Chegaram mais tarde porque foi um ano de pouca chuva, mas estão aí a tempo das festas de São Martinho. O cheiro já se sente por quase toda a cidade, o fumo que se levanta por sobre os carrinhos também já se avista em muitos sítios, o que significa que está oficialmente aberta a época das castanhas, "um alimento riquíssimo e que devemos aproveitar para consumir na sua época", como nos explica a nutricionista Catarina Nunes.
Da sua composição nutricional, destacam-se os hidratos de carbono, com "38,8 gramas por 100 de produto", sobretudo o amido. O cocktail de micronutrientes, aqueles responsáveis por regular várias funções do organismo, também é excelente: "Possui uma quantidade razoável de fibra (6 gramas por 100 gramas)", são "ricas em vitamina C, cobre e magnésio" e, numa quantidade mais pequena, contém ainda folato e potássio.
O que é que tudo isto significa? Quais serão as vantagens no consumo destes alimentos? A nutricionista destaca logo o controlo de apetite, que nasce da junção dos hidratos de carbono com a fibra. "A castanha poderá ser uma boa opção para o aumento da saciedade e controlo do apetite." Sobre os restantes nutrientes, a especialista explica que, embora a sua presença seja positiva (por representarem uma fonte para a sua ingestão), problemas relacionados com a sua carência nem são sempre resolvidos pelo seu consumo.
Ainda assim, adianta que a vitamina C é "antioxidante, desempenha um papel no sistema imunitário e ajuda na absorção de ferro", podendo este fruto conter metade da dose diária recomendada. Já o magnésio, que é um mineral, "previne a anemia e a desmineralização óssea." A falta de folato poderá aumentar "o risco de doenças cardíacas e AVC" e o potássio potencia o "equilíbrio ácido-base."
Com tantas vantagens, significa que podemos comer todas as castanhas do mundo?
Claro que tudo isto é ótimo desde que o consumo de castanhas seja moderado. Nenhum alimento em excesso faz bem. Além disso, tudo o que tem calorias, tem potencial para engordar se o consumo for excessivo – e sobretudo quando o nutriente predominante são os hidratos de carbono, altamente energéticos. Se esta energia não for necessária, aquilo que acontece é que se acumula em forma de gordura.
Uma castanha tem, em média, 15 gramas, segundo o livro "Pesos e Porções de Alimentos". A nutricionista avança que o miolo deste fruto amiláceo tem cerca de 194 calorias por 100 gramas, o que significa que uma unidade terá cerca de 29 calorias.
A versatilidade será uma das melhores características das castanhas. São uma boa escolha para o lanche, mas também funcionam muito bem nas refeições principais. A dose ideal e saudável "depende muito do indivíduo e do seu objetivo", como refere Catarina Nunes. "Os 100 gramas de que falei acima correspondem a cerca de seis a sete castanhas [194 calorias], o que para uns pode ser muito, mas para outros pode ser até pouco."
O que importa é equilibrar as componentes do prato, sobretudo quando se trata de um almoço ou jantar. Se vai incluir castanhas numa refeição, tente reduzir as restantes fontes de hidratos de carbono. "Ou seja, se queremos comer castanhas a acompanhar carne ou peixe, devemos evitar o arroz, a massa ou batata e acompanhar com uma boa dose de hortícolas", considera. Por outro lado, "para quem precisa de aumentar a quantidade deste macronutriente na sua dieta, pode ser interessante adicionar este alimento após a refeição habitual, sem retirar qualquer outro alimento."
Cones de castanhas têm 12 unidades, ou seja, 350 calorias
Destas 350 calorias, 72 gramas correspondem a hidratos de carbono. Assustado? Não há motivo para alarme. Poderá ser excessivo, mas só se for recorrente. "Mesmo se uma pessoa estiver em 'dieta', não será por comer uma vez a dose inteira que irá deixar de ter resultados", diz. Mas ressalva: "No entanto, se gostar de consumir este alimento frequentemente nesta época, aconselho-o a dividir o cone com outra pessoa."
Como diz a especialista, "as pessoas em perda de peso podem comer qualquer alimento desde que terminem o dia em défice calórico." Portanto, é fazer as contas. Mas com calma, porque nenhuma obsessão não há nada de bom.