugal?
A temperatura da água pode chegar a 24º C no verão, um caldinho que deve aproveitar ao máximo e sem se preocupar com o tempo de digestão após um almoço no restaurante Estaminé.
O nome parece de tasca, mas é antes o de um restaurante à beira-mar, com o que melhor se apanha nele. Falamos das ostras da ria Formosa (desde 2,20€), assim como das amêijoas apanhadas nestas águas (22€), dos linguadinhos fritos e acompanhados de arroz de coentros (20€) e do linguini com mariscos da ria (19€).
E para sobremesa? O tradicional figo seco algarvio, com amêndoa e gelado de baunilha (7,50€).
4. Ilha de Tavira
Anda à procura das praias de bandeira azul deste ano? A ilha de Tavira conseguiu uma. Foi atribuída à praia da ilha de Tavira-Mar, na extrema nascente da ilha de Tavira, junto à barra de Tavira.
Esta é a única ilha do Parque Natural da da Ria Formosa com vegetação arbórea, que tem sido protegida e para isso contribui o facto de quase não haver opções para pernoitar.
Para pernoitar, tem como opção as tendas do parque de campismo, cuja noite custa a partir de 7€, ou a tendalit, uma tenda familiar na zona dos alvéolos, com eletricidade, roupas de cama e cozinha equipada (desde 60€) — pode consultar todas as opções aqui — ou a Diniz, uma simpática casa da plataforma Airbnb, que custa no verão (mínimo de uma semana) entre os 600€ e os 950€.
Se quiser fazer uma visita à ilha, pode optar pelo passeio pela ria Formosa, com inicio em Cabanas, passagem na barra e ilha de Tavira, zona das Quatro Águas, salinas, forte de S. João da Barra e regresso a Cabanas ao fim de uma hora. Custa 12,50€ por pessoa com a Passeios Ria Formosa.
5. Ilha de Cabanas
Eis aquela que é a ilha que se estende ao longo da barra de Cacela, a última para nascente na Ria Formosa. Falamos da ilha de Cabanas, cuja marginal foi recentemente requalificada e pede uma visita para ver o resultado final, assim como recordar o passado que ainda é preservado através da presença de barcos de pesca artesanal ancorados na ria e as casas de aprestos.
A praia da ilha de Cabanas convida a mergulhos e a uma uma bola de Berlim — é que dizem que aqui é que há "as verdadeiras bolinhas da praia...".
Quanto a alojamentos, há apenas duas casas para ficar na ilha, mas ao passar para o outro lado vai encontrar um sítio que merece fazer a travessia de volta. Chama-se AP Cabanas Beach & Nature e é um hotel só para os adultos descansarem enquanto desfrutam da vista sobre o Parque Natural da Ria Formosa e a ilha. Uma noite custa desde 274€ para duas pessoas, em agosto.