Depois do Natal e da noite de fim de ano, quase que ainda não houve tempo para recuperar dos excessos — sejam eles de calorias ou de álcool. E quanto ao último, as ressacas são tão frequentes como difíceis de lidar. E podem ser especialmente duras para os vegetarianos e vegan.
Isto porque, de acordo com um estudo realizado por investigadores da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos (agora é este o nome correto), uma alimentação com défices de zinco, conhecido como vitamina B3, e ácido nicotínico, pode ter influência negativa na forma como o corpo lida com as ressacas.
E acentuamos o "pode". Este estudo faz sentido se tivermos em conta as conclusões de investigações anteriores publicados na revista médica britânica "Clinical Medicine" e na revista médica australiana "MJA", em que os investigadores descobriram que os vegetarianos e vegan têm uma maior probabilidade de ter um défice destes nutrientes.
A vitamina B3 encontra-se em alimentos de origem animal, como na carne e no peixe, mas também no abacate ou nos cogumelos. Já o zinco está presente na carne vermelha, no marisco e nos ovos, ou nas leguminosas, no caso dos alimentos de origem vegetal.
Isto quer dizer que quem praticar uma alimentação de base vegetal responsável — sem carências nutricionais —, o álcool terá os mesmos sintomas de ressaca que teria numa alimentação com produtos de origem animal.
Mas como os estudos anteriores revelam que isto nem sempre acontece, significa que sintomas como dores de cabeça, náuseas, vómitos, tonturas, palpitações e sede podem agravar-se nas pessoas que seguem uma alimentação vegetariana ou vegan.
O estudo sobre a associação entre estes dois nutrientes e a ressaca foi publicado em agosto pela revista "Clinical Medicine" e teve como base 23 indivíduos, sendo que 13 deles referiram ter ressacas regularmente quando bebem e dez afirmaram ser mais resistentes aos efeitos do álcool no dia seguinte.
A conclusão dos investigadores é que os indivíduos que têm uma maior ingestão de ácido nicotínico e zinco relataram ressacas menos graves, contudo destacam que é improvável que o aumento do consumo destes nutrientes em pessoas sensíveis aos efeitos do álcool faça com que fiquem imunes à ressaca.
Os investigadores reconhecem que uma das limitações do estudo foi a pequena amostra usada, que não permitiu avaliar com segurança possíveis diferenças de género, parâmetro que se deve juntar a outros em futuras investigações para aprofundar o tema.
Estes novos estudos não só devem avaliar o género, como também analisar detalhadamente os regimes alimentares, com especial foco para o ácido nicotínico e o zinco, através de análises ao sangue e à urina.